Guardo sonhos
Perdidos
Em algum eu esquecido
No fundo da memória.
Guardo a lembrança
De coisas jamais vividas,
De reais ilusões de infância.
Pois aguardo o dia
De viver plenamente
A vida que me espera
A sombra de algum presente.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
quarta-feira, 11 de março de 2009
segunda-feira, 9 de março de 2009
CETICISMO
Sigo pela vida
Apenas existindo,
Prosseguindo,
Pura e simplesmente...
Um pouco de mim
Se perde em passado
Outro se faz futuro
Apesar das incertezas
Que pesam nos olhos.
Apenas existindo,
Prosseguindo,
Pura e simplesmente...
Um pouco de mim
Se perde em passado
Outro se faz futuro
Apesar das incertezas
Que pesam nos olhos.
SOBRE O 8 DE MARÇO
O 8 de março, comemorado ontem, ainda traduz uma necessidade vital da cultura ocidental de integração da mulher e do feminino como imagem simbólica e psicologica da condição humana, superando assim definitivamente as heranças partriacais e sexistas que durante séculos relegou a mulher a marginalização e desqualificação cultural no obscurantismo religiosamente justificado de uma idade dos homens... A apologia a mulher, não em suas representações idealizadas, mas como sujeito concreto e ativo do mundo criado todos os dias pelos atos e imaginações humanas, é engendrar novas maneiras de olhar, sentir e representar o mundo. Desafio que, de muitas maneiras, apenas começamos a vivenciar e formular cotidianamente a poucas décadas.
quinta-feira, 5 de março de 2009
PSEUDO AUTO IDENTIDADE
Posso viver
Em meus dias futuros
Das sobras
De antigas alegrias,
Dos murros na realidade,
Imaginando passados
Que nunca existiram...
Poso viver
Do mínimo de mim mesmo
Em rostos de fantasia,
Até o limite da dor
De ser quase eu mesmo
Em rostos de fantasias.
Mas prefiro viver
Em grito
E desafio de aceitar
O niilismo e liberdade
Da mera poesia de viver.
Em meus dias futuros
Das sobras
De antigas alegrias,
Dos murros na realidade,
Imaginando passados
Que nunca existiram...
Poso viver
Do mínimo de mim mesmo
Em rostos de fantasia,
Até o limite da dor
De ser quase eu mesmo
Em rostos de fantasias.
Mas prefiro viver
Em grito
E desafio de aceitar
O niilismo e liberdade
Da mera poesia de viver.
terça-feira, 3 de março de 2009
STEPHEN BANN E AS INVENÇÔES DA HISTÓRIA
AS INVENÇÕES DA HISTÓRIA: ENSAIOS SOBRE AS REPRESENTAÇÕES DO PASSADO, do historiador britânico STEPHEN BARNN, é uma coletânea instigante sobre os rumos e possibilidades da historiografia contemporânea. Embora tenha sido publicada originalmente nos inícios dos anos 90, ela ainda goza de atualidade pelos temas e questões que aborda. Cabe dizer que, decididamente não são poucos, indo desde a linguagem do fragmento histórico personificada pelos museus e antiquários do séc. XIX, passando pela imaginação histórica do escritor francês Vitor Hugo ou do falsificador literário Charles Bertran, pela relação entre a história e suas ciências irmãs de nascimento, ou seja, a medicina, o direito e o campo teológico, chegando aos tantos discursos da historiografia contemporânea, seu status estabelecido entre o fato, a fé e a ficção, a cartografia e a história da arte.
