terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

GOD by JONH LENNON...


http://www.youtube.com/watch?v=Wv3ic6OOXns

Quando penso em tudo, sei que nada jamais será uma questão de fé...
Sei que todo sentido depende de mim e do que serei para meu pequeno eu entre as dez mil coisas do mundo...

God

by John Lennon

God is a concept,
By which we measure
Our pain.I'll say it again.
God is a concept,
By which we measure
Our pain.
I don't believe in magic
I don't believe in
I-Ching
I don't believe in Bible
I don't believe in Tarot
I don't believe in Hitler
I don't believe in Jesus
I don't believe in Kennedy
I don't believe in Buddha
I don't believe in Mantra
I don't believe in Gita
I don't believe in Yoga
I don't believe in Kings
I don't believe in Elvis
I don't believe in Zimmerman
I don't believe in Beatles
I just believe in me
Yoko and me
And that's reality.
The dream is over,
What can I say?
The dream is over
YesterdayI was the dreamweaver,
But now
I'm reborn.
I was the walrus,
But now I'm John.
And so dear friends,
You just have to carry on
The dream is over.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

BEATLES E A FILOSOFIA: LENNON E A LINGUAGEM


http://www.youtube.com/watch?v=BQcU5w915p8

Um dos momentos mais interessantes do documentário John Lennon: Imagine, produzido por David L Walper e Andrew é o trecho de um diálogo entre Lennon e um fã anônimo descoberto rondando os jardins de sua propriedade em Ascost, Inglaterra. Não há como precisar através do documentário a data do ocorrido. Apenas posso supor que esteja em algum ponto do inicio dos anos setenta. O que importa, porem, é que durante o curto dialogo reproduzido, Lennon procura desmistificar a importância de suas letras para o seu deslumbrado visitante com um argumento muito curioso. Segundo ele, referindo-se a uma canção especifica, apenas se divertia com as palavras e a letra absolutamente não faz sentido algum, o que permite que tudo se encaixe.
Esse aspecto de sua sensibilidade e criatividade, que pode parecer excêntrica em um primeiro momento, mas é mais comum do que se imagina entre os letristas e compositores do rock, foi surpreendentemente investigada com grande e surpreendente precisão em um dos ensaios reunidos na coletânea Beatles e a Filosofia, já comentada nesse blog. Refiro-me a E É CLARO QUE HENRY, O CAVALO, DANÇA A VALSA:OS JOGOS DE LINGUAGEM NAS LETRAS DE JOHN LENNON by Alexander R. Eodice. Reproduzo parcialmente em seguida um fragmento muito elucidativo e instigante deste ensaio cujo a parte tem o sujestivo sub titulo de: SÓ DO QUE VOCÊ PRECISA É LINGUAGEM.

“Lennon ama a linguagem e adora outra sensibilidade- uma abordagem puramente lingüística- quando escreve suas letras. Ela é o principio visível em seus escritos não musicais e cômicos, principalemte em In His Own Write e A Spaniard in the Works, prosa e poesia absurdas e escritas em um estilo semelhante a Lewis Carroll, Edward Lear, e até certo ponto, Joyce em Finnegans Wake. Na breve introdução ao livro, Paul McCartney escreve”alguns tolos se perguntarão por que partes do livro não fazem sentido; e outros procurarão por significados ocultos... Nada aqui precisa fazer sentido, e se for engraçado, já é suficiente”.
Algumas letras de Lennon são simples e jocosos usos da linguagem que, de um ponto de vista literal, podem ser considerados um total absurdo ou tolice, mas que, de outra perspectiva, exibem os amplos e variados usos que podem ser dados à própria linguagem. Isso em si mesmo é um tipo de “jogo de linguagem”, que segundo Wittgenstein tem um certo poder sobre nossa imaginação, “ e que é marcante o fato de que imagens e narrativas fictícias nos dão prazer, ocupam nossa mente”. Há vários modos pelos quais a linguagem é usada e um uso importante e geral é para o prazer do sentido do absurdo que a própria linguagem retrata. Entendendo isso, também é possível entender alqgo que a principio parecia ser um “absurdo disfarçado”, um “total absurdo”. O autor que nos permite mover do sentido aparente de sua linguagem para seu total absurdo também deve ser hábil nesse jogo. Lennon é de fato esse tipo de escritor, cuja habilidade especial surge de seu aguçado senso do sentido da linguagem, pois apenas alguém que possui esse senso poderia criar uma grande ilusão de sentido.”

Alexander R. Eodice. E é claro que Henry, O Cavalo, dança a valça: Os jogos de linguagem nas letras de John Lennon. In Os Beatles e a Filosofia/coletânea de Michael Baur e Steven Baur; tradução de Marcos Malvezzi-SP: Madras,2007, p. 224-225

O DOMIGO SEGUNDO A SEGUNDA FEIRA

O domingo,
Espalhado pela casa,
Não diz coisa alguma
As horas que passam.
Também
Nada significa lá fora
Ou traduz o agora
Enterrado no silêncio sereno
Do jardim de uma praça anônima.
O domingo
Se quer existe
Na fria tarde
De uma segunda feira...

