Vivemos em uma cultura onde somos
encorajados a fazer de nossa própria individualidade uma artifício para agradar
aos outros. Então, apresentar-se de forma a atender as convenções de beleza,
dizer e fazer aquilo que esperam de você, ter aprovação social, é visto como
algo mais importante do que o aprendizado de sua própria singularidade Já que
isso lhe aproxima mais dos loucos e dos desajustados do que aqueles
considerados bem sucedidos.
É preciso ter uma vida “apresentável”,
mesmo que isso signifique recorrer a uma boa dose de hipocrisia ou deixar-se perder em meio as contradições
entre atender as exigências coletivas e viver de acordo com seus impulsos
irracionais.
É obvio que se trata aqui de um falso dilema. As
pessoas apenas não são capazes de pensar, de viver de acordo com suas
contradições, com suas fraquezas, limites e angustias, quando isso é tudo
aquilo que realmente as define. Preferem
ao contrario existir no artifício da aparência, no culto ao corpo, a saúde e a
uma suposta qualidade de vida que traduz a estúpida ilusão da possibilidade de
uma vida que supera suas próprias deficiências.
Ma a verdade é que nada pode nos
salvar daquele caos que nos agita a confusão de vontades e nos faz “feios” aos
olhos dos mais elevados ideais sociais. Uma vida real nunca será perfeita,
nunca será livre de imperfeições e angustias.
Nunca viveremos em um comercial
de TV, felizes , satisfeitos e bem ajustados.
A busca da construção da própria individualidade é uma meta
que, na contramão dos valores estabelecidos, exige o esforço de abrir mão de
corresponder as artificiais exigências de uma vida “bem sucedida” e socialmente
apresentável.