segunda-feira, 4 de março de 2013

IMPRECISÃO LÚDICA


Quantas vezes nos buscamos na liberdade lúdica dos fatos?


Nenhuma alegria povoa os dias sem um bom sopro de irresponsabilidade lúdica.

Precisamos sempre estar acertando contas com as formalidades e pragmatismos do dia a dia, despidos, mesmo que provisoriamente, de nossas coerências, comprometimentos e sociabilidades.

De que outra forma suportaríamos ser quem somos?

Todos precisamos de uma fuga, de algumas horas de evasão, que nos lembrem que nunca somos demasiadamente quem realmente somos...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

DITADO NÃO POPULAR



Quando seu dia correr contra sua existência.
Apenas viva,
Fora das coisas
E sem justificativas...

CONVICÇÃO TRÁGICA

As indisposições da realidade a minha pessoa quase me tiram do sério.

Estou sempre à espera do pior de cada dia, sofrendo, como nenhum outro, com a má vontade dos fatos.

Quase nunca as coisas acontecem a meu favor, como se o destino fosse o constante somatório de situações e fatos que me perseguem na contramão.

Melhor seria nada esperar de nada para que nada espere por mim no acumulo dos dias.

Mas admito: Eu espero o pior; O mais pragmático e trágico pior das coisas possíveis.

É uma escolha para qual fui feito, o amargo reconhecimento de uma tendência natural da procissão de acasos e descaminhos que me definem desde sempre a existência.

A fatalidade é meu único destino. Vivo a objetividade em estado bruto , sem ilusões de subjetivismos.

Afinal, já não cabem sujeitos no mundo.

Talvez nem exista mais um mundo...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O MITO DA FELICIDADE PERDIDA

Poucas vezes na vida temos a oportunidade de surpreender algum encanto de realidade que nos ofereça um bom sentimento de existência ou a confortável ilusão de uma felicidade qualquer.

Mas provar, mesmo que uma única vez, a existência com “intensa significância” é uma exigência da aventura humana. Precisamos cultivar boas lembranças, saber que em algum momento de nossas miseras vidas fomos felizes. Não importa o quão fútil seja a motivação de tal encanto ou sua perenidade.

O ironicamente relevante é observar que tal "encantamento" não se dá em função de qualquer qualidade objetiva dos fatos aos quais atribuímos esse significado mágico, normalmente eles não passam de mera banalidade. Sua numinosidade provém de idealizações ou projeções irracionais.

Poder-se-ia aqui falar de uma espécie de mito da felicidade perdida que carregamos dentro de nós mesmos a espera de um receptáculo qualquer.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

TRAVESSURA



Quero ser ninguem

E viver de nada.


Ser além do agora

Na imaginação

De um brinquedo,
inventar minha própria sorte.


Quero pular o muro,

Pisar nas flores

Do jardim vizinho,

Quebrar a janela

Da casa ao lado

Sem pensar no dia seguinte.

quero querer qualquer coisa
sem ter que negociar com o medo.


DICIONÁRIO PESSOAL. VERBETE: REALIDADE



A realidade não é o que vivemos, mas o que não vivemos. A realidade não é um dado, é uma hipótese, uma equação sem resposta transvestida em labirinto, sonho e paradoxo.
Estamos acostumados a pensar em termos binários, quando todo pensamento é a diversidade elevada a condição de consciência das coisas. Algo profundamente indeterminado...
Penso, logo não sou....

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

PERDER A SI MESMO




Sei que no fundo

minhas vontades

são mansas,

fracas e deliberadas

tanto quanto

são mancas

minhas realidades.

Tenho andado em circulos

em torno de mim mesmo,

embriagando futuros

e despindo certezas

para beijar

a nudez

de suas ilusões

mais intimas.

Quase não existo

no constante estado provisório

de mim mesmo.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

O ANDAR DO BÊBADO: COMO O ACASOB DETERMINA AS NOSSAS VIDAS

O ANDAR DO BEBADO: COMO O ACASO DETERMINA AS NOSSAS VIDAS do fisico Leonard Mlodinow é um livro realmente fascinante que nos ajuda a repensar o mundo através da aleatoridade e da probabilidade, esse campo do conhecimento cientifico tão apartado do senso comum.
normalmente somos guiados por uma noção tosca de causa e efeito que inspira certa imagem determinista da vida que nos limita a uma codificação pobre da realidade.
mesmo quando identificamos o lugar do acaso em seus passos bebados nas definições de nossas vidas, tendemos a pensa-lo como fatalidade ou destino.
Contra essa vocação determinista de nossa cultura o autor afirma:
"Há muitas razões pelas quais o determinismo se mostra incapaz de satisfazer as condições de presibilidade nas questões humanas às quais aludiu Laplace. Em primeiro lugar, até onde sabemos, a sociedade não é governada por leis definidas e fundamentais, como a física. Na verdade, além de ser imprevisível o comportamento humano é frequentemente irracional ( no sentido de que agimos de modo contrário aos nossos interesses), como demonstrado repetivamente por Kahnerman e e Tversky.. Em segundo, mesmo que conseguissemos descobrir as leis dos assuntos humanos, como tentou Quételet, é impossível conhecermos ou controlarmos precisamente as circunstancias de nossas vidas,Ou seja, como Lorenz, não conseguimos obter os dados precisos de que precisamos para fazer previsões. Por fim, nossas questões são tão complexas que, mesmo que compreendessemos as leis e possuissimos todas as informações, dificilmente conseguiriamos realizar os cálculos necessários. Por isso, o determinismo é um modelo fraco para descrever a experiencia humana. Como escreveu o Prêmio Nobel B Max Born,"o acaso é um conceito msis fundamental do que a causalidade."
No estudo científico dos processos aleatórios, o andar do bêbado é o arquetipo. Esse modelo também se adapta bem às nossas vidas,pois, como ocorre com os grãos de polen que flutuam no no fluido browniano, os eventos aleatórios nos empurram continuamente numa direção e depois em outra. Dessa forma, embora posssamos encontrar regularidades estatisticas em dados sociais, o futuro de cada indivíduo é impossível de prever, e no que diz respeito a nossas conquistas particulares, empregos, amigos ou finanças todos devemos muito mais ao acaso do que somos capazes de perceber. Nas próximas páginas, vou argumentar ainda que, em todos os empreendimentos da vida real, a não ser pelos mais simples, não temos como evitar certs forças inesperadas ou imprevisíveis; além disso, essas forças aleatórias e nossas reações a elas são responsáveis por muito do que constitui o trajeto particular que seguimos na vida."
Mlodinow,Leonard. O andar do Bêbado: Como o acaso determina nossas vidas;tradução de Diego Alfaro; ERJ: Zahar , 2009; pg. 206-207

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

ALEATORIEDADE VIVDA

Compreendo tão precariamente o que faço, que entendo aleatório, sem um padrão identificável, a coleção de atos que me define nos dias.


Praticamente, quanto mais faço, menos existo, mais me rendo ao improvável do meu perecível existir, a esse espelho de vida ao qual não sobreviverei se quer como vestígio. Pois intencionalidade alguma parece vir de encontro aos meus propósitos acariciar meus acertos frustrados.


Tudo é tumultuado silêncio...


Quase nada vale a pena...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

ISOLAMENTO



Deixei-me esquecer
Um pouco

No fundo
De lugar nenhum
Entre o vazio
De todas as coisas
Para reaprender
Meus limites.
Permaneci
No sem tempo
Daquele canto
Por uma eternidade
Inteira
Reinventando
Meus estranhamentos
De mundo
E meus assombros
De existência e riscos...