segunda-feira, 15 de setembro de 2008

NIETZSCHE E A GAIA CIÊNCIA


É realmente impossível ficar indiferente a um livro como a GAIA CIÊNCIA de Nietzsche... Talvez porque exista em cada uma de suas palavras algo mais do que mera palavra, um golpe de martelo contra as bigornas que somos em cândida e inútil esperança de massificadas rotinas e dias.
Onde deveriam brilhar apenas relâmpagos, indivíduos na violenta tempestade que é o mundo, ainda caminham sem rumo desgarradas e obedientes ovelhas imersas em seu deserto pessoal e rebanhos.
Mas sob o cadáver do deus morto, as estrelas do céu deixam-se em bélico brilho, anunciando o despertar futuro das orgias de pensamento e o futuro das imaginações que nos conduzem para além do homem...


121
A vida não é argumento- Ajustamos para nós um mundo em que podemos viver- supondo corpos, linhas, superfícies, causas e efeitos, movimento e repouso, forma e conteúdo: sem esses artigos de fé, ninguém suportaria hoje viver! Mas isto não significa que eles estejam provados. A vida não é argumento; entre as condições para a vida poderia estar o erro.”

126
“Explicações místicas- As explicações místicas são tidas por profundas; na verdade, elas não chegam a ser superficiais.”

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As condições para Deus- “Deus mesmo não pode existir sem homens sábios”- disse Lutero com boa razão; mas “Deus não pode existir tampouco sem homens tolos”- Isso o bom Lutero não chegou a dizer!”

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O cristianismo e o suicídio- O cristianismo fez da enorme ânsia de suicídio, que havia no tempo em que nasceu, uma alavanca para o seu poder: deixou apenas duas formas de suicídio, revestiu-as de suprema dignidade e elevadas esperanças, e proibiu de forma terrível todas as demais. Mas foram permitidos os martírios e o prolongado auto aniquilamento físico dos ascetas.”

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Contra o cristianismo- Agora é o nosso gosto que decide contra o cristianismo, não mais as nossas razões.”

LITERATURA INGLESA XXXV


Samuel Taylor Coleridge (1772-1834) foi um dos grandes nomes da primeira fase do chamado romantismo inglês. Ao lado de William Wordsworth e o hoje pouco lembrado Robert Southey, ele compôs a trindade dos chamados “poetas do lago”.
Independente disso, classificar Coleridge como simplesmente poeta seria demasiadamente reducionista dada à amplitude de sua obra que se constrói sobre os mais variados assuntos e temas seja em verso ou prosa, mesmo que seu nome nos seja normalmente lembrado pelos seus poemas irracionalistas como a balada do Marinheiro (1797), Christalbel (1797) e Kubla Kan (1797). Vale dizer, composições realmente surpreendentes diante de seus tradicionais princípios religiosos. Mas seus versos tornam-se inteligíveis considerando seus problemas de saúde e o conseqüente vicio em ópio.
Enquanto filosofo e critico, como nos esclarece Paulo Viziolli na introdução que faz a uma coletânea de textos do autor para o português:

