Sinceramente, não consigo
acreditar em objetividade, em uma consciência objetiva através da qual as
coisas são apenas coisas. Pois a consciência e vivencias que temos delas é sempre subjetiva
e fantasiosa.
Meu aparelho de telefone celular,
por exemplo, está longe de ser para mim um objeto na medida em que ele se torna
um artifício, um prolongamento de minha própria capacidade de fazer coisas. Não
no sentido de uma maquina industrial,
pois ele também cria novas possibilidades de pensar e agir. Logo, ele se torna parte de
mim enquanto sujeito e inventa, ao mesmo tempo, o próprio ato. Afinal, meu telefone não é um mero
instrumento para fazer ligações. Ele me permite acontecer no mundo através dos
novos protocolos desenhados pela cultura
digital.
Quase não nos damos conta do
enorme impacto das inovações tecnológicas em nossas vidas atualmente, o quanto
elas reinventam a nossa própria condição humana, para o desespero dos mais
conservadores.
Mas, apesar de todas as
resistências, estamos mudando. O modo como codificamos a realidade está se
transformando a ponto de nos darmos conta de que a própria ideia de realidade
não é algo dado ou obvio naturalmente, mas construído. Os critérios a partir
dos quais a realidade é tradicionalmente elaborada pelos nossos cérebros deve
ser questionada , investigada.
Talvez a realidade seja apenas o
sonho dos nossos corpos, do nosso cérebro...
Talvez, em algum momento,
tenhamos de reaprender a existir.