sábado, 14 de março de 2009

GREEN EYES


Na floresta aberta
Meus olhos se fizeram verdes,
Provando a terra,
O céu e o vento
Na mais viva realidade
Das sensações e desejos.

Violence against
Nature,
Denounced
By green eyes
Moving towards the future.

sexta-feira, 13 de março de 2009

ILUSION


Abracei em uma tarde fria
Um destino qualquer
Para viver de ilusões...

Serei como todo mundo,
Saberei saboreando o concreto
O fugidio momento
Que agora se perde vazio
Na realização dos atos.

Mergulharei na multidão
Correndo ao encontro do nada
Em poses de sentido
Com um discreto sorriso
De certeza de amanhã pretendido
E estética de ilusões.

Decorarei a face estática
Que me define
Com o brilho de um sol de outros mundos...

quarta-feira, 11 de março de 2009

ATOS IMPUROS: A VIDA DE UMA FREIRA LESBICA NA ITALIA DA RENASCENÇA by JUDITH C BROWN

Atos impuros: A vida de uma freira lésbica na Itália da renascença, da historiadora norte americana Judith C. Brown, é uma pesquisa bem documentada e original sobre as representações sociais da sexualidade configuradas pelo imaginário renascentista.
Chama atenção nesta narrativa histórica, as dificuldades que as autoridades ( homens...) da época enfrentavam para compreender a sexualidade lésbica na ausência de vocabulários e conceitos que lhes permitissem "ler" essa experiência feminina de modo adequado ou, ousaria dizer, satisfatório.
Cabe observar que, mais que a “sodomia masculina”, a “sodomia” entre as mulheres era o “pecado que não pode ser nomeado”; consequentemente os documentos de época sobre o tema são escassos, tornando-o um dos mais complexos campos de estudo da historia da sexualidade ocidental.
Por tudo isso, o caso de Benedetta Carlini de Vellano, a visionária abadessa das freiras Teatinas de Pescia, que viveu no séc. XVI, é um precioso e raro estudo de caso que, considerando o método e narrativa adotados por Judidth, também nos leva as fronteiras entre história e literatura.

NOTAS PARA UMA MORAL PÓS MODERNA

O cândido ideal ética universalista, ao contrario do que pensam alguns, tornou-se nos últimos tempos uma pretensão filosófica ingênua. Já não é mais possível conceber uma finalidade teleológica valida para todos os indivíduos.
A ética tornou-se uma questão individual, remetendo antes de tudo a qualidade das escolhas realizadas pelos indivíduos e seus desdobramentos coletivos. Mas tais escolhas já não são mais constrangidas por abstratas e pueris convenções e preceitos dogmáticos como ainda sonham os adeptos dos diversos neo fundamentalismos religiosos.
Uma ética pos moderna tem como ponto de partida uma espécie de principio de responsabilidade por tudo aquilo que escolhemos e fazemos. Pressupõe indivíduos cujo nível de consciência é suficientemente elevado para, transcendendo qualquer orientação moral coletiva pretensamente universalista, estabelecer sociabilidades positivas através do exercício de sua liberdade e do reconhecimento da pluralidade e diversidade como principio da vida humana.

ESPECTATIVA

Guardo sonhos
Perdidos
Em algum eu esquecido
No fundo da memória.

Guardo a lembrança
De coisas jamais vividas,
De reais ilusões de infância.


Pois aguardo o dia
De viver plenamente
A vida que me espera
A sombra de algum presente.

segunda-feira, 9 de março de 2009

CETICISMO

Sigo pela vida
Apenas existindo,
Prosseguindo,
Pura e simplesmente...

Um pouco de mim
Se perde em passado
Outro se faz futuro
Apesar das incertezas
Que pesam nos olhos.

SOBRE O 8 DE MARÇO


O 8 de março, comemorado ontem, ainda traduz uma necessidade vital da cultura ocidental de integração da mulher e do feminino como imagem simbólica e psicologica da condição humana, superando assim definitivamente as heranças partriacais e sexistas que durante séculos relegou a mulher a marginalização e desqualificação cultural no obscurantismo religiosamente justificado de uma idade dos homens... A apologia a mulher, não em suas representações idealizadas, mas como sujeito concreto e ativo do mundo criado todos os dias pelos atos e imaginações humanas, é engendrar novas maneiras de olhar, sentir e representar o mundo. Desafio que, de muitas maneiras, apenas começamos a vivenciar e formular cotidianamente a poucas décadas.

quinta-feira, 5 de março de 2009

PSEUDO AUTO IDENTIDADE


Posso viver
Em meus dias futuros
Das sobras
De antigas alegrias,
Dos murros na realidade,
Imaginando passados
Que nunca existiram...

Poso viver
Do mínimo de mim mesmo
Em rostos de fantasia,
Até o limite da dor
De ser quase eu mesmo
Em rostos de fantasias.

