As variantes do
meu próprio rosto dizem a multiplicidade de discursos que estruturam minha
consciência das coisas. Trata-se de uma totalidade informe de representações e significados. É quase uma
miragem onde o eu se torna uma função abstrata do corpo, um artifício da consciência
inserida no mundo, nesta complexidade de fenômenos diversos que só podem existir enquanto experiência e imanência.
Mas há sempre algo que escapa a percepção, que se afirma como um fora de nós
que, entretanto, nos contém.
A finitude não
se traduz apenas no perene de nosso acontecer em mundo, mas também na
incapacidade de apreender a multiplicidade em toda sua radicalidade enquanto
acontecimento de todas as coisas. Sabemos sempre menos do que “aquilo-que-é”
em nossas fórmulas analíticas. Nos
ocupamos dos detalhes, pois somos nós mesmos detalhes na paisagem/totalidade
informe e multifacetada. A
simultaneidade e o aleatório das diversas estratégias de combinação dos fatos e
coisas apresenta-se para nós como algo misterioso, pois dispensa toda orientação
teleológica, toda ilusão de significado.
O múltiplo é
movimento e devir...
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