segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

MARGINÁLIA

É preciso desistir de si e do mundo,
resistir a tradição e ao contemporâneo,
recusar tudo que nos tornamos,
o que demasiadamente somos
como ato e memória.
Renunciar a tudo que nos foi ensinado.

É preciso declinar, fracassar.
Morrer mil vezes por dia,
se necessário,
para renascer vagabundo.

Somos os desajustados e marginalizados
que fugiram da escola.
Os improdutivos, os perigosos
e evadidos da realidade.

Somos os que não param de sonhar,
delirar, de correr riscos,
e reivindicar outros valores,
outros mundos e formas de vida.

Somos a marginaria, a boêmia.
Os niilistas que desacreditaram de tudo
e nada esperam de nada.

Somos a aventura de nossa renuncia.
Somos a ausência de futuro.





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