Mas prefiro viver
Em grito
E desafio de aceitar
O niilismo e liberdade
Da mera poesia de viver.

terça-feira, 3 de março de 2009

STEPHEN BANN E AS INVENÇÔES DA HISTÓRIA


AS INVENÇÕES DA HISTÓRIA: ENSAIOS SOBRE AS REPRESENTAÇÕES DO PASSADO, do historiador britânico STEPHEN BARNN, é uma coletânea instigante sobre os rumos e possibilidades da historiografia contemporânea. Embora tenha sido publicada originalmente nos inícios dos anos 90, ela ainda goza de atualidade pelos temas e questões que aborda. Cabe dizer que, decididamente não são poucos, indo desde a linguagem do fragmento histórico personificada pelos museus e antiquários do séc. XIX, passando pela imaginação histórica do escritor francês Vitor Hugo ou do falsificador literário Charles Bertran, pela relação entre a história e suas ciências irmãs de nascimento, ou seja, a medicina, o direito e o campo teológico, chegando aos tantos discursos da historiografia contemporânea, seu status estabelecido entre o fato, a fé e a ficção, a cartografia e a história da arte.
Esta erudita coletânea insere-se no cenário de um amplo debate internacional, ainda hoje em curso entre os historiadores profissionais, sobre as implicações de uma visão interdisciplinar das representações do passado e do tempo presente sob as formas convencionais já consagradas de se produzir a história enquanto historiografia. A peculiaridade de BARNN nesses ensaios é propor-se, como ele mesmo esclarece em seu prefácio, a ir um pouco além dessa discussão explorando a pluralidade de discursos e perspectivas que definem a historiografia contemporânea, aquilo que torna impossível defini-la no singular. Particularmente acredito ser mais apropriado hoje em dia o uso do conceito “ciências históricas” para definir o nosso complexo conjunto de discursos historiográficos onde, diga-se de passagem, o elemento subjetivo, individual, assume um papel cada vez mais relevante na construção dos discursos historiográficos ao definir e configurar um conjunto de opções metodológicas e sensibilidades:

“ ... Eu diria que esta coletânea de ensaios é altamente relevante para o debate sobre os usos contemporâneos da história que foram mencionados aqui- se esta é uma questão do “novo” contra o “tradicional”, ou da necessidade de historicizar os museus, casas e jardins e deste modo evitar a suavidade sintética de uma exposição desinformada. Mas obviamente eu não me proponho a solucionar qualquer aspecto deste debate. Minha abordagem foi mais no sentido de concentrar atenção sobre o que poderia ser chamado de arqueologia da história: as estruturas e conexões que tornaram possível, durante os últimos séculos, a emergência de um modelo integrado de representação histórica. Por exemplo, no primeiro ensaio, não estou preocupado prioritariamente com o crescimento da profissão histórica, nem com a relevância do que poderia ser chamado de historiografia normativa para a questão de como a história deveria ser ensinada nas escolas. Em vez disso, olho para as fronteiras em mutação entre a história profissional e os protocolos das veneráveis profissões do direito, da medicina e da teologia, sugerindo os modos pelos quais elas contribuíram para definir o espaço disciplinar no qual a história emergiu. Em meu ensaio de conclusão, olho para a mais recente e problemática área disciplinar da história da arte. Pode a arte ter uma história? Nenhum dos influentes porta vozes que escolhi como representantes de dois significativos pontos de vista contemporâneos veria essa pergunta como merecedora de uma resposta simples. Se meus três primeiros ensaios (interessados nas relações entre história e outros materiais textuais) enfatizam a importância dos registros trocados e partilhados, os três últimos abordam, assim, o status histórico da imagem. A descrição semiótica da imagem é utilizada, mas não de modo a excluir o investimento subjetivo do indivíduo.
(...)
As invenções da história são, portanto, para mim, decididamente plurais. Ainda assim, as mudanças de perspectiva e método que emprego são planejadas, em última instância, para indicar, como um fenômeno unificado, as diversas expressões e representações da imaginação histórica que pairam, uma após a outra, nestas páginas. Seria agradável se esta coletânea pudesse ter assumido a mesma forma poética unificada do encantador estudo de Anne Cauquelin, L’invention du paysage; que também é escrito tanto como uma exposição de códigos quanto como um relato de um investimento psicológico e pessoal.”

(Stephen Bann, As Invenções da História:ensaios sobre a representação do passado/ tradução de Flávia Villas Boas. SP: Editora da Universidade dEstadual Paulista, 1994, p. 17-19)

domingo, 1 de março de 2009

A PIECE OF THE FUTURE

Um pouco de futuro
Habita o presente
Soçobrado ao tempo.

Toma de empréstimo
Alguma relíquia perdida
No passado.

A piece of the future,
Very dangerous piece...

O futuro, afinal,
Não se faz de puro amanhã,
Mas da soma dos tempos
De uma vida inteira.