Entre o dizer e o pensar agora existe um grande dilema. Nenhuma
realidade sustenta enunciados. Nenhuma formulação parece inequivocamente confiável do ponto de
vista de qualquer subjetiva eficácia racional fundada na apreensão dos objetos.
Há, ao contrario, um sentimento cada vez mais claro de que não somos
mais capazes de responder as questões fundamentais de nossa condição humana, de
nossos dilemas sociais ou diagnosticar satisfatoriamente nossa experiência
cultural. O mundo ocidental é agora irreconhecível
diante da sua própria tradição, do cânone cultural que até o momento
estabeleceu sua realidade enquanto horizonte de pensamento e desdobramento
singular da civilização humana que foi capaz de estabelecer uma economia mundo,
uma integração nunca antes possível do gênero humano em algo que poderíamos considerar próximo de uma
“aldeia global”.
Não pesa mais sobre nossas cabeças a lógica dicotômica ideológica da
cultura do século XX, mas ainda somos incapazes de conceber a realidade sem nos
afastar definitivamente das questões do ultimo século e todas as suas falsas
expectativas futurológicas com relação ao século atual. Ainda vivemos entre
duas épocas ou, quem sabe, eu já esteja demasiadamente velho para compreender
as mais inéditas tendências do tempo presente.
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