sábado, 24 de fevereiro de 2024

ENTRE O CHÃO E O SILÊNCIO

Nada que possa ser dito
 ressuscitará meus ouvidos.
Não estamos mais dispostos a acreditar,
a buscar verdades ou discursos para nos conformar ao mundo.


Nenhum poder, moral ou divindade nos imporá limites,
assim como nenhum humanismo nos definirá
Não colonizaremos o outro.
Viveremos nos limites de nós mesmos
como toda planta e animal
que por pura necessidade
inventa seu mundo.

Não queremos ser eternos.
Abominamos a ideia de uma alma imortal,
toda bobagem sobre salvação
ou terra natal.

Nos importa apenas o efêmero,
o desimportante e banal instante
no qual se esgota nossa eternidade.


Tudo que nos importa não tem relevância.
Renunciamos a tradição e a memória,
a qualquer vestígio de nossos pés no mundo.
Nossa vida não cabe nas palavras de um livro.

Viveremos indiferentes a verdade e a razão,
entre dias e noites,
 chão e  silêncio.

Nada que possa ser dito
Ressuscitará meus ouvidos.
Joguem flores ao sol.



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