quinta-feira, 28 de outubro de 2021

O SOM DA ESCRITA

Há uma sonoridade na escrita que transcende as letras arrumadas em delicado artesanato sobre a tela branca.
Ela sabe mais nossos olhos do que os ouvidos, confundindo os sentidos nas testuras e movimentos do texto que se inventa na nervura de um real ausente.
A linguagem é viva, mutante,  e indomável, quando livre do jogo da representação ou do vazio da comunicação ordinária. 
Ela se torna esta sonoridade que  inventa a potência do sopro da voz, sendo onda e movimento, no compor das letras. Ou qualquer outra coisa além da própria letra. 
A muda melodia do significado que sempre foge,  alucina as palavras  dentro do branco da tela.
O corpo  encontra a si mesmo e se transforma nas  abstratas sensações que o expandem no mágico som  de uma escrita.
As palavras transcendem a comunicação no inventar de universos e transvalorações.

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