Esta erudita coletânea insere-se no cenário de um amplo debate internacional, ainda hoje em curso entre os historiadores profissionais, sobre as implicações de uma visão interdisciplinar das representações do passado e do tempo presente sob as formas convencionais já consagradas de se produzir a história enquanto historiografia. A peculiaridade de BARNN nesses ensaios é propor-se, como ele mesmo esclarece em seu prefácio, a ir um pouco além dessa discussão explorando a pluralidade de discursos e perspectivas que definem a historiografia contemporânea, aquilo que torna impossível defini-la no singular. Particularmente acredito ser mais apropriado hoje em dia o uso do conceito “ciências históricas” para definir o nosso complexo conjunto de discursos historiográficos onde, diga-se de passagem, o elemento subjetivo, individual, assume um papel cada vez mais relevante na construção dos discursos historiográficos ao definir e configurar um conjunto de opções metodológicas e sensibilidades:
“ ... Eu diria que esta coletânea de ensaios é altamente relevante para o debate sobre os usos contemporâneos da história que foram mencionados aqui- se esta é uma questão do “novo” contra o “tradicional”, ou da necessidade de historicizar os museus, casas e jardins e deste modo evitar a suavidade sintética de uma exposição desinformada. Mas obviamente eu não me proponho a solucionar qualquer aspecto deste debate. Minha abordagem foi mais no sentido de concentrar atenção sobre o que poderia ser chamado de arqueologia da história: as estruturas e conexões que tornaram possível, durante os últimos séculos, a emergência de um modelo integrado de representação histórica. Por exemplo, no primeiro ensaio, não estou preocupado prioritariamente com o crescimento da profissão histórica, nem com a relevância do que poderia ser chamado de historiografia normativa para a questão de como a história deveria ser ensinada nas escolas. Em vez disso, olho para as fronteiras em mutação entre a história profissional e os protocolos das veneráveis profissões do direito, da medicina e da teologia, sugerindo os modos pelos quais elas contribuíram para definir o espaço disciplinar no qual a história emergiu. Em meu ensaio de conclusão, olho para a mais recente e problemática área disciplinar da história da arte. Pode a arte ter uma história? Nenhum dos influentes porta vozes que escolhi como representantes de dois significativos pontos de vista contemporâneos veria essa pergunta como merecedora de uma resposta simples. Se meus três primeiros ensaios (interessados nas relações entre história e outros materiais textuais) enfatizam a importância dos registros trocados e partilhados, os três últimos abordam, assim, o status histórico da imagem. A descrição semiótica da imagem é utilizada, mas não de modo a excluir o investimento subjetivo do indivíduo.
(...)
As invenções da história são, portanto, para mim, decididamente plurais. Ainda assim, as mudanças de perspectiva e método que emprego são planejadas, em última instância, para indicar, como um fenômeno unificado, as diversas expressões e representações da imaginação histórica que pairam, uma após a outra, nestas páginas. Seria agradável se esta coletânea pudesse ter assumido a mesma forma poética unificada do encantador estudo de Anne Cauquelin, L’invention du paysage; que também é escrito tanto como uma exposição de códigos quanto como um relato de um investimento psicológico e pessoal.”
(Stephen Bann, As Invenções da História:ensaios sobre a representação do passado/ tradução de Flávia Villas Boas. SP: Editora da Universidade dEstadual Paulista, 1994, p. 17-19)
Esta erudita coletânea insere-se no cenário de um amplo debate internacional, ainda hoje em curso entre os historiadores profissionais, sobre as implicações de uma visão interdisciplinar das representações do passado e do tempo presente sob as formas convencionais já consagradas de se produzir a história enquanto historiografia. A peculiaridade de BARNN nesses ensaios é propor-se, como ele mesmo esclarece em seu prefácio, a ir um pouco além dessa discussão explorando a pluralidade de discursos e perspectivas que definem a historiografia contemporânea, aquilo que torna impossível defini-la no singular. Particularmente acredito ser mais apropriado hoje em dia o uso do conceito “ciências históricas” para definir o nosso complexo conjunto de discursos historiográficos onde, diga-se de passagem, o elemento subjetivo, individual, assume um papel cada vez mais relevante na construção dos discursos historiográficos ao definir e configurar um conjunto de opções metodológicas e sensibilidades:
“ ... Eu diria que esta coletânea de ensaios é altamente relevante para o debate sobre os usos contemporâneos da história que foram mencionados aqui- se esta é uma questão do “novo” contra o “tradicional”, ou da necessidade de historicizar os museus, casas e jardins e deste modo evitar a suavidade sintética de uma exposição desinformada. Mas obviamente eu não me proponho a solucionar qualquer aspecto deste debate. Minha abordagem foi mais no sentido de concentrar atenção sobre o que poderia ser chamado de arqueologia da história: as estruturas e conexões que tornaram possível, durante os últimos séculos, a emergência de um modelo integrado de representação histórica. Por exemplo, no primeiro ensaio, não estou preocupado prioritariamente com o crescimento da profissão histórica, nem com a relevância do que poderia ser chamado de historiografia normativa para a questão de como a história deveria ser ensinada nas escolas. Em vez disso, olho para as fronteiras em mutação entre a história profissional e os protocolos das veneráveis profissões do direito, da medicina e da teologia, sugerindo os modos pelos quais elas contribuíram para definir o espaço disciplinar no qual a história emergiu. Em meu ensaio de conclusão, olho para a mais recente e problemática área disciplinar da história da arte. Pode a arte ter uma história? Nenhum dos influentes porta vozes que escolhi como representantes de dois significativos pontos de vista contemporâneos veria essa pergunta como merecedora de uma resposta simples. Se meus três primeiros ensaios (interessados nas relações entre história e outros materiais textuais) enfatizam a importância dos registros trocados e partilhados, os três últimos abordam, assim, o status histórico da imagem. A descrição semiótica da imagem é utilizada, mas não de modo a excluir o investimento subjetivo do indivíduo.
