Criado em New York no distante ano de 1964 por Brant Parker e Johnny Hort, o Reino de Id e suas cotidianas situações bizarras, nos fala essencialmente sobre adaptação e sobrevivência em um mundo sutilmente disfuncional, mergulhado em um obscurantismo, temperado por certo cinismo, que nos parece estranhamente familiar. Afinal, trata-se na verdade do obscurantismo do nosso próprio tempo...
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
SOBRE O MAGO WIZ E O REINO DE ID
Criado em New York no distante ano de 1964 por Brant Parker e Johnny Hort, o Reino de Id e suas cotidianas situações bizarras, nos fala essencialmente sobre adaptação e sobrevivência em um mundo sutilmente disfuncional, mergulhado em um obscurantismo, temperado por certo cinismo, que nos parece estranhamente familiar. Afinal, trata-se na verdade do obscurantismo do nosso próprio tempo...
ENTRE OS ATOS
Entre os atos,
Um lapso existencial
Que não se diz,
Que não se explica
E cala no pensamento
Como intimo segredo...
Mas trata-se apenas
De um nada,
Do banal indizível
Que assombra a existência
No frágil de todo
Possível cotidiano significado
Das coisas ...
terça-feira, 21 de julho de 2009
LITERATURA INGLESA XLVI
Apesar de no inicio dos anos 60 ter sofrido o diagnóstico de um complicado tumor cerebral acompanhado pela triste estimativa de um ano de vida, Burgess faleceu apenas aos 76 anos, em 1993, deixando uma obra extensa e significativa no cenário da literatura inglesa do séc. XX.
Embora não seja, segundo o próprio autor, seu livro mais importante, A Clockwork Orange ( Laranja Mecânica) é certamente a mais polêmica, em parte devido a sua adaptação heterodoxa para o cinema pelo celebre e imortal diretor Stanlery Kubrik.
Normalmente comparado a 1984 de George Orweel e ao Admirável Mundo Novo de Aldows Huxley, Laranja Mecânica é uma anti utopia, uma pessimista leitura do mundo contemporâneo através de um imaginário futuro totalitário e sombrio erigido sob o signo da violência.
Curioso observar que o titulo inspira-se em uma expressão anglo-saxã "As queer as a clockwork orange", ou, em uma tradução livre, "Tão bizarro quanto uma laranja mecânica". Sua concreta inspiração, entretanto, é o universo dos então corriqueiros conflitos, ocorridos em inicio dos anos 60, nas urbanas paisagens londrinas entre as gangues dos Mods e dos Rockers, duas “tribos juvenis” de origem operária inspiradas por diferentes estilos musicais. Os primeiros se vestiam com roupas de grife e cultuavam um rock agressivo de bandas semelhantes ao Who, enquanto os Rockers, com seus casacos de couro, preferiam o rock dos anos 50, principalmente Elvis, e filmes como “O selvagem da Motocicleta”.
Marcado por esta peculiaridade de época, Burgess imaginou um mundo futuro não muito distante onde a violência destas gangues e juvenis teria se radicalizado ao ponto de gerar não só um cotidiano violento, como também um aparato estatal repressivo sem limites.
De alguma maneira tal questão, aparentemente datada, nos é muito familiar uma vez que a violência é uma linguagem, de muitas maneiras e formas, dependendo do país e lugar, cada vez mais marcante e condicionadora do cotidiano contemporâneo.
Apesar disso, esta perturbadora narrativa literária deve ser compreendida como um romance de iniciação juvenil nas paisagens deste alegórico e cruel futuro imaginário. Isso pode parecer bem evidente caso consideremos a estruturação da obra em três partes, cada qual composta por sete sub- divisões totalizando 21 capítulos, numero que corresponde a maioridade etária na cultura anglo-saxã.
Através da trajetória de sua principal personagem, o jovem Alex, também narrador e ex líder de uma gangue extremamente violenta e transgressora, que acaba se transformando em uma vitima de um mundo tão violento e perverso quanto ele, nos deparamos com os paradoxos e absurdos da condição humana, nos defrontamos com os limites da moralidade vigente, na mesma medida que nos surpreendemos com a maturidade conquistada pelo narrador/personagem após um tortuoso e bizarro caminho...
Uma peculiaridade da narrativa que nos provoca um certo desconforto ou estranhamento na leitura é o uso do “natsat” dialeto das gangues utilizado por Alex que mistura inglês popular, russo e gíria cigana.