“ 0 grande sonho do pensador Samuel Taylor Coleridge era escrever uma gigantesca síntese de todos os seus conhecimentos e idéias nos campos da arte, da ciência e da filosofia, sob a égide da religião. Seria a sua grande obra, o seu Magnum Opus. Tratava-se, evidentemente de uma tarefa hercúlea, não só pela espantosa variedade das inquietações culturais do escritor (que, a exemplo de Goethe, fazia inquirições até na área da Botânica), mas também porque, para leva-la a cabo, teria que disciplinaro s eu espírito dispercivo. Como era previsível, o projeto arrastou-se por cerca de vinte anos, e jamais foi concretizado.
Neste entretempo, porém, vários outros planos menos ambiciosos, puderam ser levados avante, parcial ou integralmente, os quais. Somados às realizações da juventude, acabaram se constituindo numa obra em prosa bastante respeitável, pela extensão e pela qualidade. Nela encontramos trabalhos filosóficos – como as Conferências Filosóficas ( 1818-19), mas publicadas somente em 1949) e o Tratado Preliminar sobre o Método ( publicado em 1934); estudos religiosos- com no Subsídios para a Reflexão ( 1825), Confissões de uma Mente Inquiridora ( publicadas em 1840) e o Opus Maximum, tambem vindo a lumem posteiormente, com interessantes considerações sobre a Santíssima Trindade; e ensaios de filosofia politica- como Conciones ad Populum ( 1795). O Manual do Estadista ( 1816), Constituição da Igreja e do Estado ( 1830). Há também obras miscelâneas. Como os artigos que escreveu para o seu periódico O Sentinela. Em 1796, e principalmente para O Amigo, nos anos de 1809 e 1810, abordando problemas literários, morais e políticos. Por fim merecem referência as Cartas e os “Notebooks”, diário onde fazia anotações sobre os mais variados assuntos.”


(Paulo Vizioli Introdução, in S. T. Coleridge. Poemas e excertos de “biografia literária”. SP: Nova Alexandria, 1995, p. 22)

Diante do aqui exposto seria absolutamente petulância querer aqui construir alguma imagem referência precisa do autor sem um conhecimento sólido de obra tão vasta. Mas é impossível não ousar questionar até que ponto o rótulo de romântico lhe cai com alguma precisão e, indo mais longe, até onde os estilos de época definidos pela História tradicional da literatura nos esclarecem de fato alguma coisa sobre os autores, suas épocas, estilos e temas. Mas essa é uma discussão para outro lugar...
Por ora gostaria aqui de apresentar Coleridge a partir de um resumo de seu fabuloso poema fantástico em sete partes A Balada do Velho Marinheiro; Resumo este que, diga-se de passagem, faz parte da própria obra. Obra onde elementos pagãs subordinados a uma lógica cristã, ao gosto do maravilhoso medieval, definem a narrativa revelando algo sobre os conflitos pessoais do autor...

