( a vida) "será mais bem vivida se não tiver um sentido único, mas muitos sentidos diferentes. (...) precisamos de uma história que nos eduque para a descontinuidade de um modo como nunca se fez antes; pois a descontinuidade, a ruptura e o caos são o nosso destino."
WHITE, Hayden. The burden of History, History and Theory. 1966, p.56.
“ Esse mundo cada vez mais exterior lembra de um outro participante do jogo, mais do que o indomável fixador de normas, e o de um árbitro que não admite apelação; e como que um participante de um jogo cujas regras são feitas e refeitas no curso da diputa. A experiência de viver em tal mundo é a experiência de um jogador, e na experiência de jogador não há meio de se falar da necessidade de acidente, determinação de contingência: não há senão os movimentos dos jogadores, a arte de jogar bem com as cartas que se tem habilidade e de fazer o máximo com elas.
A ação humana se torna menos frágil e errática: é o mundo em que ela tenta inscrever-se e pelo qual procura orientar-se que parece ter se tornado mais assim. Como pode alguém viver a sua vida como peregrinação de relicários e santuários são mudados de um lado para o outro, são profanados, tornados sacrossantos e depois novamente ímpios num tempo mais curto que levaria a jornada para alcança-los? Como pode alguém investir numa realização de vida inteira, se os valores hoje são obrigados a se desvalorizar e, amanhã, a se dilatar? Como pode alguém se preparar para uma vocação da vida, se habilidades laboriosamente adquiridas se tornam dívidas um dia depois de se tornarem bens? Quando profissões e empregos desaparecem sem dar notícia e as especialidades de ontém são os atolhos de hoje? E como se pode fixar e separar um lugar no mundo se todos os direitos adquiridos não o são senão até segunda ordem, quando a cláusula de retirada à vontade está escrita em todo contrato de parceria? Quando todo relacionamento não é senão um “simples” relacionamento, isto é um relacionamento sem compromisso e com nenhuma obrigação contraída, e não é senão amor “ confluente”, para durar não mais do que a satisfação que é derivada.”
“ A linha de chegada avança junto com o corredor, e as metas permancem continuamente distantes, enquanto se tenta alcança-las. Muito adiante recordes continuam a ser quebrados.”
“ A determinação de viver um dia de cada vez, e de retratar a vida diária como uma sucessão de emergências menores, se tornaram os princípios normativos de toda estratégia de vida racional.”
” O “lar”, enquanto na “nostalgia”, não é nenhuma das verdadeiras edificações de tijolo e argamassa, madeira ou pedra. O momento em que a porta é trancada do lado de fora, o lar se torna um sonho. O momento em que a porta é trancada pelo lado de dentro, ele se converte em prisão. O turista adquiriu o gosto pelos espaços mais vastos e, acima de tudo, completamente abertos.”
In O MAL ESTAR NA PÓS MODERNIDADE, Sygmut Baumman
"O pós-modernismo é um movimento contemporâneo. É forte e está na moda. E sobretudo, não é completamente claro o que diabo ele é. Na verdade, a claridade não se encontra entre os seus principais atributos. Ele não apenas falha em praticar a claridade mas em ocasiões até a repudia abertamente..."
“...Mas os românticos escreveram poesia. Os pós-modernos também se entregam ao subjectivismo, mas o seu repúdio por disciplina formal, a sua expressão de profunda turbulência interna, é expressa em prosa académica, destinada à publicação em distintos jornais, um meio de assegurar a promoção ao impressionar os comités apropriados. Sturm und Drang und Cargo pode muito bem ser o seu slogan.”
Tempérie, ímpeto e Cargo by Ernest Geliner