quarta-feira, 5 de outubro de 2011

AFORISMAS SOBRE A POÉTICA PÓS MODERNA

A verdade de uma palavra é a própria palavra
Como signo e ato de pensamento.
Seu significado é meramente gramatico.
Tudo o mais decorre disto.
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Diante de uma frase que não faz sentido nos deparamos simultaneamente com uma “revelação” e u um “ocultamento”. Brincamos com a própria ideia de verdade.
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Ampliar o uso de uma palavra para além de seus significados correntes é a mais cara tarefa  a qual pode se dedicar um indivíduo.
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A narrativa poética deve estruturar-se como a paródia de  um enigma de esfinge.
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A poesia é a uma forma de transgressão linguística. 

NOVÍSSIMA POESIA

A poesia é o cálculo da imaginação,
O lugar onde as palavras
Libertam-se  da pragmática dos atos linguísticos
E os signos equivalem-se aos símbolos
No eclipse de nossa capacidade
De pensar  e dizer
Por intermédio de um eu
Projetado em mundo...
A poesia deve reinventar-se hoje
Como anti humanismo.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

UM FRAGMENTO DE C. SANDRERS PIERCE

“Toda sensação, por definição, é essencialmente ativa (...) A única maneira de aprender uma força é através de algo semelhante tentando opor-se-lhe. Que fazemos algo parecido mostra-se pelo choque que recebemos com uma experiência inesperada. É a inercia da mente quem tende a permanecer no mesmo estado(...)”

Sanders Pierce in FENOMENOLOGIA

Renaissance "Island"

A INVENÇÃO DA REALIDADE

Quando as certezas falham
As dúvidas
Nos esclarecem
A realidade
De um modo mais simples.
É quando vislumbramos
A estranha arte
De sermos surpreendidos
De ponta cabeça
Reinventando as coisas
Nos vislumbres dos acasos
De cada momento em estrada aberta....

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

NOTA SOBRE MAD MEN: INVENTANDO A VERDADE


Considerada a sucessora natural da aclamada serie FAMILIA SOPRANO, MAD MEN é mais do que uma releitura acida do cenário sociocultural da New York do inicio dos anos 60. Como sugerido pelo seu subtítulo, “Inventando a verdade”, trata-se antes de tudo de uma sutil alegoria do novo status da cultura em uma  sociedade pós industrial através do universo da propaganda e de seus profissionais em uma época em que a novidade estava na pauta do dia.

Em seu surpreendente GUIA NÂO OFICIAL  DE MADMEN, OS REIS DA MADISON AVENUE  Jesse McLean nos oferece algumas chaves interessantes para uma leitura mais profunda deste drama televisivo que dá sentido a celebre frase de Gregory House “Menos leitura e mais televisão”.

Pensando na estrada até agora ( referencia gratuita a SUPERNATURAL) segue um pequeno fragmento da obra aqui citada:

À ESTRADA  PERCORRIDA  E A ESTRADA POR VIR

“Mathew Weiner atravessou uma longa e sinuosa estrada até alcançar o sucesso com seu projeto de estimação. Através do prisma das aventuras do independente e solitário Don Draper no mundo  da publicidade dos anos 1960 em Nova York, o roteirista permite à audiência  enxergar as  várias  facetas da cultura norte americana,que vivenciou uma transformação devastadora naquela época em excitante, das politicas de gênero e primeiras fendas no chamado “teto de vidro” à politica presidencial durante as campanhas Kennedy e Nixon. Nessa mesma  época, a psicanálise era aceita pelo grande público e o movimento pelos direitos civis alterava as noções de raa de modo revolucionário. Além disso, uma crescente consciência social mudou o papel da juventude americana na sociedade, e a própria publicidade passou por uma alteração cataclísmica, assim como a cultura como um todo.
Mad Men fornece um coquetel espumante de roteiros formidáveis, com figurino e cenografia inebriantes, polvilhando com uma doce ironia que ajuda a compreender tanto o passado distante quanto o mundo atual.”

Jesse McLean. O guia não oficial de Mad men, tradução de  Patricia Azevedo, RJ: BestSeller, 2011, p.25

Como sugere aqui a autora, mais do que um exercício de imaginação “histórica” a série em questão nos permite pensar o tempo presente, igualmente marcado por transformações e angustias novas sem qualquer precedente passado....

Definitivamente é hora de assistir mais TV....

domingo, 25 de setembro de 2011

SÉRIES DE TV E IMAGINÁRIO CONTEMPORÂNEO

Segundo Ernest Cassirer em seu clássico ENSAIO SOBRE O HOMEM,  o homem é um Animal symbollicum. De fato, é através de signos, imagens e símbolos, que codificamos e inventamos a condição humana. Logo, uma das chaves para compreensão da paisagem cultural contemporânea é o fato inédito da dessacralização de todo patrimônio simbólico cristalizado nos últimos séculos, a desconstrução do sagrado e de toda modalidade de metafísica como premissa de nossas representações do mundo e da vida.

Um bom exemplo disso é o grau de complexidade simbólica e imagética alcançado por certas expressões da mídia televisiva nesse inicio de século. Algumas séries de TV apresentam  hoje um conteúdo imagético reflexivo muito mais rico do que qualquer possível tratado de filosofia.

Penso particularmente  na série SUPERNATURAL dirigida por Jensen Ackles e que em suas ultimas temporadas  propôs uma reinvenção fecunda do mito judaico cristão de uma perspectiva humanista , cuja a relevância é normalmente subestimada. Poder-se-ia falar ainda, em uma proposta diferente da desconstrução do clássico dualismo bem X mal, através de séries protaconizadas por anti heróis como House ou Dexter. Isso para não falar no amoral e ácido drama de MadMen e seu questionamento da própria ideia de verdade e significado da existência.

Em breves palavras, o imaginário ocidental  nunca foi tão fecundo na reviravolta de todos os valores. Tal possibilidade se materializa em fenômenos simples e midiáticos como o universo das séries de TV.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

MY TIME

Tenho a vida
Que preciso
Entre as coisas
Que constantemente
Me surpreendem
No acontecer
Do mero espaço tempo...

Tenho tudo aquilo
Que não procuro
Me redescobrindo a cada segundo
De pensamento e ato sem rumo...

NEWS


Nada é surpreendente
Ou suficiente
Quando exploramos
A vida
No explodir
De cada amanhã.

Nada é tão profundo
Quanto respirar
Uma estrada aberta
Na novidade de um dia de sol
Indiferente
As páginas abertas
Do jornal matinal...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

DIALETICA DO ENVELHECIMENTO

Depois de certa idade o tempo parece se encolher e o leque de possibilidades que definem o acontecer biográfico estreita seu ângulo. É justamente quando descobrimos o que nos é definitivo e essencial nas paisagens da existência, quando confrontamos nossa persona no espelho torto do mundo e nos tornamos nos fazemos a nossa própria imagem  e semelhança sobre as ruinas dos anos passados e vividos.
É também quando abandonamos, mesmo que relutantes, nossa irracional necessidade de segurança e referencias confrontados com o indiferente fluxo cego do existir humano em sua dimensão impessoal /biológica e aprendemos que tudo a nossa volta é surpreendentemente inconstante e volúvel...