sábado, 23 de janeiro de 2021

PALAVRA, FORMA DE VIDA, E A HISTÓRIA COMO VERDADE DA FICÇÃO

"...através de quais jogos de verdade o ser humano se reconhece como homem de desejo?"
Michel Foucault in Historia da Sexualidade II: O Uso dos Prazeres


Pertencer a uma maneira de viver (bios) é construir a si mesmo através da diferença, do estranhamento e vertigem que margeiam a tendência ao sedentarismo de uma identidade individual e coletiva. Produzir-se como forma de vida é realizar uma pragmática ou subjetivação da verdade contra o dizer verdadeiro de uma consciência domesticada pela confissão coletiva da verdade.
 
Verdade deixa de ser aqui uma tecnologia de assujeitamento, uma narrativa de fatos encadeados teleologicamente para apaziguar consciências no visível e dizivel da ordem e dos valores de uma racionalidade dominante.
 
A verdade, torna-se aqui , processo vivido na produção dos corpos, momento/movimento da produção de ficções históricas que em nada lembram os objetos opacos da historiografia. Pois se inscrevem na geografia de um pensamento movente inspirado por um diagnóstico do tempo presente, que insinua o inédito de novos modos de vida.
Parafraseando Hannah Arendt em A Condição Humana, através de nossas palavras e atos que nos inserimos no mundo humano, que sofremos um segundo nascimento, confirmando e assumindo o fato de nosso simples aparecimento físico original.



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