(...)
As invenções da história são, portanto, para mim, decididamente plurais. Ainda assim, as mudanças de perspectiva e método que emprego são planejadas, em última instância, para indicar, como um fenômeno unificado, as diversas expressões e representações da imaginação histórica que pairam, uma após a outra, nestas páginas. Seria agradável se esta coletânea pudesse ter assumido a mesma forma poética unificada do encantador estudo de Anne Cauquelin, L’invention du paysage; que também é escrito tanto como uma exposição de códigos quanto como um relato de um investimento psicológico e pessoal.”
(Stephen Bann, As Invenções da História:ensaios sobre a representação do passado/ tradução de Flávia Villas Boas. SP: Editora da Universidade dEstadual Paulista, 1994, p. 17-19)
domingo, 1 de março de 2009
A PIECE OF THE FUTURE
Um pouco de futuro
Habita o presente
Soçobrado ao tempo.
Toma de empréstimo
Alguma relíquia perdida
No passado.
A piece of the future,
Very dangerous piece...
O futuro, afinal,
Não se faz de puro amanhã,
Mas da soma dos tempos
De uma vida inteira.
Habita o presente
Soçobrado ao tempo.
Toma de empréstimo
Alguma relíquia perdida
No passado.
A piece of the future,
Very dangerous piece...
O futuro, afinal,
Não se faz de puro amanhã,
Mas da soma dos tempos
De uma vida inteira.
sábado, 28 de fevereiro de 2009
THE LA'S: CONSAGRAÇÃO PÓSTUMA
Uma banda pouco conhecida dos inícios dos anos 80 e que, no entanto, é uma das melhores coisas do rock inglês do período, é o THE LA’S, ironicamente oriunda da cidade de Liverpool que também nos presenteou com a melhor e mais venerada banda de rock de todos os tempos THE BEATLES.
Liderada pelo vocalista e guitarrista Lee Mavers, a banda teve como segundo homem John Power (baixo, backing vocal), acompanhados de um elenco rotativo de guitarristas e bateristas THE LA”S tem entre seus singles mais conhecidos “There she goes" e “Way Out”.
O grupo dissolveu-se melancolicamente em 1992. Ironicamente converteu-se depois do fim em um icone do rock e objeto de culto por aqueles que tiveram o prazer de escuta-los.
Aliais, uma das coisas engraçadas na cultura social do Rock é que, embora sustentado por uma poderosa e milionária industria, suas referências não estão necessariamente condicionadas a consagração de mercado. Pelo contrário, há muitas bandas que jamais fizeram muito sucesso, mas deixaram com bons albuns sua eterna marca na história do Rock e fazem parte da biografia musical de muitos amantes do estilo. Eu os definiria comos THE BEATLES que não deram certo ou talvez tenham dado certo a sua maneira... Afinal, o que é dar certo?
http://www.youtube.com/watch?v=k8JZHiCeADQ&feature=PlayList&p=4660D1ECB40F4B5F&index=5
http://www.youtube.com/watch?v=lG-ttghlRJ8&feature=PlayList&p=4660D1ECB40F4B5F&playnext=1&index=4
http://www.youtube.com/watch?v=A9rr97nAvI0&feature=PlayList&p=4660D1ECB40F4B5F&index=6
Liderada pelo vocalista e guitarrista Lee Mavers, a banda teve como segundo homem John Power (baixo, backing vocal), acompanhados de um elenco rotativo de guitarristas e bateristas THE LA”S tem entre seus singles mais conhecidos “There she goes" e “Way Out”.
