quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

;BRANCURA DA FOLHA EM BRANCO

Lembrando Foucault , o ser da linguagem na "brancura da folha em branco" me leva a um silêncio, a um buscar sempre renovado de um dizer que inventa a morte e transcende o significante do significado contra a inutilidade do compulsivo esforço de sempre dizer. Todo livro é uma piada contra o vazio da linguagem.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

MUITO ALÉM DO MUNDO VERDADE


“...pode-se com efeito falar de processos de subjetivação quando se considera as diversas maneiras pelas quais os indivíduos ou as coletividades se constituem como sujeitos: tais processos só valem na medida em que, quando acontecem, escapam tanto aos saberes  constituídos como aos poderes dominantes. Mesmo se na sequência eles engendram novos poderes  ou tornam a integrar novos saberes. Mas naquele preciso momento eles tem efetivamente uma espontaneidade rebelde. Não há nenhum retorno ao “sujeito”, isto é, a uma instância dotada de deveres, de poder e de saber. Mais do que processos de subjetivação, se poderia falar principalmente de  novos tipos de acontecimentos que não se explicam pelos estados de coisa que os suscitam, ou nos quais eles tornam a cair. Eles se elevam por um instante, e é este momento que é importante, é a oportunidade que é preciso agarrar.”

Gilles Deleuze in CONVERSAÇÕES

Nossas representações da vida não devem ser inspiradas por idealizações normativas, pela ditadura da verdade. Nossos enunciados não transformam o mundo e muito menos o esclarecem. É o acontecer imediato da existência, em sua ilegibilidade, que engendra a vida como co- habitar o mundo através da linguagem. Tal espontaneidade é o que nos torna acontecimento além do jogo entre significante e significado, mas ela é perecível, descontinua. Apenas pode proporcionar a embriaguez de um instante singular.  


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

CLANDESTINIDADE

A clandestinidade é uma condição ontológica. Tornar-se um indivíduo não é ser alguém, viver um nome, realizar coisas, mas aprender a lidar com a própria clandestinidade como uma condição da singularidade que nos recorta na multiplicidade de coexistência de pessoas e coisas.

Não somos sujeitos, somos um emaranhado confuso de contradições, de experiências e processos articulados em uma unidade imaginária chamada " Homem".

A DECADÊNCIA DAS PALAVRAS

Envolvidos cotidianamente por um fluxo de palavras cegas, exprimindo sempre o supérfluo,  reduzimos o dizer a informação,  a redundância mimética das referências comuns. A Internet levou as últimas consequências a dispersão discursiva iniciada pelo rádio e pela televisão. Um silêncio tagarela nos define como indivíduos e como coletivos. Na era da informação perdemos até mesmo a capacidade de escutar.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

O SIMULACRO DA IDENTIDADE

Existe uma exterioridade do discurso em relação a quem o escreve, uma autonomia do dizer que define a possibilidade de comunicação e formulação.  Então, se a identidade é um atributo de nossas falas, ela também é uma desconstrução de nós mesmos como sujeitos ou produtores de discurso, pois reduz o discurso a uma máscara. A identidade com aquilo que dizemos é tão artificial e falsa quanto uma bandeira empunhada. A bandeira não fiz a si mesma, não significa em sua própria existência. Mas simboliza. Remete a algo que a transcende. Neste sentido, ninguém tem identidade, mas pertence a ela negando a si mesmo. Toda identidade é simulacro.

A MÁSCARA DA SEXUALIDADE

A sexualidade é uma máscara de identidade elementar. Antes de tudo nos reconhecemos como homens e mulheres e, portanto,  nossa condição de sujeitos é dada pela sexualidade. Nossa possibilidade de inventar discursos  são condicionadas à isso. Nossas vozes não são livres da marca da sexualidade. Mesmo o homo erotismo reproduz papéis masculinos e femininos em suas dinâmicas afetivas. Tal fato torna enigmática a pergunta: O que é, afinal, uma pessoa?

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

IDENTIDADE E DIVERSIDADE


Apesar de nossa tendência a associar identidade com singularidade, não existe identidade sem diversidade e sem homogeneizações dentro desta mesma diversidade. A identidade é um atributo tanto individual quanto coletivo. Por isso é pertinente questionar se quando falamos de identidade, reportando a singularidade de um determinado individuo, estamos nos referindo a  mesma coisa quando atribuímos identidade a um conjunto de indivíduos.

Se identidade é mais do que simples identificação, podemos arriscar dizer que a palavra possui  nos dois casos  significados distintos. Para o individuo, em relação a si mesmo, identidade é auto consciência e diferenciação. Para um grupo de indivíduos que se reconhecem como semelhantes ou associados por um conjunto de crenças, atividade ou afeto compartilhado, identidade é um perder-se de si através do grupo. Nos dois casos a experiência da identidade tem resultados opostos. Mas se grosso modo identidade  refere-se aquilo que é idêntico, a reconhecimento, ela é a busca de uma verdade seja de um individuo ou um conjunto de indivíduos. A questão é se podemos atestar a autenticidade  a partir de uma verdade. Isto é, reduzir identidade a uma espécie de rótulo, a ponto da identidade não passar de uma persona.

Assim, toda identidade é superficial e esconde uma indeterminação mais profunda que revela a diversidade como um atributo de indivíduos e grupos. A própria identidade é diversa. Existem identidades plurais, múltiplas, fluidas e fixas que  interagem e nos configuram.Essencialmente, somos diversos e indeterminados.



quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

SOBRE O DIZER DAS COISAS


A vida transmutada em palavras abertas não é o acontecer das coisas,
É um pensamento que pensa a si mesmo inventando as coisas como representação,
Como significado e significante no jogo verbal do sentido de um enunciado.
Mas a vida em si é ilegível e silenciosa. Não cabe no dizer das coisas. Mas este dizer é o que somos...

ÉTICA


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

O QUE OU QUEM SOU EU?


Viver é exteriorização constante e não um movimento em direção a uma abstrata identidade e egoica.

A vida é um modo de perder-se nas coisas e situações. É o fato de a todo instante surpreender um outro em si mesmo como linguagem e consciência.

Afinal, quem sou eu?
O que sou eu?