segunda-feira, 4 de maio de 2015

PREGUIÇA MATINAL

Era hora de sair da cama, seguir pelo labirinto de mais um dia cumprindo rotinas vazias. Meu corpo resistia bravamente a tal imperativo dos fatos. Sentia-me dominado pela preguiça dos desesperançados.  Queria voltar ao vazio dos sonhos, aos silêncios da vida, pois nada mais daquele acontecer sem rumo me parecia digno de manutenção.  Tinha vontade de parar a vida por um tempo, viver qualquer forma de desaparecimento. Mas a realidade, como de costume, estava contra mim. A sobrevivência estupida me impunha aquela rotina de horas de trabalho inútil, de convívio social absurdo e sem conteúdo.


Apesar disso tudo, continuava deitado ignorando o relógio. Fazia de conta  que o  tempo havia parado, que não tinha compromissos, obrigações  e tédios.  Tentava apagar meu rosto e , simplesmente, voltar a dormir e me enterrar  na minha elementar solidão.

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