“Um velho marinheiro encontra três Galantes convidados a uma festa nupcial e detém um. O convidado nupcial é enfeitiçado pelo olhar do velho homem do mar, e obrigado a ouvir sua história.
O marinheiro conta como o navio velejou para o sul com vento favorável e bom tempo. Até alcançar o Equador. O convidado ouve a música nupcial; mas o marinheiro continua sua narrativa.
O navio é impelido por uma tempestade rumo ao Pólo Sul. A terra do gelo e dos sons terríveis. Onde nenhum ser vivo se podia ver. Até que uma grande ave marinha, chamada o Albatroz. Veio entre a névoa. E foi recebida com grande alegria e hospitalidade.
E eis que o Albatroz se revela uma ave de bom augúrio, e segue o navio em seu retorno para o norte em meio à neblina e ao gelo flutuante. O velho marinheiro inospitaleiramente mata a ave de bom augúrio. Seus companheiros de bordo protestam contra o velho marinheiro, por matar a ave da sorte. Mas quando a neblina se ergueu eles o justificam. Tornando-se assim, eles próprios. Cúmplices do crime.
O vento brando continua; o navio entra no Oceano Pacífico, e veleja rumo ao norte, até alcançar o Equador. O navio foi subitamente imobilizado. E o Albatroz começa a ser vingado.
Um espírito os havia seguido, um dos habitantes in visíveis deste planeta, não almas que se foram nem anjos; a seu respeito, o erudito judeu Josefo e o constantinoplitano platônico Miguel Psellus podem ser consultados. São muitos numerosos, e não há terra ou elemento sem um ou mais.
Os companheiros. Em sua dolorosa aflição, desejavam lançar a culpa toda sobre o velho Marinheiro; como indício de tal coisa, penduraram a ave marinha morta em seu pescoço. O velho Marinheiro avista um sinal ao longe no elemento.
Com sua maior aproximação, parece-lhe ser um navio; e a duras penas ele liberta sua fala dos grilhões da sede. Um lampejo de jubilo; E segue-se o horror. Pois pode ser um navio o que avança sem vento ou correnteza? Parece-lhe apenas o esqueleto de um navio. E suas balizas são vistas como barras sobre a face do sol poente. A mulher espectro e sua companheira morte, e ninguém mais a bordo do navio esqueleto. Tal nave, tal tripulação!
A morte e a vida em morte disputam nos dados a tripulação do navio, e ela ( a ultima) conquista o velho Marinheiro.
Nenhum crepúsculo nas cordas do Sol. Ao levantar-se a Lua, Um após outro, seus companheiros tombaram mortos. Mas a vida em morte começa a trabalhar o velho Marinheiro.
O Convidado Nupcial teme que quem lhe fala é um Espírito; Mas o velho Marinheiro o reassegura de sua vida corporal, e prossegue o relato de sua horrível penitência. Ele despreza as criaturas da calmaria, Despeitado porque elas vivem, e tantos jazem mortos. Mas para ele a maldição vive no olhar dos homens mortos.
Em sua solidão e imobilidade, ele anseia pela Lua a viajar, e pelas estrelas que restam fixas mas ainda assim avançam; e em toda parte o céu pertence a elas, e é seu designado repouso, e seu país natal e seus próprios lares naturais, onde elas ingressam sem anuncio prévio, como soberanas que são certamente aguardadas e, no entanto, há um jubilo silencioso `a sua chegada . À luz da Lua ele contempla as criaturas de Deus na grande calmaria. Sua beleza e felicidade. Em seu coração ele as abençoa. Começa a quebrar-se o encanto. Pela graça da Santa Mãe, o velho Marinheiro é revigorado pela chuva. Ele ouve sons e vê estranhas visões e comoções no céu e no elemento. Os corpos da tripulação do navio são inspirados e o navio se move. Mas não pelas almas dos mortos, nem pelas entidades da terra ou do ar intermediário, mas por uma legião abençoada de espíritos angélicos, enviada pela invocação do santo guardião.
O espírito solitário do pólo sul leva o navio até a linha do equador, em obediência a legião angelica, mas ainda exige vingança. As entidades companheiras do Espírito Polar, os habitantes invisíveis do elemento, compartilham sua indignação; e dois deles relatam, um para o outro, que longa e dura penitência havia sido imposta ao velho Marinheiro pelo Espírito Polar, que retorna ao sul.
O Marinheiro foi lançado num transe hipnótico; pois o poder angélico faz a embarcação rumar para o norte mias depressa do que a vida humana pode suportar.
O movimento sobrenatural é retardado; o Marinheiro desperta, e sua penitência recomeça. A maldição é finalmente expiada. E o velho Marinheiro contempla seu país natal. Os espíritos angelicais deixam os corpos mortos, E aparecem em sua próprias formas de luz. O Eremita do Bosque, aproxima-se do navio com espanto. Subitamente o navio afunda. O velho Marinheiro é salvo pelo bote do Piloto. O velho Marinheiro sinceramente suplica ao Eremita que o absorva; e sobre ele recai a penitência para a vida.
E para todo o sempre em sua vida futura uma agonia o compele a errar de terra em terra; E a ensinar, através do próprio exemplo, o amor e a e a reverência por todas as coisas que Deus criou e ama.”

(S. T. Coleridge. Poemas e excertos de “biografia literária”/ introdução, seleção, tradução e notas de Paulo Vizioli. SP: Nova Alexandria, 1995, p. 37-79)

domingo, 14 de setembro de 2008

TIME



Procurei existir,
Persistir ao infinito
Contra o passar das coisas
Diminuindo em cada minuto
De acontecimento mudo.


Entre ruídos de ratos e ruínas de mundo
Contemplo memórias distantes
De tempos que não conheci
Aprendendo meu próprio passado
Como o futuro impossível
De muitos outros
Antes de mim.


And the water runs,
Runs faster...
Into a deep paund.

