Ernest Cassirer foi um dos mais importantes pensadores do séc.XX. Os três volumes de sua FILOSOFIA DAS FORMAS SIMBÓLICAS (1929) permanecem sendo ainda hoje uma fonte indispensável para a compreensão da fenomenologia da cultura e do empreendimento humano.
Para o momento, entretanto, interessa-me particularmente seus ENSAIO SOBRE O HOMEM (1944) que pode ser lido como uma introdução a FILOSOFIA DAS FORMAS SIMBÓLICAS já que se ocupa dos mesmos temas de modo mais condensado. A primeira parte do livro, O QUE É O HOMEM compreende seus cinco primeiros capítulos. Enquanto a segunda parte, O HOMEM E A SOCIEDADE, seus sete capítulos finais.
Essencialmente, para Cassirer, o homem não se define como um animal rationale, mas como um animal symbolicum, na medida em que o símbolo é o que poderíamos definir o modo próprio de ser do homem. Seja através da arte, da linguagem, da ciência, da história ou do mito e a religião, o símbolo estrutura nossas configurações e representações de mundo. Mas a singularidade da vida simbólica e consequentemente da condição humana é a consciência individual. É ela quem nos coloca em um lugar especifico nas paisagens do reino animal. Como podemos ler na conclusão de seu ENSAIO SOBRE O HOMEM:
“É fato conhecido que muitas ações realizadas nas sociedades animais são não apenas iguais, mas em alguns aspectos superiores às obras dos homens. Foi com frequencia assinalado que, na construção de seus alvéolos, as abelhas agem como um perfeito geômetra, alcançando a mais alta precisão. Tal atividade exige um complexissimo sistema de coordenação e colaboração. Em nenhuma dessas realizações animais, no entanto, encontramos uma diferenciação individual. Todas são produzidas do mesmo modo e segundo as mesmas regras invariáveis. Não há qualquer latiutude para a escolha ou a capacidade individual. Só quando chegamos aos estágios superiores da vida animal encontramos os primeiros indícios de uma certa individualização. As observações dos macacos antropóides por Wolfgang Koehler parecem provar que há muitas diferenças de inteligência e habilidade nesses animais. Um deles pode ser capaz de resolver um problema que para os demais é insolúvel. E aqui podemos até falar de “invenções”individuais. Porém, para a estrutura geral da vida animal, tudo isso é irrelevante. Essa estrutura é determinada pela lei biológica geral segundo a qual os caracteres adquiridos não são passiveis de transmissão hereditária. Todo aperfeiçoamento que um organismo possa obter no curso de uma vida individual fica confinado a sua própria existência, e não influência a vida da espécie. Nem o homem é uma exceção a essa regra biológica geral. Mas o homem descobriu um modo de estabilizar e propagar suas obras. Não pode viver sua vida sem expressá-la. Os vários modos dessa expressão constituem uma nova esfera. Tem uma vida própria, um tipo de eternidade através da qual sobrevivem a existência individual e efêmera do homem. Em todas as atividades humanas vemos uma polaridade fundamental, que pode ser descrita de várias maneiras. Podemos falar de uma tensão entre estabilização e evolução, entre uma tendência que leva a formas fixas e estáveis de vida e outra que rompe esse esquema rígido. O homem fica dividido entre essas duas tendências, uma das quais procura preservar as formas antigas, enquanto a outra esforça-se para produzir novas formas. Há uma luta incessante entre a tradição e a inovação, entre forças reprodutivas e criativas. Esse dualismo é encontrado em todos os domínios da vida cultural. O que varia é a proporção dos fatores opostos."
Para o momento, entretanto, interessa-me particularmente seus ENSAIO SOBRE O HOMEM (1944) que pode ser lido como uma introdução a FILOSOFIA DAS FORMAS SIMBÓLICAS já que se ocupa dos mesmos temas de modo mais condensado. A primeira parte do livro, O QUE É O HOMEM compreende seus cinco primeiros capítulos. Enquanto a segunda parte, O HOMEM E A SOCIEDADE, seus sete capítulos finais.
Essencialmente, para Cassirer, o homem não se define como um animal rationale, mas como um animal symbolicum, na medida em que o símbolo é o que poderíamos definir o modo próprio de ser do homem. Seja através da arte, da linguagem, da ciência, da história ou do mito e a religião, o símbolo estrutura nossas configurações e representações de mundo. Mas a singularidade da vida simbólica e consequentemente da condição humana é a consciência individual. É ela quem nos coloca em um lugar especifico nas paisagens do reino animal. Como podemos ler na conclusão de seu ENSAIO SOBRE O HOMEM:
“É fato conhecido que muitas ações realizadas nas sociedades animais são não apenas iguais, mas em alguns aspectos superiores às obras dos homens. Foi com frequencia assinalado que, na construção de seus alvéolos, as abelhas agem como um perfeito geômetra, alcançando a mais alta precisão. Tal atividade exige um complexissimo sistema de coordenação e colaboração. Em nenhuma dessas realizações animais, no entanto, encontramos uma diferenciação individual. Todas são produzidas do mesmo modo e segundo as mesmas regras invariáveis. Não há qualquer latiutude para a escolha ou a capacidade individual. Só quando chegamos aos estágios superiores da vida animal encontramos os primeiros indícios de uma certa individualização. As observações dos macacos antropóides por Wolfgang Koehler parecem provar que há muitas diferenças de inteligência e habilidade nesses animais. Um deles pode ser capaz de resolver um problema que para os demais é insolúvel. E aqui podemos até falar de “invenções”individuais. Porém, para a estrutura geral da vida animal, tudo isso é irrelevante. Essa estrutura é determinada pela lei biológica geral segundo a qual os caracteres adquiridos não são passiveis de transmissão hereditária. Todo aperfeiçoamento que um organismo possa obter no curso de uma vida individual fica confinado a sua própria existência, e não influência a vida da espécie. Nem o homem é uma exceção a essa regra biológica geral. Mas o homem descobriu um modo de estabilizar e propagar suas obras. Não pode viver sua vida sem expressá-la. Os vários modos dessa expressão constituem uma nova esfera. Tem uma vida própria, um tipo de eternidade através da qual sobrevivem a existência individual e efêmera do homem. Em todas as atividades humanas vemos uma polaridade fundamental, que pode ser descrita de várias maneiras. Podemos falar de uma tensão entre estabilização e evolução, entre uma tendência que leva a formas fixas e estáveis de vida e outra que rompe esse esquema rígido. O homem fica dividido entre essas duas tendências, uma das quais procura preservar as formas antigas, enquanto a outra esforça-se para produzir novas formas. Há uma luta incessante entre a tradição e a inovação, entre forças reprodutivas e criativas. Esse dualismo é encontrado em todos os domínios da vida cultural. O que varia é a proporção dos fatores opostos."