Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
11 de setembro tornou-se, em seu máximo sentido, uma data pós moderna... Afinal, não se trata, propriamente, de um marco histórico tradicional, de uma invenção social a partir da experiência dos atentados terroristas em New York.
Trata-se, acima de tudo, de um simbolo das transformações contemporâneas da cultura ocidental que, transcendendo qualquer sentimento e compartilhamento de mundo, converteu-se em alegoria que diz o inatingível, a fluidez , o medo e o princípio de incerteza e vazio das buscas de meta referenciais do nosso vivido acontecer de tempos de pós sociedade...
Lançado originalmente em 2005, “Uma Nova História do Tempo” ( A Briefer History of Time) by Stephen Hawking, com a colaboração de Leonard Mlodinow, professor de Física no Instituto de Tecnologia da Califórnia, é uma leitura obrigatória para todos aqueles que, independente de sua formação, são inspirados pelo pensamento critico e interessados pelos desafios e buscas que definem o desenvolvimento do saber cientifico contemporâneo.
Considero o livro em referência como sendo algo mais do que uma mera atualização do Best seller “Uma breve História do Tempo” de 1988, que tornou seu autor mundialmente conhecido como uma das mais respeitáveis autoridades científicas de nosso tempo.
Trata-se, na verdade, de uma releitura do livro original mais do que propriamente de uma mera atualização, o que reflete o dinamismo da reflexão desenvolvida pelo autor que, mais do que restrito ao esforço de divulgação do saber cientifico, parece inspirado pelo ambicioso projeto de construção de uma imagem cientifica do mundo e do universo que não fique restrita a meia dúzia de especialistas, em generosa aposta nas potencialidades do intelecto humano.
Em seu novo livro “The Great Design”, ainda inédito, tal esforço parece ter alcançado as ultimas conseqüências, ao sustentar a tese da criação espontânea do universo, descartando, assim, a metafísica premissa ou hipotese de um deus criador como princípio de tudo.
Em “Uma nova História do Tempo”, entretanto, predomina ainda certo dialogo complacente com as representações de mundo inspiradas pela religiosidade, o que absolutamente não diminui o valor da obra que tem por horizonte, como todo trabalho deste autor, um objetivo claro que, em suas próprias palavras, assim, se define:
“Uma teoria unificada completa, coerente, é somente o primeiro passo: nossa meta é uma compreensão total dos eventos que nos cercam e de nossa própria existência”
(S.W Hawking e Leonard Mlodinow. Uma nova História do Tempo/ tradução de Vera de Paula Assis, RJ: Ediouro, 2005, p. 140 )
Parece-me pertinente reproduzir aqui, mesmo que parcialmente, um inspirador fragmento da brochura em referência :
“DESCOBRIMOS QUE ESTAMOS NUM MUNDO SELVAGEM. Queremos dar um sentido aquilo que vemos à nossa volta e perguntamos: Qual é a natureza do universo? Qual nosso lugar nele e de onde ele e nós viemos? Por que ele é da maneira que é?
Para tentar responder a estas perguntas, adotamos alguma representação do mundo. Assim como uma torre infinita de tartarugas que sustentam a Terra plana é uma representação desse tipo, também o é a teoria das supercordas. Ambas são teorias do universo, embora a última seja bem mais matemática e precisa que a primeira. Faltam evidências observacionais às duas teorias: ninguém nunca viu uma tartaruga gigante com a Terra no dorso, mas, por outro lado, ninguém nunca viu também uma supercorda. Entretanto, a teoria da tartaruga não é uma boa tória científica porque prevê que as pessoas deveriam conseguir cair na borda do mundo. Descobriu-se que isto não está de acordo com a experiência, a menos que se revele ser a explicação das pessoas que teriam supostamente desaparecido no Triângulo das Bermudas!
(...)
De fato, redefinimos a tarefa da ciência como a descoberta das leis que nos permitirão prever eventos até os limites determinados pelo principio da incerteza. Resta, contudo, a pergunta: como ou por que foram escolhidas as leis e o estado inicial do universo?
Este livro deu um destaque especial às leis que governam a gravidade, porque é a gravidade que molda a estrutura em larga escala do universo, mesmo sendo a mais fraca das quatro categorias de forças. As leis da gravidade eram incompatíveis com a concepção, defendida até bem recentemente, de que o universo é imutável no tempo: o fato de que a gravidade ser sempre atrativa implica que o universo deve estar ou em expansão ou em contração. De acordo com a teoria da relatividade geral, deve ter existido um estado de densidade infinita no passado, o big bang (a grande explosão), que teria sido um inicio efetivo do tempo. Da mesma forma, se o universo inteiro entrou em colapso, deverá existir um outro estado de densidade infinita no futuro, o big crunch ( a grande implosão), que seria o fim do tempo. Mesmo que o universo inteiro não tenhja colapsado, existiriam singularidades em quaisquer regiões localizadas que entraram em colapso para formar buracos negros. Estas singularidades seriam um fim do tempo para qualquer um que caísse no buraco negro. No big bang e em outras singularidades, todas as leis teriam desmoronado e, portanto deus ainda teria total liberdade para escolher o que aconteceu e como o universo começou.