INDIVIDUALIDADE E REALIDADE CONTEMPORÂNEA



Em um mundo onde não mais vigoram certezas absolutas ou universais e a realidade só se torna cognoscível através de fragmentos, de “imagens quebradas” e provisórias de pensamento, o estatuto da individualidade humana alterou-se sensivelmente.
A individualidade contemporânea pressupõe o efêmero como projeto, já não se encontra aprisionada em uma meta coletivista representado por um ideal de família ou Estado, Pelo contrário, tornou-se surpreendentemente livre e abandonado a si mesmo no ilegível do próprio destino. O que hoje da sentido a existência individual é o consumo de bens materiais e simbólicos que propiciem uma certa configuração confortável e lúdica da existência, um pequeno universo pessoal capaz de contrapor-se a realidade do mundo.A vida social tornou-se como nunca um assombroso misto de incertezas e hostilidades despido de qualquer significação autêntica.
Se a autonomia do individuo na contemporaneidade coincide com a sua mais profunda e ontológica solidão, também representa uma nova e inédita forma de codificar o real que talvez pressupunham uma virtualização cada vez maior da própria alma e digitalização da vida.

IMAGINAÇÕES



A imaginação
Se faz impreciso intervalo
Entre pensamento e palavra,
É como uma sombra de alma
A desconstruir cada frase
Desafiando o concreto
Dos gestos ou atos
Que me desenham nos dias.


Sei que existo plenamente
Apenas nos ermos das imaginações
Onde indiferente ao correr do tempo
Contemplo em perplexo silêncio
A existência nua e desfeita
Em desejo bruto.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

HOBBES E A PESSOA HUMANA


O Leviatã de Hobbes pode ser classificado como um livro profundamente pessimista e sombrio. Nada mais compreensível quando consideramos o fato de que o autor o concebe profundamente impactado pelos acontecimentos da guerra civil inglesa e da chamada revolução gloriosa.
Para Hobbes, na alvorada da modernidade, momento de profundas angustias e dilemas, a condição humana é definida essencialmente pelo conflito, conflito, segundo ele, entre o homem cidadão, o homem cristão e o homem natural, e que só pode ser pacificado através da subordinação do indivíduo ao artifício de um corpo político/coletivo.
Em nossa contemporaneidade, marcada por tantos medos e incertezas, Hobbes se faz paradoxalmente atual em nossas desconstruções do iluminismo, desmistificações da razão tradicional e questionamento da domesticação das massas em nome nome de um abstrato e cada vez mais virtual bem comum.
Bom lembrar que dentre os teóricos do absolutismo, Hobbes foi o único que, recusando a justificativa do direito divino para o poder absoluto do rei, legitimou-o partir do mito do contrato social, fato que atesta certo materialismo pragmático em sua reflexão...
Neste sentido, considero de singular significado, na primeira parte do seu Leviatã,  o capitulo XVI, intitulado “Das pessoas, autores e coisas personificadas” do qual aqui reproduzo alguns significativos fragmentos:

“ Uma pessoa é aquele cujas palavras ou ações são consideradas quer como suas próprias quer como representando as palavras ou ações de outro homem, ou de qualquer outra coisa a que sejam atribuídas, seja com verdade ou por ficção.
Quando elas são consideradas como suas próprias ele se chama uma pessoa natural. Quando são consideradas como representando as palavras e ações de um outro, chama-se uma pessoa fictícia ou artificial.
A palavra “pessoa” é de origem latina. Em lugar dela os gregos tinham prósopon, que significa rosto, tal como em latim persona significa o disfarce ou a aparência exterior de um homem, imitada no palco. E por vezes mais particularmente aquela parte dela que disfarça o rosto, como máscara ou viseira. E do palco a palavra foi transferida para qualquer representante da palavra ou da ação, tanto nos tribunais como nos teatros. De modo que uma pessoa é o mesmo que um ator, tanto no palco como na conversação corrente. E personificar é representar, seja a si mesmo ou a outros; e daquele que representa outro diz-se que é portador de sua pessoa, ou que age em seu nome ( sentido usado por Cícero quando diz: Unus sustineo três Personas; Mei Adversarii, et Judicis- Sou portador de três pessoas; eu mesmo, meu adversário e o juiz). Recebe designações diversas, conforme a ocasião: representante, mandatário, lugar tenente, vigário, advogado, deputado, procurador, ator e outras semelhantes.”

