Segundo Ernest Cassirer em seu clássico ENSAIO SOBRE O HOMEM, o homem é um Animal symbollicum. De fato, é através de signos, imagens e símbolos, que codificamos e inventamos a condição humana. Logo, uma das chaves para compreensão da paisagem cultural contemporânea é o fato inédito da dessacralização de todo patrimônio simbólico cristalizado nos últimos séculos, a desconstrução do sagrado e de toda modalidade de metafísica como premissa de nossas representações do mundo e da vida.
Um bom exemplo disso é o grau de complexidade simbólica e imagética alcançado por certas expressões da mídia televisiva nesse inicio de século. Algumas séries de TV apresentam hoje um conteúdo imagético reflexivo muito mais rico do que qualquer possível tratado de filosofia.
Penso particularmente na série SUPERNATURAL dirigida por Jensen Ackles e que em suas ultimas temporadas propôs uma reinvenção fecunda do mito judaico cristão de uma perspectiva humanista , cuja a relevância é normalmente subestimada. Poder-se-ia falar ainda, em uma proposta diferente da desconstrução do clássico dualismo bem X mal, através de séries protaconizadas por anti heróis como House ou Dexter. Isso para não falar no amoral e ácido drama de MadMen e seu questionamento da própria ideia de verdade e significado da existência.
Em breves palavras, o imaginário ocidental nunca foi tão fecundo na reviravolta de todos os valores. Tal possibilidade se materializa em fenômenos simples e midiáticos como o universo das séries de TV.
Nenhum comentário:
Postar um comentário