quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

ETERNO RETORNO

Dança sempre e novamente
a novidade antiga
das cirandas de múltiplas infâncias.
Dança a eternidade
e o retorno do instante.
Dança a musica cega da vontade,
onde o trágico inventa o mais que humano.
O tempo ri de nossos limites.
O tempo é sempre outro
contra si mesmo.
Através dele tudo é vontade,
potência e intensidade
do ser e do não ser,
contra toda ilusão de verdade.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

OS RESPIRANTES

O grande problema
é que ainda respiramos.
Mesmo onde o ar é pesado,
a esperança doente,
e a paisagem é um deserto...

Mesmo onde a vida agoniza,
onde tudo é impossível,
teimosamente respiramos,
até o limite do insuportável.

Respiramos o mal cheiro do mundo,
banalizamos a morte,
e sobrevivemos,
apesar de tudo.

compartilhamos um riso asmático 
um abraço de monóxido,
e seguimos em sempre em frente.
Afinal, não somos flores,
somos algo ignóbil chamado gente
e nos sentimos prepotentemente eternos.

MUDANÇA

 

A vida é sempre mudança.

Mesmo quando o momento

nos pesa nas costas,

impera a incerteza,

a transitoriedade de todas as experiências,


Mesmo quando seguimos enterrados

em um hoje sem amanhã,

tudo é provisório e sem conclusão.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

AGONIA ONTOLÓGICA



Ultrapassei a fronteira do suportável,
do digerivel e do razoável.

Agora tudo em mim transborda
na festa do caos.

Sou conposto por ansiedades e intensidades
na virulência arcaica do fato de existir,
de não ser apenas um nada
onde tudo é impossivel.

 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

DESPERSONALIZAÇÃO

 

Tudo que sinto e penso

dentro do mundo vira silêncio,

dissolve-se no comum,

no impessoal exercício do rosto,

do corpo,

através do artifício de ser um indivíduo

como qualquer outro

perdido na multidão.




terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

CONSELHO NIILISTA

Diante do absurdo do mundo, a descrença absoluta é a única convicção ainda digna de confiança.
Acrwditar em alguma coisa em tempos onde imperam a tecnologia e todo conhecimento possível é reduzido a informação  é atentar contra o entendimento.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

DA INTIMIADADE DO INSTANTE

Saber o ínfimo,
Sentir o finito,
Até que o instante
Seja absoluto,
Pulsante,
Explosivo,
Em todas as suas variantes,
Na intimidade do quase agora.

sábado, 6 de fevereiro de 2021

DIZER ABERRANTE

Dentro do tempo
Tudo acontece
Sempre tarde demais.
Mas a palavra transcende
A memoria e o ato,
Desfaz o labirinto do agora,
Inventa outro tempo,
Cria mundos,
Onde eu pensava ser único,
Uma vitima do absurdo,
Sem perceber a eternidade
Como uma festa do caos
Além do possivel de qualquer tempo.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

RESISTÊNCIA E NÃO SENTIDO

Cada um deve criar para si seu próprio plano existencial de assignificações, seu território de angustias, sua economia de silêncios, contra o predatório fluxo de signos atraves do qual nos fere o mundo em ato não declarado de guerra.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

A ARTE TRÁGICA

A arte trágica é aquela que afirma a vontade de potência contra a vontade de saber. No lugar da verdade como confissão moral, do saber como logos, ela propõe a violência do devir, o dionisíaco,  a criação e a gravidez como estratégias de imanência e invenção de linguagens e mundos , virtualidades... significação além de toda representação. Pois ela é  movimento sem finalidade.

A arte trágica é o saber da terra, da vida sem adjetivos, que nos inventa a morte como liberdade, contra todo ideal transcendental. Ela é o ficcional de uma racionalidade imagética e instintiva, pulsional, telúrica, selvagem e radicalmente libertária. Ela é uma formas de vida, contra condutas, movimentos aberrantes.

Tal forma de arte é um aprendizado de pele, um explorar do invisivel do mais extremo invisível do sensível. Ela não é um exercício de domínio, mas de queda e perdição.