domingo, 3 de maio de 2015

SOBRE INDIVIDUALIDADE E CONVENÇÕES SOCIAIS

Vivemos em uma cultura onde somos encorajados a fazer de nossa própria individualidade uma artifício para agradar aos outros. Então, apresentar-se de forma a atender as convenções de beleza, dizer e fazer aquilo que esperam de você, ter aprovação social, é visto como algo mais importante do que o aprendizado de sua própria singularidade Já que isso lhe aproxima mais dos loucos e dos desajustados do que aqueles considerados bem sucedidos.

É preciso ter uma vida “apresentável”, mesmo que isso signifique recorrer a uma boa dose de hipocrisia  ou deixar-se perder em meio as contradições entre atender as exigências coletivas e viver de acordo com seus impulsos irracionais.

É obvio  que se trata aqui de um falso dilema. As pessoas apenas não são capazes de pensar, de viver de acordo com suas contradições, com suas fraquezas, limites e angustias, quando isso é tudo aquilo que realmente as define.  Preferem ao contrario existir no artifício da aparência, no culto ao corpo, a saúde e a uma suposta qualidade de vida que traduz a estúpida ilusão da possibilidade de uma vida que supera suas próprias deficiências.

Ma a verdade é que nada pode nos salvar daquele caos que nos agita a confusão de vontades e nos faz “feios” aos olhos dos mais elevados ideais sociais. Uma vida real nunca será perfeita, nunca será livre de imperfeições e angustias.

Nunca viveremos em um comercial de TV, felizes , satisfeitos e bem ajustados.

A busca da construção da própria individualidade é uma meta que, na contramão dos valores estabelecidos, exige o esforço de abrir mão de corresponder as artificiais exigências de uma vida “bem sucedida” e socialmente apresentável.


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