I CAN TAKE CARE OF MYSELF

No conhecimento do sol
E dos saberes da lua
Organizo as horas
Perdidas em mundo.

Sigo sozinho
Pelos caminhos do tempo
Levando vazios e sonhos.
I can take care of myself...


Não sei meu último destino,
Os rumos do pensamento,
As inadequações e indagações
Dos sentimentos.

Sofro sozinho
As marcas do meu destino...
O caos dos sentiudos.
Que importa?
I can take care of myself...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

RICHARD DAWKINS: THE GOD DELUSION


Líder de um movimento pró ateísmo surgido na Grã Bretânea, o biólogo britânico Richard Dawkins afirmou-se definitivamente em 2006, através do lançamento do surpreendente best seller DEUS UM DELIRIO, como uma atípica voz de sensatez em um cenário mundial definido pelo medo, pela incerteza e emergência de neo fundamentalismos tanto religiosos quanto laicos.
Em seu citado livro encontramos uma defesa apaixonada do imaginário cientifico e do pensamento critico contra as armadilhas e cristalizações do senso comum cotidiano. Particularmente acredito que o maior mérito é desmistificar a religião enquanto um tema tabu, quebrar o poderoso poder da crença, submetendo-a ao tribunal da razão com o mesmo status de qualquer outras questão contemporânea.
Ao afirmar o ateísmo como um ponto de vista legitimo e não um “desvio” excêntrico de pensamento, Dawkins contribui decisivamente para a construção de um imaginário cultural e social definido pela pluralidade e a tolerância de um modo realmente radical. Por outro lado, confrontando a hegemonia do senso comum, como alternativa as crendices e mistificações acriticas, que transcendem, diga-se de passagem, a questão religiosa, ele nos oferece o caminho do aprendizado da consideração cuidadosa das grandezas e certezas que definem nosso senso de realidade. Nesse sentido Dawkins vai muito alem da mera e tradicional dicotomia Ciência X Religião.

“O biólogo Lews Wolpert acredita que a esquisitice da física moderna é só a ponta do iceberg. A ciência em geral, ao contrário do da tecnologia, é violenta com o bom senso. Wolpert calcula, por exemplo, que “há muito mais moléculas em um copo d’agua do que copos d’agua no ocenao”. Uma vez que toda à água do planeta passa pelo oceano, pareceria que a conclusão é de que toda vez que você toma um copo d’agua há boas chances de que algo do que já bebendo tenha passado pela bexiga de Oliver Cromwell. É claro que não há nada de especial em Cromwell, nem em bexigas. Você não acabou de respirar um átomo de nitrogênio que um dia foi respirado pelo terceiro iguanodonte à esquerda da árvore cicadácea? Não fica feliz de viver num mundo em que, além de tal conjectura ser possível, você tem o privilégio de entender o porque dela? E explicá-la publicamente para outra pessoa, não como uma opinião ou crença, mas como algo que ela, quando tiver entendido seu raciocínio, se sentirá compelida a aceitar? Talvez esse seja um dos aspectos de que Carl Sagan quis dizer quando explicou sua motivação para escrever O mundo assombrado pelos demônios: A ciência vista como uma vela no escuro: “Não explicar a ciência parece-me perverso. Quando estamos apaixonados, queremos contar ao mundo todo. Este livro é uma declaração pessoal, que reflete meu caso de amor de vida inteira com a ciência”.”

( Richard Dawkins. Deus, um delírio/tradução de Fernanda Ravagnani. SP: Companhia das Letras, 2007, p. 464 )

ERNEST CASSIRER E A CONDIÇÃO HUMANA


Ernest Cassirer foi um dos mais importantes pensadores do séc.XX. Os três volumes de sua FILOSOFIA DAS FORMAS SIMBÓLICAS (1929) permanecem sendo ainda hoje uma fonte indispensável para a compreensão da fenomenologia da cultura e do empreendimento humano.
Para o momento, entretanto, interessa-me particularmente seus ENSAIO SOBRE O HOMEM (1944) que pode ser lido como uma introdução a FILOSOFIA DAS FORMAS SIMBÓLICAS já que se ocupa dos mesmos temas de modo mais condensado. A primeira parte do livro, O QUE É O HOMEM compreende seus cinco primeiros capítulos. Enquanto a segunda parte, O HOMEM E A SOCIEDADE, seus sete capítulos finais.
Essencialmente, para Cassirer, o homem não se define como um animal rationale, mas como um animal symbolicum, na medida em que o símbolo é o que poderíamos definir o modo próprio de ser do homem. Seja através da arte, da linguagem, da ciência, da história ou do mito e a religião, o símbolo estrutura nossas configurações e representações de mundo. Mas a singularidade da vida simbólica e consequentemente da condição humana é a consciência individual. É ela quem nos coloca em um lugar especifico nas paisagens do reino animal. Como podemos ler na conclusão de seu ENSAIO SOBRE O HOMEM:

