terça-feira, 18 de junho de 2019

PRECARIEDADE EXISTENCIAL




Entre sucatas contemplo a fragilidade da vida,
Apreendo a precariedade das coisas.

Sou corpo dentro de corpos,
Entre corpos,
Na paisagem viva
Que transcende a ilusão do rosto.

A meio caminho do orgânico e do inanimado
Componho atos, inercias
E acontecimentos mudos.

Há quem diga que existo.

Eu, pessoalmente duvido disso.

A MISÉRIA DA MEMÓRIA

Afinal, o que define o tempo é a memória e não o suceder de fatos e deslocamentos de nossa experiência cotidiana.

O amanhã é pleno de ontem. Há muito passado no nosso futuro. 

O passado não para de crescer realizando a brutalidade do esquecimento. 

O tempo é um modo do não ser.

sábado, 15 de junho de 2019

O ABISMO DO CONHECIMENTO



O conhecimento é um aprendizado de queda e vertigem.
Conhecer é cair profundamente de si mesmo,
É mergulhar no abismo do mundo,
Desaparecer no fundo da linguagem,
Tornar-se impuro,
Descrente,
Inimigo de toda verdade.


O conhecimento só é possível a uma consciência selvagem que não se limita as grades de qualquer saber.

domingo, 9 de junho de 2019

EXPERIÊNCIA URBANA

Na geografia urbana cada um de nós é apenas um ponto em deslocamento . Mas cada ponto realiza a paisagem na invenção de um território. 

A cidade é experimentação e movimento, deslocamento constante. Ela respira através dos seus fluxos. 

A cidade é um labirinto de cenários vivos.

sábado, 8 de junho de 2019

ESTRANGEIRISMO E IDENTIDADE

A experiência do outro é a experiência do estrangeiro. E o estrangeiro está em todas as partes quando nos confundimos com uma identidade.


O lugar do nós define o não lugar do outro, o vazio de si. Buscamos o familiar,  o autoritário plano da igualdade. 

Exigimos do mundo a semelhança, o abrigo da homogeneidade,  para torna-lo seguro, habitável. 

Nunca nos damos conta de que somos também um estrangeiro e que não há identidade que não nos desconstrua na invenção de subjetividades. A diferença nos incomoda pelo simples fato de ser alheia, fora de nós.

O temor do desconhecido é um dos instintos mais primitivos.

SEM PRECONCEITOS

Gosto de experimentar cada acontecimento do lado de fora do pensamento.


Procuro saber as coisas sem recorrer as pré definições, valores, e certezas ditadas pela imaginação social.

Tudo para mim é um pouco inclassificável, inconclusivo.
Não tento domesticar este grande absurdo que é a existência.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

PASSADO



O passado escapa a lembrança...
Foge a identidade,
Ao fatos e interpretações.

Ele só pode existir através do agora.
É como um sonho,
Quase uma sombra,
De qualquer impossível porvir.

O passado dilui-se no devir.
Quase não é memória.
É presença, marca,
Vestígio...


segunda-feira, 3 de junho de 2019

A ARTE DE OLHAR


Poder olhar livremente,
Pensar sem o peso do dizer a verdade,
É a grande virtude do niilismo.

Toda convicção não passa de um ardil,
De um jogo moral,
Que nos escraviza a qualquer identidade
e ponto de vista.

Enxergamos quando o olhar não tem necessidade de ver,
Quando não há vontade de descrever.

A visão ultrapassa o limite dos olhos.

sábado, 1 de junho de 2019

VIDA E SONORIDADES


Existe uma sonoridade que define a ambientação, nosso modo de estar entre as coisas. 

Sonoridade sempre corporifica uma ação. Há sons de trabalho, de alegria, de tristeza, de presença, de alimentação. Toda atividade tem sua própria expressão sonora. 

Por isso a música não nos comunica um estado de espírito, mas uma ação. Musicalidade é uma estética do movimento.