Poupo o leitor de importantes detalhes da narrativa optando por uma apresentação superficial e não muito analítica no intuito de apenas despertar interesse pela leitura da obra que, vale a pena insistir, não oferece um panorama significativo do universo ficcional do autor ora comentado...
CRÔNICA RELÂMPAGO LVIX
Quando estamos de férias nunca descansamos, apenas administramos o tempo livre que temos sem a ditadura do relógio e da agenda para meramente nos ocuparmos de contextos privados/ familiares que nos prendem. Apenas substituímos obrigações e compromissos ignorando, como de costume, os muitos “eus” dos quais nos perdemos ao longo da realização do destino, estes restos de personalidades alternativas e possibilidades que nos acompanham como silenciosas ansiedades. ..
O que sei é que nunca é suficiente estar-se de férias sem previamente traçar um roteiro de labirinto que nos leve a uma relação provisoriamente nova entre o eu e o tempo, entre o ser e estar da vida...
segunda-feira, 20 de julho de 2009
SEXO,DROGAS E ROLLING STONES
“ Quando vem até você outros caras, mais jovens, você percebe que é apenas parte de uma longa procissão de trovadores e menestreis e contadores de histórias que existe desde sempre. De certo modo, você tem a sensação de que faz parte de uma estranha fraternidade. Só que ninguém tem carteirinha. Não existem apertos de mão secretos.Mas você sente uma sensação maravilhosa de continuidade que se estende até o passado pelas brumas do tempo.E você é apenas um daqueles caras que contaram uma história e trouxe felicidade as pessoas, e cantou sua música, e eles cuidaram bem de você pelo prazer que receberam.
Keith Richards, Uncult, janeiro de 2002.
“Não tenho responsabilidade alguma em relação a quem quer que seja Nunca falei por uma geração, mas somente em meu nome. Não sou um homem político, não fui eleito para cumprir uma função ou para trabalhar pelo interesse coletivo. Minha única responsabilidade é no palco, para com o público: que ele ouça bem ( o show ), que ele assista a um bom espetáculo, e que esteja em segurança. O resto não me concerne. Não é porque estou no palco que eu devo ser um porta-voz. Se os Stones algum dia tiveram uma importância política, foi pela causa do sexo. Fazer campanha pela liberação sexual nos anos 60 era um ato político.”
Mick Jagger, Lui, setembro de 1996.
( In Jose Emilio Rondeau, Nélio Rodrigues. Sexo, Drogas e Rolling Stones: Histórias da banda que se recusa a morrer. RJ: Agir, 2008, p. 337 )
Escrito por Jose Emilio Rondeau e Nelio Rodrigues, SEXO, DROGAS E ROLLING STONES, já pode ser considerado uma obra clássica na extensa biografia sobre cultura popular, música e século XX. Ao investigarem a trajetória da maior banda de rock clássica ainda em atividade, cabe alertar que o livro dá uma especial atenção as várias passagens, seja em shows ou em visitas individuais de seus membros, ao Brasil. Mas também oferece com competência um panorama geral da carreira da mega banda através de uma periodização que abrange os anos iniciais entre 1962 e 1965, a maturidade alcançada entre os sombrios anos de 1966 e 1970, a consagração absoluta entre 1971 e 1976, o quase fim entre 1977 e 1988 e a surpreendente contemporaneidade entre 1989 e 2007.
Trata-se, obviamente, de uma narrativa mais descritiva do que analítica, voltada especialmente para os fatos relevantes e curiosos acumulados ao longo dos 47 anos de carreira dos Stones.
Mas mesmo tratando-se de um ensaio biográfico, evidentemente, o livro nos fornece bons subsídios para avaliar e pensar o lugar dos Rolling Stones na ainda jovem história do rock and roll e principalmente da evolução clássica do rock britânico.
Pessoalmente, eu diria que entre Beatles e Who, os Stones são uma das princiapais matrizes elementares do rock britânico em sua formula clássica. Em seu caso, a musicalidade do novo estilo ainda é direta e radicalmente condicionada as suas raízes no blues e R&B resultando em um rock mais primitivo e cru que fala mais diretamente ao corpo do que a sentimentos e pensamentos.
