terça-feira, 1 de abril de 2008

CRONICA RELAMPAGO XXIII

Quando somos surpreendidos por algum desagradável acontecimento cotidiano, nos vemos diante de uma apreensão mais consciente e menos automática ou espontânea da fenomenologia de nosso cotidiano tempo vivido. Mas precisamente, nos damos conta da importância do intervalo temporal compreendido por um mero segundo para configuração de nossas situações biográficas.
O gesto ou ato realizado em um milésimo de segundo pode, em outras palavras, desencadear uma seqüência de acontecimentos em maior ou menor grau decisiva para nossa existência ou sentimento de existência.
Podemos lamentar para o resto da vida a irrefletida decisão ocorrida em um mínimo momento ou o acaso de estar em determinado lugar na mais inconveniente das horas, protagonizando, por exemplo, a tragicidade de um acidente.
Talvez seja possível algum controle sobre essa loteria do acaso. Mas, mesmo se possível, ele seria fatalmente provisório e incerto. E alguma medida não possuímos qualquer razoável controle sobre nossas vidas e destino. Isso não diminui em nada a importância de nossas decisões e opções subjetivas. De alguma forma, a qualidade de nossas escolhas condiciona o leque de ocorrências objetivas possíveis, o campo de eventos aleatórios pelos quais podemos ser tragados.
Em poucas palavras, o grau de consciência que adquirimos nos capacita a lidar melhor ou pior com a ilimitada complexidade da fenomenologia da existência e sua irracionalidade elementar.

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