Há uma sonoridade na escrita que transcende as letras arrumadas em delicado artesanato sobre a tela branca.
Ela sabe mais nossos olhos do que os ouvidos, confundindo os sentidos nas testuras e movimentos do texto que se inventa na nervura de um real ausente.
A linguagem é viva, mutante, e indomável, quando livre do jogo da representação ou do vazio da comunicação ordinária.
Ela se torna esta sonoridade que inventa a potência do sopro da voz, sendo onda e movimento, no compor das letras. Ou qualquer outra coisa além da própria letra.
A muda melodia do significado que sempre foge, alucina as palavras dentro do branco da tela.
O corpo encontra a si mesmo e se transforma nas abstratas sensações que o expandem no mágico som de uma escrita.
As palavras transcendem a comunicação no inventar de universos e transvalorações.