A PRIMEIRA| VIAGEM A LUA: 40 anos depois II
Do ponto de vista do imaginário epocal, a eleição de uma viagem a lua como meta política só é explicável pela simbólica da aventura e da vitória sobre o impossível. Mas mesmo como mito contemporâneo, a médio prazo a façanha revelou-se vazia e desproposital. Não por acaso os contemporâneos sonhos de retomar e ampliar o feito através de uma viagem tripulada a marte agonizam em meio a crise econômica e cortes orçamentários da NASA.
No fundo, o que há de mais revelador em tudo isso é que, em nosso tempo presente, já não há mais lugar para otimistas projeções de futuro. Estamos tão mergulhados em nosso momento coletivo, cada vez mais elástico, que ao contrário de nossos pais e avós, não nutrimos a ilusão de projetar no futuro a solução otimista de nosso presente para melhor moldar o passado.
ÓCIO
Neste instante
Enterrado sob
O alvoroço do mundo.
Basta-,me estar
Aqui e agora,
Não penar
Em qualquer outra coisa
Alem do vento
Animando os objetos
Em volta,
O cheiro da manhã vazia
E o vazio profundo
Dos meus desejos.
Nada me falta
Em rosto desfeito
E deitado sobre os fatos.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
TO BE
A PRIMEITA VIAGEM A LUA: 40 anos depois.
Neil Armstrong
A Missão Apolo 11, iniciada em 16 de julho de 1969, completou esta semana 40 anos em rememorações marcadas por certa melancolia...
Produto da guerra fria, mais do que da crença no progresso técnico-cientifico, o histórico feito da nave da NASA, composta pelo módulo de comando Columbia e pelo módulo lunar Eagle, tripulada pelos astronautas Mike Collins, Buzz Aldrin e Neil Armstrong, comandante da missão, com duração de oito dias, em um olhar retrospectivo, apesar de determinante para a introdução de um novo padrão tecnológico no cotidiano do homem ocidental, não desperta muito entusiasmo.
Afinal, quarenta anos depois, já não desfrutamos do ingênuo otimismo de época que, apesar de todos os seus absurdos, como a guerra do Vietnã, que na ocasião chegava ao fim, ou a própria corrida armamentista, que profundamente lhe configurou, conseguia sustentar uma atmosfera e imaginário de esperanças e sonhos de futuro, como demosntram, por exemplo, os movimentos de juventude que então sacudiam o mundo.
O fato é que, felizmente ou infelizmente, não nos é possível, em nosso tempo presente, sustentar apologias a qualquer filosofia do progresso sem boa dose de burrice ou ingenuidade. Vivemos, afinal, sob o signo sombrio do mito do aquecimento global e das incertezas de humanidade...
Se quer prestamos atenção na Lua como imagem estético/poetica ou somos seduzidos pela evasão existencial propiciada pelos sonhos de onerosas conquistas espaciais.
Sabemos que o universo, surpreendido em expansão e tão estranho ao fenômeno humano, se quer nos percebe em sua meta racionalidade de acasos.
Em poucos palavras, o pequeno passo do homem na lua em liberdade da não gravidade, converteu-se em um salto para o abismo em nossas atuais vivências e narrativas de um mundo, cada vez mais ilegível onde a contra-cultura se refaz através do niilismo mais criativo como uma simples modalidade de pós-modernismo...
JOHN LENNON, IMANÊNCIA E INDIVIDUALIDADE HUMANA
Reunir fragmentos de entrevistas de John Lennon aqui, torna-se por isso um inspirador exercício de afirmação de singularidade humana, a busca do eco em caleidoscópio de momentos, de alguém que conseguiu transformar arte em afirmação de si mesmo... e apostar que cada um pode viver seu próprio sonho... em imanência.
“ Uma parte de mim suspeita que sou um perdedor e outra parte de mim pensa que sou Deus todo poderoso.”
*
“Pense globalmente e atue localmente”.
*
“As pessoas têm de perceber... que ficar nu não é obsceno. O importante é sermos nós mesmos. Se todas as pessoas fossem o que são, ao invés de fingirem que são o que não são, existiria paz.”
*
“A mulher é o negro do mundo/ A mulher é a escrava dos escravos/Se ela tenta ser livre, tu dizes que ela não te ama/ Se ela pensa, tu dizes que ela quer ser homem.”
*
“Um artista nunca pode ser absolutamente ele mesmo em público, pelo simples fato de estar em público. Pelo menos, ele sempre precisa ter alguma forma de defesa.”
Fonte: O Pensamento Vivo de John Lennon. Martin Claret Editores.