quinta-feira, 11 de abril de 2013

CAOS COTIDIANO

O dia embaralhado
Em fatos extravagantes
Sobre o sol de verão
Estremece as horas
E escurece o tempo.


Já não me sinto
Dentro da vida
Que passa apreçada
Pela avenida central
No tumulto de carros,
Pessoas e prédios.
Não me sinto
Em parte alguma,
Se quer em mim mesmo.


Tudo é desencontro,
Dissonância...
Vazio que cresce
No franco tumulto
Das imaginações de mundo.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O MEIO DO CAMINHO

Durante toda a existência estive distante de mim mesmo a procura do meio do caminho. Vivi de errâncias, de ausências, memórias encardidas e restos de realidade em busca... do meio do caminho.
Sempre distante e tão perto, tão abstrato e tão concreto; incapaz de qualquer realidade em todos os casos e possibilidades. Quando mais buscado, mais etéreo e ausente do próprio caminho.
 Afinal, o que é o meio do caminho?

JOGOS

Não importa a pericia no domínio das regras.
Qualquer jogo transcende seus jogadores.
Quando jogamos nos fazemos voluntários prisioneiros
De uma lógica incerta e objetiva,
Nos rendemos a ilusão de um provisório proposito pragmático
Que nos limita as possibilidades,

que nos impõe escolhas
Em sua simples teleologia.


O jogo nos diz o que fazer na medida em que jogamos,
Em que nos perdemos em sua teia simbólica....
A própria vida é um jogo perdido.

domingo, 7 de abril de 2013

AFORISMA SOBRE O LIVRE ARBITRIO




As pessoas estão sempre procurando respostas. Mas raramente fazem as perguntas certas. Se quer percebem que a existência não é feita de escolhas, MS de múltiplas escolhas, onde todas as opções já estão dadas como parte do jogo.

sábado, 6 de abril de 2013

BAUDRILLARD: CITAÇÃO SOBRE OS FATOS

“Os fatos não tem que ser verdadeiros. Que o mundo seja  tal ou qual, que tenha ou não caído sob o golpe da simulação, isso não muda em nada a análise. O fato “real” é essencial a imaginação teórica- e em seguida é sem importância.De qualquer forma,  a verdade só pode ocorrer num espaço teórico, e em nenhum espaço teórico existe comprovação possível.”

Jean Baudrillard in COOL MEMORIES III
Fragmentos 1991-1995

sexta-feira, 5 de abril de 2013

FALTA

Sinto falta
De qualquer imagem viva
De existência, carne
E afeto,
Falta de me dar
As mãos,
De abrigar pensamentos soltos
Em meu próprio e gasto rosto
Que provisoriamente
Sobrevive ao tempo.
Sinto falta
De não estar tão perdido,
Tão incerto de mim mesmo
Através do espelho...


INDIVIDUALIDADE E IMAGINAÇÃO



A vida transcrita em minhas imaginações, em um arcabouço intimo de imagens impessoais e irracionais, que configuram o sentido e o significado da minha existência, é o que considero o mais elementar não lugar de todas as coisas que sou.
É em minhas imaginações que a vida acontece mais intensamente, é onde todas as pessoas e acontecimentos se transformam em virtuais metáforas de minha personalidade.
Embora fluido e descontinuo esse aparentemente caótico caleidoscópio de imagens que me sustentam o rosto, guardam o mais essencial de tudo que fui, sou ou serei como individuo. Ele diz meu próprio e abstrato rosto diante de um mundo do qual cada vez mais me aparto.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

PESSOAS NÃO EXISTEM


Pessoas não existem.
Apenas indivíduos existem
Em polimorfo exercício
De estar entre as coisas
Em constante movimento
De tempo e espaço.


Repito:
PESSOAS NÃO EXISTEM.
SOMOS TODOS COISAS
QUE SENTEM.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

SEM PERSPECTIVA

Embaralham-se destinos em minhas ausências e descaminhos, enquanto as opções possíveis se dissolvem sem rumo em um labirinto de fatos entre acasos, tempos e espaços.

Já não planejo ou penso qualquer amanhã. Não me preocupo com futuros, metas ou objetivos. Apenas me interessa permanecer vivo, apesar de todas as incertezas e insatisfações cotidianas.

Em outros termos: basta-me continuar avançando, sem vacilar, do nada ao nada, através do obscuro de cada dia vivido sem qualquer horizonte ou expectativa.

Afinal, já não tenho mais idade para chegar a qualquer lugar, semear sonhos ou esperanças.

Já sou suficientemente adulto para não buscar seguranças emocionais ou financeiras;  infantil demais para assumir compromissos ou o peso de obrigações.

Felicidade,  sei que não existe, e, caso existisse,  já não seria o bastante para findar meus desassossegos...

URGENCIA, VONTADE, IMPOTÊNCIA

Há dias em que despertamos ausentes de nos mesmos, deixamos sonolentos os lençóis e a cama melindrados e duvidosos da real necessidade do ato, aceitando o agir mecânico e automático da imposição do fato,  contra os impulsos da simples  vontade. 
Então, nos surpreendemos como um mero objeto de osso e carne, como uma animada coisa entre outras coisas, que meramente cumpre suas funções no formalismo de opacas rotinas que absolutamente não levam as ultimas consequências qualquer vida humana.
Agrava tal experiência a triste constatação de que nossa expectativa de vida normalmente não ultrapassa a aventura de algumas ralas décadas de existência das quais, a maior parte do tempo, passamos desocupados de nós mesmos, entretidos com os imperativos objetivos da mera sobrevivência formal.
Três palavras são suficientes para expressar meus sentimentos referentes à vivência aqui exposta:

URGÊNCIA.... é tudo que me vem a cabeça quando penso nisso, uma urgência selvagem e impulsiva, quase ilegível.
VONTADE... é tudo em que me vejo contido  em discreto desespero entre as grades do cotidiano.
IMPOTÊNCIA... é tudo  que sinto  quando percebo o quanto tudo na vida é efêmero e passageiro e, entretanto, não somos capazes de transcender as meras circunstâncias.