quinta-feira, 23 de julho de 2015

O PESADELO DE DESCARTES

A duvida de Descartes é pura metafisica...pois termina na afirmação do dualismo mente e corpo através da recusa da matéria. Somos mais complexos na arte de questionar do que a afirmação da duvida como falsa incerteza...
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Duvidar não é necessariamente questionar.
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O pensamento não é real. Mas só se realiza como um ato linguístico. O mundo é um exercício gramatical...



E O FUTURO BRILHOU NESTE INSTANTE COMO UM RELÂMPAGO

Na medida em que se aprofunda nosso conhecimento e imaginação do universo vamos perdendo nosso lugar neste mundo que significa qualquer coisa menor que nada diante do desmedido de tudo aquilo que existe e pouco ainda azemos ideias. O mundo vai deixando de ser nosso cruel limite e nos sonhamos  perdidos e absortos em meio ao desmedido absurdo que é o universo frente tudo aquilo que até hoje nos foi possível conceber.

Evidentemente, faço aqui especulações ... Mas se um dia parecíamos condenados aos limites do planeta terra, colocamos em risco todas as falsas certezas passeando na lua e descobrindo a terra como um pequeno ponto azul no indomável de uma galáxia.

Talvez o espaço seja tão vasto que não conheça fronteiras entre o micro e o macro e de  nossas noções de realidade. Talvez nada do que até agora foi pensado dê conta do que pode nos dizer a matéria escura...

Nada é o que soubemos e o que saberemos ainda é uma aventura. Mas  parece que se aproxima a hora da humanidade superar sua infância...


Estamos próximos do inicio da transfiguração de todos os valores.

INDIVIDUALISMO E CIVILIZAÇÃO

O que definitivamente faz um animal humanoide ascender à condição de um indivíduo humano? Afinal, a humanidade não é um dado natural. Tornar-se humano é uma questão complexa, uma construção configurada pelas possibilidades e limites de cada cultura e também pela superação dos seus padrões e normas.

No ocidente, o reconhecimento deste status, pode ser associado, portanto, a capacidade maior ou menor de cada pessoa inventar-se enquanto um individuo psicológico que se desloca do lugar comum do grupo em que se inscreve.

O peso de carregar a si mesmo é o que nos caracteriza como humanos. Somos tudo aquilo que conseguimos fazer diferente dos outros  com os recursos fornecidos por nossas matrizes culturais.

Inventar-se humano significa  essencialmente contrariar o rebanho...


A VIDA SECRETA DAS IDEIAS E CONVICÇÕES OU CONTRA DESCARTES

Vivemos um pouco de tudo aquilo no que não acreditamos. É impossível não assumir a recusa de certas ideias como um modo negativo de vivencia-las como palavras e conceitos que indiretamente afetam nossas convicções pessoais. Estar em oposição é um modo de participar da vida dos enunciados que recusamos.

Fico me perguntando, as vezes, se somos nós que vivemos determinadas ideias ou se são elas que vivem através da gente como um complexo autônomo de significações de mundo e codificação da realidade.

Afinal, na maioria das vezes, replicamos pensamentos que existem independente de nossa adesão pessoal. A impessoalidade das ideias talvez prove que há uma autonomia do pensamento que extrapola a subjetividade ou o modo como particularmente é vivenciada por cada um de seus adeptos.


Ideias tem vida própria? Tudo que sei é que pensar não prova que existo, que não existem ideias inatas e a introspecção racional é uma grosseira falácia.  Descartes não passou de um dualista metafisico incapaz de superar o Cristianismo...

quarta-feira, 22 de julho de 2015

O ESPAÇO: A FRONTEIRA FINAL.

Hoje, como nunca antes pareceu possível, o futuro da humanidade se desloca das permanências de nossas referencias geocêntricas de mundo e do patrimônio cultural representado pela  tradição ocidental e da própria ideia de civilização.

Sonhamos hoje a possibilidade de explorar concretamente o universo e  escrever nossa marca nele, fugir aos limites de realidade de nosso planeta azul.

Tudo que até agora foi pensado sobre a vida deve ser questionado. Nosso horizonte agora é o indeterminado da escuridão do espaço.


Um dia a terra e o céu não significarão nada além de uma tosca lembrança de um passado distante da imaginação humana.

FALSA BIOGRAFIA


Entre as pessoas imperam
Tantos silêncios,
Tantas palavras,
Que já não sabemos o que cabe dizer
Um ao outro no além das aparências
Do medíocre jogo social.
Somos todos apenas indivíduos
Em provisórias versões de si mesmo.
Somos o movimento de um acontecimento biológico
Que não faz sentido e nem realiza propósitos.
Viver é transitar pelo labirinto
Que nos foi imposto

Por um aleatório exercício de simples biologia.

QUESTIONE


Não sou destes que cortejam a vil beleza de uma delicada certeza.
Não me satisfaço com respostas que não me conduzam a uma nova pergunta.
Pois sei que a condição humana é um estado de constante inquietude diante de todas as coisas, uma agonia, um inacabamento, e um processo de desconstruções e reinvenções, que sempre nos conduz a um ponto diferente da duvida e da vertigem de saber sempre mais do que aquilo que ontem nos parecia certo e seguro.


ESPECULAÇÕES ABSTRATAS SOBRE O FUTURO

Uma questão que considero hoje surpreendentemente relevante é a falência das representações arquetípicas do feminino e do masculino enquanto imagens da psique.

Pondero que nossas vivencias simbólicas partem de representações de mundo inspiradas em formatações arcaicas que pressupõem uma imagem geocêntrica de mundo que se encontram cada vez mais em descompasso com nossas representações contemporâneas da realidade. Refiro-me a associação entre a terra ou a lua ao feminino, tanto quanto do sol ou o raio ao masculino.

Em outras palavras, a ideia de um universo misterioso e complexo vem se justapondo as nossas configurações dualistas tradicionais de realidade inspiradas pela tradição mitologica. Mesmo que de modo ainda sutil, as imagens de um universo infinito que ultrapassa tudo aquilo que até hoje concebemos como realidade  na província de nosso planeta azul, atiça as imaginações mais aguçadas.

O que, afinal, ainda pode ser dito sobre a realidade quando nossas tradições e certezas mais arraigadas começam a ser desafiadas pela intuição do desconhecido? Seja o que for, talvez já não caiba mais no jogo dialético da complementação e tensão entre polaridades opostas.

Se é possível uma nova configuração simbólica de mundo, apenas o futuro pode nos dizer. Mas me parece razoável apostar que os binários tendem a perder força dando lugar a diversidade ao múltiplo e ao diverso que imploda definitivamente qualquer fantasia de um cosmos ordenado.

Evidentemente tudo que posso aqui dizer sobre o assunto não passa de precipitada especulação.

      

A ILUSÃO DA INTERIORIDADE

Dentro de mim
Guardo vários silêncios ,
Algumas angustias e sonhos.

Guardo onde não sei espaços,
Onde já não sou,
Em meus íntimos deslocamentos
E vazios improvisados.

Dentro de mim
Guardo ardentes lembranças

De um dia que nunca foi.

terça-feira, 21 de julho de 2015

HIPÓTESE


Entre o viver e o querer
Inventa-se um sonho,
Uma fantasia,
Na redescoberta da incerteza
Como princípio da realidade.

Em meio ao cotidiano delírio
De nossos dias banais
Abraçamos o impossível
Como precária meta
De simulacro e verdade.
E inventamos o improvável

Como uma hipótese...