quarta-feira, 26 de agosto de 2009

STREAM OF THOUGHT


Inerte em uma manhã chuvosa
Vejo a vida passando no tempo,
Deixo o fluir de tudo
Crescer em mim mesmo
Em múltiplas metamorfoses
De significados e figurações.

O cotidiano, de repente,
Desnuda-se como um brando absurdo,
Quase não existe...

Mas do outro lado da rua
Vislumbro futuros paralelos
No espelho de uma poça de lama,
Intrigas de imaginações
E divertidas solidões
À desconstruir universos...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

SOBRE O CONTEMPORÂNEO DISCURSO DA REALIDADE

Em termos de codificação da realidade, linguagem e sentimento de mundo tornaram-se, com a época moderna, sinônimos de reflexão e pensamento... Constituíram um amalgama cognitivo onde a figuração do real traduz-se em sentimento da verdade e do verdadeiro como experiência ontológica.
Hoje, em nossa contemporaneidade, tal identidade encontra-se ameaçada. Já não nos seduzem discursos ou proposições que dizem “como as coisas são” , mas que expressam nossas duvidas e angustias com relação a como consideramos, a partir de nossas singularidades e individualidades, como gostaríamos que elas fossem.
Questionamos, no fundo, a própria possibilidade de satisfatoriamente traduzir a vida em qualquer discurso...

O HOJE COMO DEVIR

Felicidade
É provar um gole de paz
Ao fim do dia,
Esquecer-se no silencio
De um sofá fechado
Entre quatro paredes frias,
Não pensar
Em qualquer outra coisa
Alem da intensidade
De si mesmo,
Escrevendo o segredo
De um nome
Em um canto escuro de mundo.

Felicidade
É vislumbrar o presente
Como único futuro
Nas inúmeras possibilidades
Da vindoura existência.

Felicidade
É saber um pouco de nada,
Ócio e lúdico
Cochilando no quase ser
Da confusão dos pensamentos
Mais íntimos e perdidos.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

INTERNET E INDIVIDUALIDADE


Depois que as tecnologias digitais reconfiguraram nossa experiência do real ou cotidiano vivido, o conceito de projeção ganhou novas dimensões e significados concretos. Afinal, projetar-se no virtual da Internet é uma experiência que de muitas formas nos desloca da experiência de um eu continuo e ilusoriamente uniforme, que nos conduz à complexa vivencia de uma surpreendente afinidade entre individualidade e fantasia para a qual a nossa noção de pessoalidade não passa de uma abstrata senha no jogo da existência...

A MUSA DO MEU FUTURO


Guardo meu rosto
Em tua memória
No ilegível da existência,
Como se fosse um abstrato beijo
No silêncio das emoções manifestas,
Uma recordação dos futuros
Que buscamos em cacofonias,
Em vislumbres de aventuras
De alma e caos.
Sem nos conhecer ou saber
Nas dissonâncias do mundo
Rasgado em imensidões
De vertigens e dias.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

MITO E INDIVIDUALIDADE EM C G JUNG


No prólogo à suas memórias C G Jung nos oferece preciosos indícios de sua singular concepção da individualidade humana. Para ele a autoconstrução de cada individuo pressupõe uma “projeção mitológica”, a imaginação como senha do principio de toda realidade cognoscível . O significado da vida revela-se, assim, como uma experiência de fantasia e, por isso mesmo religiosa de um modo que contradiz e transcende toda religiosidade tradicional... o individuo como arquétipo é a essência da experiência mitológica...

“ Minha vida é a história de um inconsciente que se realizou. Tudo o que nele repousa aspira a tornar-se acontecimento, e acontecimento, e a personalidade, por seu lado, que evoluir a partir de suas condições inconscientes e experimentar-se como totalidade. A fim de descrever esse desenvolvimento, tal como se processou em mim, não posso servi-me da linguagem cientifica; não posso me experimentar como um problema cientifico.


O que se é, mediante uma intuição interior e o que o homem parece ser sub specie aeternitatis só pode ser expresso através de um mito. Este último é mais individual e exprime a vida mais exatamente do que o faz a ciência, que trabalha como noções médias, genéricas demais para poder dar uma idéia justa da riqueza múltipla e subjetiva de uma vida individual.


Assim, pois, comecei agora, aos oitenta e três anos, a contar o mito da minha vida. No entanto, posso fazer apenas constatações imediatas. Contar histórias. Mas o problema não é saber se são verdadeiras ou não. O problema é somente este: é a minha aventura a minha verdade?”

( C.G.JUNG. Memórias, Sonhos e Reflexões/tradução de Dora Ferreira da Silva. ERJ: Editora Nova Fronteira 20° ed, s/d.)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

À MUSA DO ALÉM MUNDO


Queria perde-me...
Poder me esconder
Em seu sonho
Sem pensar o mundo,
Viver sensações em seu corpo
Em franco paraíso
De sutis e secretos materialismos
De alma
No absoluto de um indefinido
Tempo e espaço em céu aberto.
Através do pensamento,
Em vento e movimento,
Todo universo parece contido
No ilegível dos corpos
Em absoluto sentimento...

LOVE IS FREE AND REAL...

domingo, 16 de agosto de 2009

POEMA PSICODÉLICO

Respiro um sonho
No aqui e agora

Da vida refeita
Em imaginações
De momento.


Sei todas as cores do amor
E do desejo
Escritos em meu peito
Desfeito
Nas sombras de arco-iris.


O universo, de repente,
Cabe em uma lágrima de céu
Enquanto me vejo e me encontro

No mundo dos espelhos
Como viva metáfora
Da meta humanidade
Ou do alem do humano...

TEMPORALIDADE E DEVANEIO

O passado é mais que simples memória de acontecimentos vividos e perdidos, é um deslocamento do tempo presente, um estranhamento do agora através do outro de si mesmo...
O passado é o fantasma que nos assombra, como identidade e memória, a cada vislumbre de futuro, ironicamente alimentando a contemporânea invenção de um presente sem fronteiras que reinventa o tempo no indeterminado das permanentes metamorfoses da imanência...
Talvez por isso, existam dias em que nos deslocamos da existência, em que tudo se faz ilegível e provisório no vazio dos fatos cotidianos. Contemplamos, então, a nudez da vida em bifurcações de potência de atos que aleatoriamente desfiam os imperativos da vontade e vislumbres de desejados futuros... De muitas maneiras, somos o resultado amorfo de nossas perdas...

sábado, 15 de agosto de 2009

WOODSTOCK: 40 ANOS DEPOIS...


1969: WOODSTOCK foi o ultimo suspiro de toda uma época em que a realidade só era possível através da linguagem dos sonhos, do suspiro de delírios múltiplos e desgovernados na desconstrução e reconstrução mágica da vida em dia a dia de imaginação selvagem... A orgia que define o evento em regressão de convencional humanidade é um testemunho da paz redentora da contra cultura, do vazio de personas em anarquia absoluta de vida... e contra cultura ou anti iluminismo radical...