segunda-feira, 8 de abril de 2013

O MEIO DO CAMINHO

Durante toda a existência estive distante de mim mesmo a procura do meio do caminho. Vivi de errâncias, de ausências, memórias encardidas e restos de realidade em busca... do meio do caminho.
Sempre distante e tão perto, tão abstrato e tão concreto; incapaz de qualquer realidade em todos os casos e possibilidades. Quando mais buscado, mais etéreo e ausente do próprio caminho.
 Afinal, o que é o meio do caminho?

JOGOS

Não importa a pericia no domínio das regras.
Qualquer jogo transcende seus jogadores.
Quando jogamos nos fazemos voluntários prisioneiros
De uma lógica incerta e objetiva,
Nos rendemos a ilusão de um provisório proposito pragmático
Que nos limita as possibilidades,

que nos impõe escolhas
Em sua simples teleologia.


O jogo nos diz o que fazer na medida em que jogamos,
Em que nos perdemos em sua teia simbólica....
A própria vida é um jogo perdido.

domingo, 7 de abril de 2013

AFORISMA SOBRE O LIVRE ARBITRIO




As pessoas estão sempre procurando respostas. Mas raramente fazem as perguntas certas. Se quer percebem que a existência não é feita de escolhas, MS de múltiplas escolhas, onde todas as opções já estão dadas como parte do jogo.

sábado, 6 de abril de 2013

BAUDRILLARD: CITAÇÃO SOBRE OS FATOS

“Os fatos não tem que ser verdadeiros. Que o mundo seja  tal ou qual, que tenha ou não caído sob o golpe da simulação, isso não muda em nada a análise. O fato “real” é essencial a imaginação teórica- e em seguida é sem importância.De qualquer forma,  a verdade só pode ocorrer num espaço teórico, e em nenhum espaço teórico existe comprovação possível.”

Jean Baudrillard in COOL MEMORIES III
Fragmentos 1991-1995

sexta-feira, 5 de abril de 2013

FALTA

Sinto falta
De qualquer imagem viva
De existência, carne
E afeto,
Falta de me dar
As mãos,
De abrigar pensamentos soltos
Em meu próprio e gasto rosto
Que provisoriamente
Sobrevive ao tempo.
Sinto falta
De não estar tão perdido,
Tão incerto de mim mesmo
Através do espelho...


INDIVIDUALIDADE E IMAGINAÇÃO



A vida transcrita em minhas imaginações, em um arcabouço intimo de imagens impessoais e irracionais, que configuram o sentido e o significado da minha existência, é o que considero o mais elementar não lugar de todas as coisas que sou.
É em minhas imaginações que a vida acontece mais intensamente, é onde todas as pessoas e acontecimentos se transformam em virtuais metáforas de minha personalidade.
Embora fluido e descontinuo esse aparentemente caótico caleidoscópio de imagens que me sustentam o rosto, guardam o mais essencial de tudo que fui, sou ou serei como individuo. Ele diz meu próprio e abstrato rosto diante de um mundo do qual cada vez mais me aparto.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

PESSOAS NÃO EXISTEM


Pessoas não existem.
Apenas indivíduos existem
Em polimorfo exercício
De estar entre as coisas
Em constante movimento
De tempo e espaço.


Repito:
PESSOAS NÃO EXISTEM.
SOMOS TODOS COISAS
QUE SENTEM.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

SEM PERSPECTIVA

Embaralham-se destinos em minhas ausências e descaminhos, enquanto as opções possíveis se dissolvem sem rumo em um labirinto de fatos entre acasos, tempos e espaços.

Já não planejo ou penso qualquer amanhã. Não me preocupo com futuros, metas ou objetivos. Apenas me interessa permanecer vivo, apesar de todas as incertezas e insatisfações cotidianas.

Em outros termos: basta-me continuar avançando, sem vacilar, do nada ao nada, através do obscuro de cada dia vivido sem qualquer horizonte ou expectativa.

Afinal, já não tenho mais idade para chegar a qualquer lugar, semear sonhos ou esperanças.

Já sou suficientemente adulto para não buscar seguranças emocionais ou financeiras;  infantil demais para assumir compromissos ou o peso de obrigações.

Felicidade,  sei que não existe, e, caso existisse,  já não seria o bastante para findar meus desassossegos...

URGENCIA, VONTADE, IMPOTÊNCIA

Há dias em que despertamos ausentes de nos mesmos, deixamos sonolentos os lençóis e a cama melindrados e duvidosos da real necessidade do ato, aceitando o agir mecânico e automático da imposição do fato,  contra os impulsos da simples  vontade. 
Então, nos surpreendemos como um mero objeto de osso e carne, como uma animada coisa entre outras coisas, que meramente cumpre suas funções no formalismo de opacas rotinas que absolutamente não levam as ultimas consequências qualquer vida humana.
Agrava tal experiência a triste constatação de que nossa expectativa de vida normalmente não ultrapassa a aventura de algumas ralas décadas de existência das quais, a maior parte do tempo, passamos desocupados de nós mesmos, entretidos com os imperativos objetivos da mera sobrevivência formal.
Três palavras são suficientes para expressar meus sentimentos referentes à vivência aqui exposta:

URGÊNCIA.... é tudo que me vem a cabeça quando penso nisso, uma urgência selvagem e impulsiva, quase ilegível.
VONTADE... é tudo em que me vejo contido  em discreto desespero entre as grades do cotidiano.
IMPOTÊNCIA... é tudo  que sinto  quando percebo o quanto tudo na vida é efêmero e passageiro e, entretanto, não somos capazes de transcender as meras circunstâncias.

sábado, 30 de março de 2013

ANOTAÇÕES LIVRES SOBRE O NÃO SENTIDO



“Uma mulher só é bonita se estiver nua por baixo de suas roupas.Um pensamento só é bonito se estiver nu por baixo da linguagem. Isto é, violento. Cada frase deve ser a faísca de uma vontade de poder.”

“A Regência dos Instintos e a Agonia dos Afetos.”

“A ordem social nos ensina a calar, mas não nos ensina o silêncio.”

 JEAN BAUDRILLARD in  COOL MEMORIES IV



A vida não é mais um fato seguro. É um fluxo de interpretações continuas e diversas de atos que quase não existem, que quase escapam através do virtual de suas tantas possibilidades. Os atos já não vestem sentimentos, nem intenções claras, já não cabem nas armadilhas dos lugares comuns da consciência ou se curvam as ilusões do coração.

De repente estamos todos nus ao céu aberto das duvidas e indefinições. Nossas certezas murcham como flores expostas ao calor do sol. Aprendemos em tudo que vivemos a gramática do ilegível, do nonsense...

Estamos sempre a um passo do acabamento de qualquer interpretação, estamos sempre vazios, famintos, sedentos e desesperadamente ausentes  e urgentes de nós mesmos. O tempo passa  por nossas provisórias existências em silêncio . E sempre estamos a um passo da conclusão. Tudo permanece em uma agonia aberta.