Quando combinamos a mecânica quântica com a relatividade geral, parece existir uma nova possibilidade que não surgiu antes: que, juntos, o espaço e o tempo poderiam formar um espaço finito quadrimensional sem singularidades nem contornos, como a superfície da Terra, mas com mais dimensões. Parece que esta idéia poderia explicar muitas das características observadas no universo, tais como sua uniformidade em larga escala e explicar também os desvios de homogeneidade em pequena escala, inclusive galáxias, estrelas e até seres humanos. Mas se o universo for inteiramente alto contido, sem singularidades nem limites, e inteiramente descrito por uma teoria unificada, isto terá implicações profundas para o papel de Deus como criador.”
(S.W Hawking e Leonard Mlodinow. Uma nova História do Tempo/ tradução de Vera de Paula Assis, RJ: Ediouro, 2005, p. 141 et seq. )
Imerso em minhas necessidades, percorro vazio a existência nos labirintos do tempo, não busco saídas, apenas caminhos e destinos que de antemão sei que não me conduzem a qualquer nomeada.
Qual sentido, afinal, poderia ter tudo aquilo que me acontece, os tantos rostos espalhados no espelho do mundo cotidianamente vivido ?
Apenas o acaso me diz a soma do acontecer das coisas, o querer que me queima no se fazer dos destinos que me rasgam violentamente eus e pensamentos no simples ocorrer da existência...
“A vida de cada homem, vista de longe e de alto, no seu conjunto e nas fases mais salientes, apresenta-nos sempre um espetáculo trágico; mas se a analisarmos nas suas minúcias, tem o caráter de uma comédia o decurso e o tormento do dia, a incessante inquietação do momento, os desejos e os receios da semana, as desgraças de cada hora, sob a ação do acaso que procura sempre mistificar-nos, são outras tantas cenas de comédia. Mas as aspirações iludidas, os esforços baldados, as esperanças que o destino esmaga implacavelmente, os erros funestos da vida inteira, com os sofrimentos que se acumulam e a morte no último ato, eis a eterna tragédia. Parece que o destino quis juntar a irrisão ao desespero da nossa existência, quando encheu a nossa vida com todos os infortúnios da tragédia, sem que possamos sequer sustentar a dignidade das personagens trágicas. Longe disso, na ampla particularidade da vida, representamos inevitavelmente o mesquinho papel de cômicos.
É verdadeiramente incrível como a existência da maior parte dos homens é insignificante e destituída de interesse vista exteriormente, e como é surda e obscura sentida interiormente. Consta apenas de tormentos, aspirações impossíveis, é o andar cambaleante de um homem que sonha através as quatro épocas da vida até à morte, com um cortejo de pensamentos triviais. Os homens assemelham-se relógios a que se dá corda e trabalham sem saber por que; e sempre que vem um homem a este mundo, o relógio da vida humana recebe corda de novo para repetir mais uma vez o velho e gasto estribilho da eterna caixa de música, frase por frase, compasso por compasso, com variações quase insensíveis.
Cada indivíduo, cada rosto humano e cada existência humana são um sonho, um sonho efêmero do espírito infinito da natureza, da vontade de viver persistente e teimosa, são uma imagem fugitiva que desenha na página infinita do espaço e do tempo, que deixa subsistir alguns instantes de uma rapidez vertiginosa, e que logo apaga para dar lugar a outras. Contudo, e é esse o lado da vida que faz pensar e refletir, urge que a vontade de viver, violenta e impetuosa, pague cada uma dessas imagens fugitivas, cada uma dessas fantasias vãs ao preço de dores profundas e sem número, e de uma morte amarga por muito tempo temida e que afinal chega. Eis por que o aspecto de um cadáver nos torna subitamente sérios.”
O AMOR É COMO UM SONHO QUE NOS DEFINE NO ACONTECER DE NÓS MESMOS ALÉM DO PRAGMÁTICO SONO DE ESTAR EM MUNDO NA MÁXIMA E INCERTA REALIZAÇÃO DE SOCIABILIDADES...
O AMOR É MAIS DO QUE UM CONCEITO VAZIO RELIGIOSO...
É CONCRETO ACONTECER DE CORPO E ALMA...
http://www.youtube.com/watch?v=BOag7nwW5Wk
Aprisionar-se em suas próprias certezas e parciais imagens de realidade, projetando-se no abstrato acontecer de um eu, é um hábito comum em nosso modo de estar coletivamente no mundo.
Mas há algo mais no mero acontecer particular de um ser humano, algo que transcende nossas configurações culturais e nos aproxima da condição de animais orgânicos e concretos apesar do peso dos referenciais culturais nos quais acriticamente encontramos mergulhados...
Este algo mais confunde-se com nossos desejos e vontades mais inorgânicas e íntimas, com tudo aquilo que não compartilhamos com os outros, pois transcende a possibilidade de qualquer apreensão como linguagem.
Trata-se do indeterminado e fluido conjunto de processos autônomos que somos em nosso corpo como essência de nossa própria condição humana...