O
tempo presente sempre nos escapa como vivência plena através da experiência precária
de cada momento. Ele se confunde, assim, com a permanente erosão de seu próprio esboço.
Este
presente colapsado e inconstante, que vinculamos a vivência concreta do
imediato de um agora, não é linear, nem cíclico, mas heterogêneo e múltiplo em sua fugacidade. Ele
não comporta, ainda, interpretações ou significados. Pois simplesmente acontece
a margem de todo sentido possível e do simulacro de qualquer memória. Ele é puro
esquecimento em sua unicidade , mas, simultaneamente, é sequência replicante de um outro de si sempre
atualizado.
É
a partir deste incerto agora que o tempo presente ganha forma e conteúdo
enquanto território de ação e durabilidade, como lugar do acontecimento e da
memória, como fato escrito em nossos corpos como ato e palavra.
Este
presente não é o efeito de qualquer passado, não semeia futuros possíveis. Ele é
a eternidade de seu próprio momento cujas fronteiras indefinidas configuram uma
experiência fluida do real. Trata-se de um tempo que é espaço, estado e matéria,
e não uma percepção abstrata do simples fluir das coisas.
Podemos
dizer também que ele é próprio a cada singularidade. Não é um tempo universal e
objetivo. Cada um vive seu próprio presente definido por sua trajetória especifica
no tempo e no espaço de sua existência.