terça-feira, 10 de novembro de 2009

LIFE...

Respiro vida,

Como vida,
Transpiro vida,
Imergindo em abstrato
E vago pensamento...
Que me leva...
A vida...

Vida é o tudo
E o todo do absurdo
No me fazer impreciso
Entre todas as coisas
Do mundo...


Life is real..
Real is love....

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

TORN DOWN THIS DAY 20 YEARS AGO...




A queda do muro de Berlim completa hoje 20 anos consolidando-se como um dos principais marcos da história social e política do século XX. Embora uma de suas conseqüências diretas tenha sido, obviamente, a reunificação alemã não me parece fecundo interpretá-la como um acontecimento nacional, mas global, no contexto da revolução que então ocorria na Europa centro oriental através da implosão do chamado “socialismo real”.

A queda do muro foi, portanto, um dos mais decisivos momentos do surpreendente fim da guerra fria ou da desconstrução do insano embate ideológico maniqueísta que pateticamente a sustentava.
O mais curioso é que nenhum analista previu na época a possibilidade do evento e, ainda hoje, sua história, bem como dos seus desdobramentos e implicações, permanece por ser escrita...
Talvez caiba aqui uma heterodoxa interpretação da construção dos fatos históricos, como tradução imaginativa do ilegível das épocas... Afinal, toda historiografia não passa de uma curiosa narrativa arbitrária e fecunda que nos inventa e reinventa nas configurações múltiplas de tempo e espaço.





domingo, 8 de novembro de 2009

UMA MANHÃ DE TÉDIOS E ACASOS...



O zumbido do tráfego urbano

Mistura-se a música suave
Do apartamento
Ao lado
Decorando o quarto.

Há algo de frívolo
Ou fátuo
Nesta manhã encolhida
No estreito tempo
Dos atos,
Há um forte cheiro
De tédio
Em tudo que faço,
Além de um grande
Silêncio
Crescendo aqui dentro...



NARCISISMO



Não sei que aparência

Guarda esta época,
O gosto dos acontecimentos
Fotografados no virtual
Dos jornais diários.
Tudo que me importa
É meu próprio retrato,
O perfume dos sentimentos
Espalhados em tempo biográfico
E desarticulado
No abstrato do mais profundo
E fundo pensamento...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SOBRE O NONSENSE



Uma das mais interessantes codificações culturais legadas pelos anos 60 foi o NONSENSE, cuja origem remonta a literatura oitocentista de Lewis Carroll e Edward Lear .
Podemos apreciá-lo como estilo ou estado de espírito que despreza a artificial coerência racional do senso comum através, por exemplo, dos despretenciosamente inteligentes filmes realizados pelos Beatles como Help e Yellow Submarine.
O NONSENSE funciona como uma espécie de código de liberdade individual frente a racionalidade pragmática a qual somos cotidianamente induzidos, como um resgate falsamente ingênuo da dimensão lúdica e descomprometida da existência...


PÓS MODERNIDADE E CULTURA GLOBAL



Uma das principais características da cultura contemporânea é a fragmentação dos códigos culturais e a interpenetração global das manifestações multiculturais, gerando diversos formatos de hibridismos e sincretismos.
Há uma tendência para construção de um pluralismo cultural global centrado no indeterminado e no efêmero da experiência cada vez mais fragmentada e aberta da vida nos grandes centros urbanos como Londres e Nova York. Isso para não falar do fenômeno da virtualização da experiência cultural...
Os fluxos globais de cultura vem construindo identidades partilhadas e multifacetadas configuradas pela experiência radical de um mercado de tecnologias, imagens, ideias, estilos e linguagens cada vez mais complexas.
Somos cada vez mais livres das inventadas tradições das identidades nacionais e menos condicionados a lógica da formula identidaria “ estado nação”.
É a criatividade individual que agora ganha o primeiro plano dos espaços públicos virtuais e reais através de dispositivos discursivos inspirados na diversidade como principio ontológico em detrimento da adequação a uma identidade social e cultura fixa e rigidamente demarcada.

VERA LYNN : We'll Meet Again



Dentre as “comemorações”, se assim se pode chamar, dos setenta anos de inicio da Segunda Grande Guerra, chamou atenção nos últimos meses o lançamento da coletânea We’ll Meet Again: The Very Best of Vera Lynn. Vera Lynn, hoje com 92 anos, foi uma antiga cantora da época da guerra que pode ser considerada uma espécie de Marlene Dietrich britânica que, com seu inconfundível estilo “diva do jazz”, inspirava as tropas britânicas. A citada coletânea, surpreendentemente alcançou o primeiro lugar nas paradas britânicas no último mês de setembro, o que é um fenômeno no mínimo curioso.

Vera Lynn também viveu experiências cinematográficas estrelando filmes como We'll Meet Again (1942), Rhythm Serenade (1943), One Exciting Night (1944) e Venus fra Vestø (1962). Seu nome é normalmente associado a faixa “Vera” da opera rock The Wall do Pink Froyd, que lhe presta justa homenagem:
 
"Does anybody here remember Vera Lynn
  Remember how she said that
  We would meet again
  Some sunny day
  Vera! Vera!

  What has become of you
  Does anybody else in here
  Feel the way I do ?"







quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SEX PISTOLS by Patrice Bollon...

