sábado, 4 de janeiro de 2025

A AFIRMAÇÃO DO NADA

Sou senhor do meu íntimo nada.
Sou  corpo, mais do que pensamento.
Sou coisa, eu e um outro
se apropriando do mundo,
afirmando,
entre  liberdade e  necessidade,
a micro imensidão de ser nada.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

PRINCÍPIO DO PRAZER

Quem pode em sã consciência duvidar que o bem estar e o prazer sensual definem nossa relação com o mundo material?

 Acima de todas as opiniões, valores e crenças, acredito no hedonismo como elementar inspiração de todo ser vivo.

 Tudo que vive busca sua própria paz, eis a mais elementar filosofia para uma nova terra e uma nova era além de toda moral e humanismo.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

O TEMPO E A VIDA

A vida passa. 
O tempo não.
 
Ele constantemente ultrapassa 
tudo que foi e será
em sua invariável duração.

 O tempo, afinal, é constante 
contra um mundo que quase não existe. 
Pois existir é, fundamentalmente, 
fluxo e indeterminação.

A vida passa.
O tempo não.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

NINGUÉM

Ninguém sabe,
ninguém vê,
ninguém pensa,
ninguém faz,
ninguém age,
ninguém bate.

Ninguém é alguém.
Mas a grande questão 
é quem...

sábado, 28 de dezembro de 2024

QUESTÃO DE VERDADE E DE VAIDADE



Todo mundo quer ter voz,
opinião, produzir e afirmar verdade,
ditar o certo, o errado,
e fazer valer sua própria versão de uma justa realidade.

Todo mundo quer ser senhor do bem e do mal,
saber demais, ouvir de menos,
ter sempre uma solução,
ser absoluto senhor da mais absoluta razão.

Todo mundo, por vaidade,
quer sempre um  tudo dentro de um nada,
ser um esclarecido déspota,
um prepotente iluminista.



quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

ELEMENTAR NIILISMO


O homem não é a medida
de coisa alguma ,
a vida é uma ilusão da matéria 
e a natureza não é matemática.


Não há deus ou razão 
que explique o universo,
a biologia ou a civilização.

A existência é um assignifante exercício de nada para o nada e através do nada.
 





sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

FIM DE ANO


É, mais uma vez,
fim de ano.
Tempo de consumo,
hipocrisia e festa.

O mundo segue,
como sempre,
de mal a pior.
Mas hoje isso não importa.
É  tempo de reeditar a bleguice natalina
e a estupidez do réveillon.

Vamos fingir que tudo vai bem.
Pois é tempo de consumo,
hipocrisia e festa.
É, mais uma vez,
fim de ano.



quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

CONTRA O CONFORMISMO

Venho tentando,
na contramão da realidade,
 fazer qualquer coisa 
que me anime a existência.

Não busco com isso nenhum motivo
para imaginar futuros alternativos
ou inspiração para cultivar esperanças e utopismos.

Que fique aqui bem claro:
Não quero criar bandeiras ou fundar partidos.

Me basta qualquer coisa tola e pequena,
 que  rompa, sem grande alarde, 
com  todo nosso escandaloso conformismo.
Quero cultivar espantos.

Contento-me com o vigor de um susto,
de um uivo, de um cuspe, e,
talvez, até, de um suicídio,
que traduza toda perplexidade de estar vivo contemplando disparates e absurdos.






sábado, 30 de novembro de 2024

A NEGAÇÃO DE SER


Sou livre de todo destino, 
moral ou sina.
Nenhum deus me guia,
nem busco qualquer companhia.
Pois não nasci para constituir família,
nem cresci para fazer fortuna.

Meu futuro é me perde de ser.
É desacontecer, 
viver intensamente minha queda
no raso abismo da realidade
até, por fim, desaparecer.



















 


sexta-feira, 29 de novembro de 2024

A ARTE DE VIVER


Não me conformo a prisão 
de uma língua ou nacionalidade.
Não carrego o peso de tradições,
identidades ou ancestralidades.

Viver é para mim evadir-se,
não ser em si.
Por onde vou sou liberdade
e sempre estou de passagem.
Pois nada me prende a nada.
Vivo apenas para morrer.