O grupo dissolveu-se melancolicamente em 1992. Ironicamente converteu-se depois do fim em um icone do rock e objeto de culto por aqueles que tiveram o prazer de escuta-los.
Aliais, uma das coisas engraçadas na cultura social do Rock é que, embora sustentado por uma poderosa e milionária industria, suas referências não estão necessariamente condicionadas a consagração de mercado. Pelo contrário, há muitas bandas que jamais fizeram muito sucesso, mas deixaram com bons albuns sua eterna marca na história do Rock e fazem parte da biografia musical de muitos amantes do estilo. Eu os definiria comos THE BEATLES que não deram certo ou talvez tenham dado certo a sua maneira... Afinal, o que é dar certo?
http://www.youtube.com/watch?v=k8JZHiCeADQ&feature=PlayList&p=4660D1ECB40F4B5F&index=5
http://www.youtube.com/watch?v=lG-ttghlRJ8&feature=PlayList&p=4660D1ECB40F4B5F&playnext=1&index=4
http://www.youtube.com/watch?v=A9rr97nAvI0&feature=PlayList&p=4660D1ECB40F4B5F&index=6
A ARTE DE OLHAR
CRÔNICA RELÂMPAGO XLVI
Sob determinadas circunstâncias, o passado pode afigurar-se em nossas trajetórias individuais como um confuso somatório de erros e situações que limitam nossas possibilidades de futuro. Diante disso o presente perde substância e não passa de um momento opaco e indefinido condicionado a fatalidades. É como se o tempo nos roubasse toda a iniciativa nos convertendo em involuntários atores de seu teatro. Quando isso acontece nos rendemos as inércias do inevitável e esperamos impacientes o alívio de qualquer imprevisível novidade...
PIERCE , O PRAGMATISO( E O SEGREDO DA LINGUAGEM II
Cabe acrescentar que PEIRCE, em todos os sentidos, pensou e viveu como um homem do século XIX, afinal ele faleceu em 1914 sem ter sido impactado por todas as mudanças da conturbada e revolucionária primeira metade do século XX que, no plano da cultura e da ciência, produziria novas modalidades de percepção e linguagem sem precedentes.
Não se deve estranhar, portanto, seu otimismo cientificista, até porque a segunda metade do século XIX, período em que produziu intensamente, também foi um momento de franca afirmação da cultura e identidade norte-americana.
Mesmo assim, não deixa de chamar atenção um aspecto de sua obra: O não lugar do individuo, o que absolutamente não se justifica inteiramente pela desconstrução do sujeito cartesiano inerente a formulação pragmática.
Em poucas palavras, se para o autor o homem define-se, poder-se-ia dizer, como um animal simbólico através da linguagem, seu desenvolvimento é condicionado a sociedade, a experiência da coletividade, e o individuo diferenciado não seria capaz de contribuir para o seu aperfeiçoamento. Pessoalmente diria quer essa é uma premissa bastante relativa dado que o progresso da cultura humana geralmente depende da inovação de indivíduos contra a inércia das convenções. Isso vale também para o desenvolvimento do conhecimento, da linguagem e seus usos que invariavelmente são invenções, construções condicionadas a um dado momento histórico. De um modo ou de outro, deixo aqui um fragmento do autor sobre o tema:
“ 314- ... basta dizer que não há elemento na consciência que não possua algo correspondente na palavra: a razão é obvia. É que a palavra ou signo usado pelo homem é o próprio homem. Se cada pensamento é um signo e a vida é uma corrente de pensamento, o homem é um signo; o fato de cada pensamento sert um signo exterior prova que o homem é um signo exterior. Quer dizer, o homem e o signo exterior são idênticos, no mesmo sentido que a palavra homo e homem são idênticas. A minha linguagem, assim, é a soma de mim próprio; porque o homem é o pensamento.
