quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

CORPO E SIGNIFICAÇÃO DO MUNDO


“A palavra não é desprovida de sentido, já que atrás dela existe uma operação categorial, mas ela não tem esse sentido, não o possui, é o pensamento que tem um sentido, e a palavra continua a ser um invólucro vazio (...), a linguagem é apenas um acompanhamento exterior do pensamento” 
(Merleau-Ponty, Fenomenologia da Percepção)


 A objetificação da realidade tornou-se o ponto fraco da modernidade ao estabelecer a ilusão dicotômica entre sujeito e objeto, ignorando a dimensão projetiva da consciência, a indeterminação das fronteiras entre o eu e o mundo. Mais do que isso, ignorou o corpo como lugar da significação das coisas e dimensão intuitiva e instintiva de toda representação do real.

Não existe intencionalidade desvinculada da dimensão irracional inerente ao próprio acontecer humano. Toda percepção do mundo é um estar no mundo e, portanto, experiência e subjetividade. O corpo que somos nós incarna o drama do mundo em nós através da consciência.

A autonomia da linguagem sobre a própria vida e sobre o próprio mundo, seu fechar sobre si mesma, define a ambiguidade do pensamento enquanto fato gramatical e experiência fenomenológica. Existe uma dimensão silenciosa da significação que esta sujeita ao arbítrio do inconsciente enquanto fonte de da própria consciência. O que é dito pressupõe sempre o não dito de nossas compulsões. O próprio conhecimento é um ato instintivo, uma compulsão que formata nossa adaptabilidade ao mundo vivido e experimentado.



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