quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

MUDANÇA

 

A vida é sempre mudança.

Mesmo quando o momento

nos pesa nas costas,

impera a incerteza,

a transitoriedade de todas as experiências,


Mesmo quando seguimos enterrados

em um hoje sem amanhã,

tudo é provisório e sem conclusão.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

AGONIA ONTOLÓGICA



Ultrapassei a fronteira do suportável,
do digerivel e do razoável.

Agora tudo em mim transborda
na festa do caos.

Sou conposto por ansiedades e intensidades
na virulência arcaica do fato de existir,
de não ser apenas um nada
onde tudo é impossivel.

 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

DESPERSONALIZAÇÃO

 

Tudo que sinto e penso

dentro do mundo vira silêncio,

dissolve-se no comum,

no impessoal exercício do rosto,

do corpo,

através do artifício de ser um indivíduo

como qualquer outro

perdido na multidão.




terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

CONSELHO NIILISTA

Diante do absurdo do mundo, a descrença absoluta é a única convicção ainda digna de confiança.
Acrwditar em alguma coisa em tempos onde imperam a tecnologia e todo conhecimento possível é reduzido a informação  é atentar contra o entendimento.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

DA INTIMIADADE DO INSTANTE

Saber o ínfimo,
Sentir o finito,
Até que o instante
Seja absoluto,
Pulsante,
Explosivo,
Em todas as suas variantes,
Na intimidade do quase agora.

sábado, 6 de fevereiro de 2021

DIZER ABERRANTE

Dentro do tempo
Tudo acontece
Sempre tarde demais.
Mas a palavra transcende
A memoria e o ato,
Desfaz o labirinto do agora,
Inventa outro tempo,
Cria mundos,
Onde eu pensava ser único,
Uma vitima do absurdo,
Sem perceber a eternidade
Como uma festa do caos
Além do possivel de qualquer tempo.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

RESISTÊNCIA E NÃO SENTIDO

Cada um deve criar para si seu próprio plano existencial de assignificações, seu território de angustias, sua economia de silêncios, contra o predatório fluxo de signos atraves do qual nos fere o mundo em ato não declarado de guerra.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

A ARTE TRÁGICA

A arte trágica é aquela que afirma a vontade de potência contra a vontade de saber. No lugar da verdade como confissão moral, do saber como logos, ela propõe a violência do devir, o dionisíaco,  a criação e a gravidez como estratégias de imanência e invenção de linguagens e mundos , virtualidades... significação além de toda representação. Pois ela é  movimento sem finalidade.

A arte trágica é o saber da terra, da vida sem adjetivos, que nos inventa a morte como liberdade, contra todo ideal transcendental. Ela é o ficcional de uma racionalidade imagética e instintiva, pulsional, telúrica, selvagem e radicalmente libertária. Ela é uma formas de vida, contra condutas, movimentos aberrantes.

Tal forma de arte é um aprendizado de pele, um explorar do invisivel do mais extremo invisível do sensível. Ela não é um exercício de domínio, mas de queda e perdição.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

VIRTUALIDADE

Meu momento é o intempestivo,
O inconcebível do pleno acontecer do sem nome.
Minha vida é o amanhã adiado de um passado esquecido
Em qualquer amanhã ainda impossível,
O porvir que atravessa todos os tempos do mundo
E arde como relâmpago na imaginação dos homens.

sábado, 23 de janeiro de 2021

PALAVRA, FORMA DE VIDA, E A HISTÓRIA COMO VERDADE DA FICÇÃO

"...através de quais jogos de verdade o ser humano se reconhece como homem de desejo?"
Michel Foucault in Historia da Sexualidade II: O Uso dos Prazeres


Pertencer a uma maneira de viver (bios) é construir a si mesmo através da diferença, do estranhamento e vertigem que margeiam a tendência ao sedentarismo de uma identidade individual e coletiva. Produzir-se como forma de vida é realizar uma pragmática ou subjetivação da verdade contra o dizer verdadeiro de uma consciência domesticada pela confissão coletiva da verdade.
 
Verdade deixa de ser aqui uma tecnologia de assujeitamento, uma narrativa de fatos encadeados teleologicamente para apaziguar consciências no visível e dizivel da ordem e dos valores de uma racionalidade dominante.
 
A verdade, torna-se aqui , processo vivido na produção dos corpos, momento/movimento da produção de ficções históricas que em nada lembram os objetos opacos da historiografia. Pois se inscrevem na geografia de um pensamento movente inspirado por um diagnóstico do tempo presente, que insinua o inédito de novos modos de vida.
Parafraseando Hannah Arendt em A Condição Humana, através de nossas palavras e atos que nos inserimos no mundo humano, que sofremos um segundo nascimento, confirmando e assumindo o fato de nosso simples aparecimento físico original.