Poetizar a verdade é despir o verdadeiro de seu poder de coerção e normalização, reduzi-lo a um prazer estético, a um modo de expressão sem qualquer intenção a disciplinar uma ordem discursiva ou estabelecer protocolos as nossas vivências.
Poetizar a verdade é ligar afeto e pensamento, o dizer
ao prazer, tomando a produção da verdade não como exercício de significação, mas como invenção
de uma estética do mundo. O que se
apresenta como verdadeiro é o próprio ato de habitar o mundo e a si mesmo como
uma linguagem viva, como texto abstrato legível ao pleno dispor de nossos
corpos. Poetizar a verdade é saber um mundo que nos antecede e ultrapassa, é render-se ao existente, confundir-se com ele, como um instante de poesia.