315- É difícil o homem entender isso, pois persiste em identificar-se com a vontade, como o seu poder sobre o organismo animal, com força bruta. Ora, o organismo é tão somente um instrumento do pensamento. E a identidade do homem consiste daquilo que faz e pensa, e esta é o caráter intelectual de uma coisa, o expressar algo.
316- O conhecimento real de uma coisa só ocorrerá num estágio ideal de informação completa, de modo que a realidade depende da decisão derradeira da comunidade; o pensamento constituiu-se caminhando na direção de um pensamento futuro, que tem como pensamento o mesmo valor que ele, só que mais desenvolvido; desta forma, a existência do pensamento de agora depende do que virá; tem apenas existência potencial, depende do pensamento futuro da comunidade.
317- O homem individual, cuja existência separada se manifesta apenas através do erro e da ignorância, separado de seus companheiros e daquilo que ele e eles hão de vir a ser, é apenas uma negação. Este é o homem.
... proud man,
Most ignorant of he’s most assured,
His glassy essence.”
(ESCRITOS PUBLICADOS, in Charles Sanders Pirce : seleção de Armando Mora D’Oliveira; tradução de Armando Mora D’ Oliveira e Sergio Pomerangblum. 2 ed. Coleção Os Pensadores. SP: Abril cultural, 1980, p.. 82-83 )
Não se deve estranhar, portanto, seu otimismo cientificista, até porque a segunda metade do século XIX, período em que produziu intensamente, também foi um momento de franca afirmação da cultura e identidade norte-americana.
Mesmo assim, não deixa de chamar atenção um aspecto de sua obra: O não lugar do individuo, o que absolutamente não se justifica inteiramente pela desconstrução do sujeito cartesiano inerente a formulação pragmática.
Em poucas palavras, se para o autor o homem define-se, poder-se-ia dizer, como um animal simbólico através da linguagem, seu desenvolvimento é condicionado a sociedade, a experiência da coletividade, e o individuo diferenciado não seria capaz de contribuir para o seu aperfeiçoamento. Pessoalmente diria quer essa é uma premissa bastante relativa dado que o progresso da cultura humana geralmente depende da inovação de indivíduos contra a inércia das convenções. Isso vale também para o desenvolvimento do conhecimento, da linguagem e seus usos que invariavelmente são invenções, construções condicionadas a um dado momento histórico. De um modo ou de outro, deixo aqui um fragmento do autor sobre o tema:
“ 314- ... basta dizer que não há elemento na consciência que não possua algo correspondente na palavra: a razão é obvia. É que a palavra ou signo usado pelo homem é o próprio homem. Se cada pensamento é um signo e a vida é uma corrente de pensamento, o homem é um signo; o fato de cada pensamento sert um signo exterior prova que o homem é um signo exterior. Quer dizer, o homem e o signo exterior são idênticos, no mesmo sentido que a palavra homo e homem são idênticas. A minha linguagem, assim, é a soma de mim próprio; porque o homem é o pensamento.
315- É difícil o homem entender isso, pois persiste em identificar-se com a vontade, como o seu poder sobre o organismo animal, com força bruta. Ora, o organismo é tão somente um instrumento do pensamento. E a identidade do homem consiste daquilo que faz e pensa, e esta é o caráter intelectual de uma coisa, o expressar algo.
316- O conhecimento real de uma coisa só ocorrerá num estágio ideal de informação completa, de modo que a realidade depende da decisão derradeira da comunidade; o pensamento constituiu-se caminhando na direção de um pensamento futuro, que tem como pensamento o mesmo valor que ele, só que mais desenvolvido; desta forma, a existência do pensamento de agora depende do que virá; tem apenas existência potencial, depende do pensamento futuro da comunidade.
317- O homem individual, cuja existência separada se manifesta apenas através do erro e da ignorância, separado de seus companheiros e daquilo que ele e eles hão de vir a ser, é apenas uma negação. Este é o homem.
... proud man,
Most ignorant of he’s most assured,
His glassy essence.”
(ESCRITOS PUBLICADOS, in Charles Sanders Pirce : seleção de Armando Mora D’Oliveira; tradução de Armando Mora D’ Oliveira e Sergio Pomerangblum. 2 ed. Coleção Os Pensadores. SP: Abril cultural, 1980, p.. 82-83 )
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