Tornar-se livre é individuar-se.
Mas quanto mais nos fazemos conscientes da pluralidade de coisas que somos,
menos nos interessamos por aquilo que para os outros goza de importância no
acontecer coletivo da condição humana.
Conquistar a si mesmo e viver dilacerado pela própria
consciência, perceber o não significado das coisas, a opacidade e banalidade dos valores e tradições que
inspiram o rebanho humano, nos
custa a ilusão da felicidade vindoura.
Diante de nós o desafio da vertigem, da avalanche e do abismo esclarecem o
incerto caminho do indivíduo.
Pois, para o pleno indivíduo, o
agir torna-se um fardo. Ele não é inspirado por nenhuma grande paixão ou
convicção. O horror diante dos olhos é
sua única e insensata motivação. Isso o torna impróprio para ação, para o
acontecer em um mundo que já perdeu todas as suas justificativas, toda razão de
ser. Cabe-lhe a sina do herói trágico.
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