domingo, 1 de novembro de 2015

O PASSADO COMO AGORA E SEMPRE

Um dos aspectos mais incômodos da cultura contemporânea  é a instabilidade de nossas referências de realidade. Os padrões de representação de mundo se modificam a curto prazo, graças as novas sensibilidades e linguagens engendradas pela digitalização da vida cotidiana.

Já não somos os construtores do real, do tempo presente, mas instrumentos de produção espontânea de um passado que não para de crescer.

A mudança  e a transformação, entretanto, não  conduz ao novo, mas a inovação do sempre igual como falsa meta da cultura e da própria vida. É como se o horizonte houvesse desaparecido do caminho.

A  vida individual como introjeção absoluta e reprodução vazia da vida social e coletiva se transformou em um pesadelo que reduziu a experiência do indivíduo a um apêndice da sociedade.  Torna-se cada vez mais difícil ser diferente em tempos de padronização comportamental como princípio da própria possibilidade de expressão.

Os que ousam o descaminho da contramão da sociedade, tendem ao isolamento, a invisibilidade privada, em tempos em que a própria privacidade se torna cada vez mais pública.


Tudo aquilo que somos e fazemos já nasce como passado, como algo despido de realidade e a margem de todo tempo presente. 

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