Patrice Bollon nos oferece em A MORAL DA MASCARA uma leitura bastante interessante do niilismo personificado pelo movimento punk. Tratar-se-ia, segundo ele, de uma verdadeira pedagogia do absurdo, de uma denuncia da desrealidade da sociedade a partir de sua caricaturização. Ou seja tudo se resumiria em ironizar o mundo. Naturalmente, ele utiliza como referencia em sua reflexão o explosivo fenômeno dos Sex Pistols, o mais emblemático dentre as bandas punks.

Em suas palavras:


“ ... “A maior vigarice do rock and roll”, como se gabou abertamente o empresário e “criador” absoluto do grupo, Malcolm McLaren, foi realmente muito mais do que uma simples ação caótica de agitação, que aproveita qualquer provocação na desordem de uma espontaneidade exacerbada, a qual só conhece seu prazer imediato; foi um verdadeiro empreendimento consciente e deliberado de desmitificação que os “quatro anarquistas absolutos” quiseram realizar. Uma ação proposital de “agit-prop”. O Sex Pistols queriam mostrar, demonstrar, com seu exemplo o absurdo daquela “sociedade do espetáculo”que os cercava, levando ao extremo seus mecanismos até o ponto em que estes, se embaraçando em sua própria lógica fatal, caiam na irrealidade e no vácuo. Sua estratégia consistia em se introduzirem cada vez mais profundamente, como cavalos de Tróia, nas engrenagens do Show-business e da mídia para destrui-las do interior, ou melhor: levá-las a se autodestruirem. Procuraram desestabilizar o sistema. No momento suas provocações pareciam ser “espontâneas”- era issoaliás o que lhes dava força: elas pareciam sempre imprevistas, inimagináveis, “inéditas”, com o recuo elas apareciam, pelo contrário, todas colocadas numa mesma direção, no mesmo alinhamento, um único vetor. Na falta de convergirem para um projeto preciso, claramente formulável, ordenavam-se segundo uma estratégia, uma progressão lógica quase implacável: elas apareciam como verdadeiras “invectivas” cada vez mais violentas e cada vez mais agudas, destinadas a fazer a sociedade perder as estribeiras, até que ela “confessasse”, mais ainda, confessasse a si mesma sua nulidade.
Com efeito, quanto mais os Sex Pistols queriam ser Punks, mais eles eram realmente “nulos”, mais eles obtinham sucesso; e esse sucesso os levava a ultrapassar continuamente novos degraus no movimento punk. O vazio selava seu triunfo, e esse triunfo os levava a recuar ainda e sempre os limites do vazio.”

(Patyrice Bollon. A Moral da Mascara: Merveilleux, Zazous,Dândis,Punks, etc. Tradução de Ana Maria Scherer. RJ: Rocco, 1993, p. 149 )

ALIVE

As cores explodem

Em um campo de girassóis.
Tudo parece perfeito
E frágil na paisagem
Que me beija os olhos
Em festa de cores e luz.

Posso escutar a matéria
Em forma de natureza
Na simplicidade de ser
No acontecer do tempo
Preso a quase realidade
De um belo jardim...

From you have
I been absent in the spring...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

SOBRE A MORAL E A MASCARA by PATRICE BOLLON



Em A MORAL DA MASCARA, obra original de Patrice Bollon, somos desafiados pela virtualidade de indivíduos que, em diversos momentos da modernidade, através do simbolismo das vestes e das aparências desafiaram o senso comum e os valores estabelecidos por intermédio do superficial e banal de seus “sinais exteriores de comportamento”.

Como esclarece o autor:
“Sempre existiram indivíduos - nem sempre jovens e ainda menos necessariamente “marginais”- que se expressassem e se afirmassem através de um estilo, simples pose de traje ou então um modo de vida global em ruptura com as normas, aceitas por sua época, da “elegância”, do “bom gosto” e da “respeitabilidade”. Homens - e certamente mulheres também – que pretendem com sua aparência contestar um estado de coisas, uma escala de valores, uma hierarquia de gostos, uma moral, hábitos, comportamentos, uma visão de mundo ou um projeto, tais como são refletidos pelo traje dominante, pelo estilo obrigatório ou pela referência estética comum da sociedade em que vivem. Enfim, homens e mulheres que são, querem ser ou se imaginam “outros”, diferentes, estranhos, singulares e pretendem mostrá-lo com o que se vê em primeiro lugar, a aparência.”

(Patyrice Bollon. A Moral da Mascara: Merveilleux, Zazous,Dândis,Punks, etc. Tradução de Ana Maria Scherer. RJ: Rocco, 1993, p. 11 )

Somos, assim, introduzidos através desta singular pesquisa no universo simbólico dos petis-maîtres, roués e libertinis franceses do séc. XVII, decadents, pâmés e apaches do final do século XIX, os teddy boys londrinos das ruelas de East End londrina, punks,rockabillys,skinheads,skas, heavy metal kids, rastas, soul boys dos anos 70, etc... em sua profundidade pelo superficial da aparência.
Todos os estilos aqui citados, em diferentes épocas, contextos históricos e culturais, funcionam como projeções simbólicas, fantasmas sociais, que não descrevem ou denunciam a realidade, mas a imaginam, a reinventam com suas cores e alegorias. São ficções vivas que contam a si mesmas e aos outros em um modo de ser que é recusa de toda identidade na moral da singularidade que caracteriza de um modo geral a inquietude cultural recorrentemente manifesta principalmente nos fins de século....