(Thomas Hobbes. LEVIATÃ ou Matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil/ tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva- 2º ed. SP: Abril Cultural, 1979 ( Coleção Os Pensadores) , p. 96 )

O caráter teatral da pessoa humana define a esfera pública como um teatro, um artifício. A vida social é um grande palco onde estabelece a  subjetividade se apresenta como artifício politico através de palavras e ações.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

ENIGMA BIOGRAFICO

Um amanhã brinca criança
Com os fatos
E o abstrato do vago presente;
Faz dançar pensamentos,
Quase reinventa o próprio tempo
No não passar de todas as coisas
Desfarçadas de hoje.

Tento saber como tudo
Que faz o comportado caos
Dos dias acontecer
Pode impor realidades
ao ilegível de uma biografia
aberta em liberdade
e provisório sentido
de profundamente ser
apenas uma biografia
no sem nome do mundo.

domingo, 7 de setembro de 2008

PEQUENO DEVANEIO EM TORNO DO ULISSES DE JAMES JOYCE



O eterno irlandês exilado James Joyce, autor/reinventor do mito de Ulisses em moderno imaginário de fragmentos e des-sentidos, as vezes, surge para mim em palavras como uma virtual companheiro de goles de imaginações em noites abertas e sem ponto final.
Não raramente as imaginações dizem o mundo e as pessoas mais profundamente do que o imediato de qualquer gesto ou palavra. O mundo inteiro, afinal, é uma viagem sem retorno, um distanciar-se constante de mim mesmo na ilegível direção daquilo que minimamente será para mim fatidicamente a existência em sua absoluta finitude.
Imerso no absurdo mudo do mundo sonho a sombra clara de redefinidas infâncias que através de vontades e desejos inventam futuros.


“... O estrangeiro olhava ainda na cara ante ele a lenta recessão nela daquela falsa calma, imposta, ao que parecia, por hábito ou algum estudado ardil, quanto a palavras tão amargas que pareciam acusar no seu falante malsanidade, um flair, pelas coisas cruas da vida. Uma cena desencadeia-se na memória do observador, evocada, parecê-lo-ia, por uma palavra de tal trivialidade como se aqueles dias estivessem de fato presentes ali ( como alguns o pensavam) com os seus prazeres imediatos.
(...)
Anota isto mais e recorda. O fim chega de súbito. Entra nessa antecâmera do nascimento onde os estudiosos se congregam e observa suas faces. Nada ai, ao parecer, de irrefletido ou violento. Antes quietude de custódia, condizente com sua estada nessa casa, o vigilante cuidado dos pastores e anjos perto de uma manjedoura em Belém de Judá há muito. Mas tal qual antes do raio as tempestinuvens compactas,, pesadas comm excesso preponderante de umidade, em massas tumefactas turgidamente distensas, encompassam terra e céu num vasto torpor que impende por sobre campo crestado e gado modorrento e mangrado vingar de macega e verdura até que num instante uma chispa fenda seus centros e com a reverberação do trovão tombe a sua torrente, assim e não de outro modo a transformação, violenta e instantânea, à prolação do verbo.”


(James Joyce. Ulisses/ tradução de Antônio Houaiss. SP:Abril Cultural, 1983, p.483-484)

MUTUAL PEACE

Give me the moon at my feet
E certamente serei teu céu
No abstrato desejo de imensidões
In gem of mutual peace.

O amanhã jamais chegará
Na intensidade de nosso presente
Renitente entre o passados e o futuro
De nós mesmos.

Give me the moon at my feet
In gem of mutual peace.