segunda-feira, 17 de agosto de 2015

ELOGIO A SIGMUND FREUD

Hoje, aleatoriamente me caiu sobre os pés da estante, o primeiro volume da Interpretação dos Sonhos de Freud. Cabe esclarecer que sou um leitor crítico da psicologia profunda. Mas, para mim, particularmente, assim como Nietzsche inaugurou nos oitocentos uma matriz intelectual singular  contra o seu próprio tempo, Freud  definitivamente, representa seu paralelo nos  novecentos.  Impossível pensar o século XX sem Freud ou o século XIX sem Nietsche justamente pela inigualável coragem e violência intelectual destes dois autores frente ao desafio  de afirmar o intelecto como carne alem de toda metafísica do espírito ferindo de morte o dualismo descarteano.

Mas no contexto deste aforisma, me basta deixar aqui um elogio a   afirmação do intelecto contra o mundo, contra o lugar comum da futilidade do agora.

Freud sabia o que fazia, da agressão que dirigia contra os  lugares comuns das coisas pensadas e até então possíveis em sua época.

A  máxima que inaugura a Interpretação dos sonhos diz tudo sobre a sua coragem, sobre a sua ousadia intelectual....  No plano simbólico e mitológico, contra a qual a ideia de inconsciente se insurge, não tememos  revelar  a profundidade obscura de nossa patologia cotidiana...

È preciso descer ao inferno, ao mundo inferior, quando ousamos buscar a fundo o conhecimento do irracional que sustenta nossa racionalidade aparente.

“Numa carta de 30 de janeiro de 1927 a Warner Achelis, Freud escreveu: “ Por fim, uma palavra sobre a sua introdução da máxima  de  A Interpretação dos Sonhos, e  também sobre a interpretação da máxima. Você traduz: ‘Acheronta movebo’ por ‘ mover as cidades da terra’. Mas o significado é de ‘agitar o submundo’. Tomei esta citação de empréstimo a Lassare, em cujo o caso ele tivesse um sentido pessoal e se relacionasse  com classificações pessoais e não psicológicas. No meu caso, meu sentido foi meramente o de enfatizar a parte mais  importante da dinâmica do sonho) agita o submundo. O desejo rejeitado pelas instâncias psíquicas  superiores ( o desejo recalcado do sonho) agita o submundo psíquico ( o inconsciente) para se fazer escutar. O que você pode ver de  ‘prometeico’ nisso?

  • “Se não puder comover os deuses de cima , comovei o Aqueronte’. ( Virgilio, Eneida, Livro II,312) O Arqueronte, um dos rios do Inferno, segundo a mitologia antiga, simboliza os deuses inferiores. ( ver Paulo Ronai  não perca o Seu Latim, 1980, 4 ed., Nova Fronteira.)    

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