“É fato conhecido que muitas ações realizadas nas sociedades animais são não apenas iguais, mas em alguns aspectos superiores às obras dos homens. Foi com frequencia assinalado que, na construção de seus alvéolos, as abelhas agem como um perfeito geômetra, alcançando a mais alta precisão. Tal atividade exige um complexissimo sistema de coordenação e colaboração. Em nenhuma dessas realizações animais, no entanto, encontramos uma diferenciação individual. Todas são produzidas do mesmo modo e segundo as mesmas regras invariáveis. Não há qualquer latiutude para a escolha ou a capacidade individual. Só quando chegamos aos estágios superiores da vida animal encontramos os primeiros indícios de uma certa individualização. As observações dos macacos antropóides por Wolfgang Koehler parecem provar que há muitas diferenças de inteligência e habilidade nesses animais. Um deles pode ser capaz de resolver um problema que para os demais é insolúvel. E aqui podemos até falar de “invenções”individuais. Porém, para a estrutura geral da vida animal, tudo isso é irrelevante. Essa estrutura é determinada pela lei biológica geral segundo a qual os caracteres adquiridos não são passiveis de transmissão hereditária. Todo aperfeiçoamento que um organismo possa obter no curso de uma vida individual fica confinado a sua própria existência, e não influência a vida da espécie. Nem o homem é uma exceção a essa regra biológica geral. Mas o homem descobriu um modo de estabilizar e propagar suas obras. Não pode viver sua vida sem expressá-la. Os vários modos dessa expressão constituem uma nova esfera. Tem uma vida própria, um tipo de eternidade através da qual sobrevivem a existência individual e efêmera do homem. Em todas as atividades humanas vemos uma polaridade fundamental, que pode ser descrita de várias maneiras. Podemos falar de uma tensão entre estabilização e evolução, entre uma tendência que leva a formas fixas e estáveis de vida e outra que rompe esse esquema rígido. O homem fica dividido entre essas duas tendências, uma das quais procura preservar as formas antigas, enquanto a outra esforça-se para produzir novas formas. Há uma luta incessante entre a tradição e a inovação, entre forças reprodutivas e criativas. Esse dualismo é encontrado em todos os domínios da vida cultural. O que varia é a proporção dos fatores opostos."
( Ernest Cassirer. Ensaios Sobre o Homem: Introdução a uma filosofia da cultura Humana./ tradução de Tomás Rosa Bueno. SP: Martins Fontes, 1994, p.364)

Tal dualismo harmônico entre conservação e inovação encontra na existência individual seu fator decisivo, pois é através de indivíduos que as inovações coletivas tem um inicio, mesmo que a custa de uma dura luta contra as inércias coletivas. Esta tensão entre opostos é justamente aquilo que podemos definir como a fonte do próprio movimento da vida.

ACASO


O Ponto certo
De um pequeno ato
Escrito no fundo
Do pensamento
É o vazio...
Um vazio tão intenso
E impreciso
Que nos ensina
O infinito,
O ilimitado
Das possibilidades da vida.

Sei apenas
Que todas as horas
Do dia
Resumiram-se
Repentinamente
Na subjetiva importância
De um único e minimo acontecimento
Em um ponto cego de momento certo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

CRONICA RELAMPAGO XLIII

As coisas realmente importantes, como se costuma dizer, estão além das palavras, não podem ser nomeadas ou articuladas. Nem por isso, entretanto, elas deixam de possuir veracidade, mesmo que aconteçam imprecisas e vagas no sem nome de alguma intuição ou opaco pensamento que traduz imprecisas percepções de realidade.
São estas coisas que nos calam, que nos deixam imóveis como se o próprio rosto desabasse no chão em um suspiro de quase absoluto nada. Elas pertencem aos silêncios e são inspiradas pelo onipresente vazio que nos funda a existência, que nos faz viver e fazer, buscar e acontecer. Tudo isso sem o consolo de qualquer contundente porque...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

MEMORY

As lembranças que guardo
Definem
Quem sou no mundo,
Sustentam meu rosto
No dizer de passados
Perdidos e acumulados.

Carrego a marca viva
De todos os atos sofridos.

Sou sob a sombra
De tudo aquilo que fui
Um frágil momento
De mim mesmo
A se desfazer
Na paisagem da existência.

ESPECULAÇÕES SOBRE A ROTINA...


Os protocolos e rotinas da vida contemporânea afirmam a imanência como premissa elementar da existência. Não importa os valores ou convicções que nos sustentam, nossas vidas são necessariamente voltadas para a pragmática realização da mais imediata e concreta existência. Tudo é no fundo uma questão de sobrevivência...
Afinal, trabalhamos para ganhar dinheiro, pagar tributos e consumir coisas de acordo com nossas possibilidades. Até mesmo o lazer e o ócio são apêndices dessa ingrata dinâmica que obscurece até o limite todas as possibilidades de nosso tempo biológico e biográfico
Se você soubesse que morreria amanhã o que faria do dia de hoje? ... Essa é uma pergunta clichê para qual toda resposta é de algum modo duvidosa... ou insuficiente, já que vida alguma tem ponto final e tudo geralmente acaba em reticências...

O desaparecimento de um individuo é algo que nos faz tocar o vazio...

Crença alguma muda isso.