segunda-feira, 25 de março de 2013

MICRO INDIVIDUALIDADE




O fortuito e o cotidianamente vivido,
A banalidade de todos os dias
É tudo que nos resta
Entre as ruínas
Do velho edifício da condição humana.
O infinitesimal da existência,
Que escapa a análise
E aos discursos,
É agora
Tudo que somos
Na  implosão de nossos egos
Em revolucionárias partículas
De individualidade.

sexta-feira, 22 de março de 2013

ESTRANHAMENTO

Não me reconheço
No som da minha voz,
Nos pequenos atos
Que escrevem a vida.
Não me reconheço
Em meus pensamentos
E memórias,
Na familiaridade
Dos rostos
Que deixei lá fora.
Não me reconheço
Em nada.
Quase não existo...

segunda-feira, 11 de março de 2013

MORALIA

Moro no subúrbio
Dos sonhos
E nos erros da imaginação.
Moro onde não existe
Abrigo
E a liberdade
Arde sobre a pele
Suja e tatuada
Pela ilusão de um chão.

quinta-feira, 7 de março de 2013

FRUSTRAÇÕES

Todas as coisas perdidas
Ou não vividas
Gritam em meu intimo.
Sofro suas ausências,
O quase desespero
De suas  irrealizações .
Falta-me
Algo sem forma ou nome,
Uma urgência.
O fato
É que
Sou em tudo
 Essas minhas coisas perdidas
Ou não vividas
Que me gritam
Por dentro.

segunda-feira, 4 de março de 2013

IMPASSE

Quase não há dia seguinte,


Apenas o passado quebrado

E inútil,

Obstruindo

O caminho do agora.



O tempo pesa nos ombros

E os pensamentos dormem.

Nada a fazer...

Pouco a querer...

O amanhã é neste instante

Um passo opaco

No horizonte.

IMPRECISÃO LÚDICA


Quantas vezes nos buscamos na liberdade lúdica dos fatos?


Nenhuma alegria povoa os dias sem um bom sopro de irresponsabilidade lúdica.

Precisamos sempre estar acertando contas com as formalidades e pragmatismos do dia a dia, despidos, mesmo que provisoriamente, de nossas coerências, comprometimentos e sociabilidades.

De que outra forma suportaríamos ser quem somos?

Todos precisamos de uma fuga, de algumas horas de evasão, que nos lembrem que nunca somos demasiadamente quem realmente somos...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

DITADO NÃO POPULAR



Quando seu dia correr contra sua existência.
Apenas viva,
Fora das coisas
E sem justificativas...

CONVICÇÃO TRÁGICA

As indisposições da realidade a minha pessoa quase me tiram do sério.

Estou sempre à espera do pior de cada dia, sofrendo, como nenhum outro, com a má vontade dos fatos.

Quase nunca as coisas acontecem a meu favor, como se o destino fosse o constante somatório de situações e fatos que me perseguem na contramão.

Melhor seria nada esperar de nada para que nada espere por mim no acumulo dos dias.

Mas admito: Eu espero o pior; O mais pragmático e trágico pior das coisas possíveis.

É uma escolha para qual fui feito, o amargo reconhecimento de uma tendência natural da procissão de acasos e descaminhos que me definem desde sempre a existência.

A fatalidade é meu único destino. Vivo a objetividade em estado bruto , sem ilusões de subjetivismos.

Afinal, já não cabem sujeitos no mundo.

Talvez nem exista mais um mundo...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O MITO DA FELICIDADE PERDIDA

Poucas vezes na vida temos a oportunidade de surpreender algum encanto de realidade que nos ofereça um bom sentimento de existência ou a confortável ilusão de uma felicidade qualquer.

Mas provar, mesmo que uma única vez, a existência com “intensa significância” é uma exigência da aventura humana. Precisamos cultivar boas lembranças, saber que em algum momento de nossas miseras vidas fomos felizes. Não importa o quão fútil seja a motivação de tal encanto ou sua perenidade.

O ironicamente relevante é observar que tal "encantamento" não se dá em função de qualquer qualidade objetiva dos fatos aos quais atribuímos esse significado mágico, normalmente eles não passam de mera banalidade. Sua numinosidade provém de idealizações ou projeções irracionais.

Poder-se-ia aqui falar de uma espécie de mito da felicidade perdida que carregamos dentro de nós mesmos a espera de um receptáculo qualquer.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

TRAVESSURA



Quero ser ninguem

E viver de nada.


Ser além do agora

Na imaginação

De um brinquedo,
inventar minha própria sorte.


Quero pular o muro,

Pisar nas flores

Do jardim vizinho,

Quebrar a janela

Da casa ao lado

Sem pensar no dia seguinte.

quero querer qualquer coisa
sem ter que negociar com o medo.