O cultivo de nossas lembranças nos definem no tempo virtual de nossa consciência, orienta nossa existência no sentido de identidades. Mas a verdade é que não passa de uma didática de perdas e transformações que nos lança ao desabrigo de nossa singularidade. Onde sei quem sou má defino mundo, alheio a mim mesmo é passageiro de pessoas e lugares que desenham acontecimentos. Mas não há substância no acontecer das coisas.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
terça-feira, 14 de agosto de 2018
segunda-feira, 13 de agosto de 2018
DIFERENÇA E CONTEMPORÂNEIDADE
“No ser, a profundidade e a
intensidade são o Mesmo - mas o mesmo que se diz diferença. A profundidade é
intenidade do ser ou inversamente. E dessa profundidade intensiva, desse
spatium, saem ao mesmo tempo, a extensia e o extensum, a qualitas e o quale.”
Guilles Deleuze in Diferença e Repetição
O que é a diferença? Seguindo os passos de Deleuze podemos responder de
forma complexa a esta questão falsamente simples partindo da premissa de que
ela é o oposto da identidade. Como disse Nietzsche em Verdade e mentira do ponto de vista extra
moral, “Nunca uma folha é inteiramente igual a outra.” Contrariando o mundo
verdade da identidade da razão representativa, o ser é diferença e multiplicidade. Este é o afeto
que nos transforma através de novos agenciamentos e maquinações de um
pensamento nômade, que foge ao jogo dos significantes e dops significados.
Percebemos que somos em multiplicidades, que no além do saber verdade
das praticas discursivas tradicionais, nos confrontam com a univocidade do
acontecimento dos seres. Somos, assim, cada um de nós, o lugar do não lugar que
percorre todas as coisas, inventando-se como singularidade entre diferenças e
repetições.
É a diferença e não a identidade que nos define em um mundo cada vez
mais descentrado. Ela nos lança, através do pensamento, no abismo
indiferenciado das singularidades impessoais, onde não existem sujeitos a
priori. O ser é, em poucas palavras, um produto do caos. A diferença é
basicamente simulacro que nos situa em um espaço descodificado, liso, que nos
conecta a exterioridade de nós mesmos através das coisas, onde somos meros
estetas de nossas próprias vidas.
Parafraseando Deleuze em Logica do Sentido, imersos na dupla direção do
mundo, vivemos o paradoxo daquilo que destrói o bom senso como sentido único,
mas, em seguida, o que destrói o senso comum como designação das identidades fixas
em um devir sempre inacabado.
O mundo contemporâneo é o mundo dos simulacros onde as identidades são
simplesmente simuladas subvertendo seus próprios modelos. Pensando em Platão,
cabe dizer que a diferença começa a sair de sua caverna e deixa de ser um
monstro.
sexta-feira, 10 de agosto de 2018
quinta-feira, 9 de agosto de 2018
A EXPERIÊNCIA DO MUNDO
A distinção entre o sensível e o inteligível é um equívoco da razão representativa, do falso jogo do Ser e do devir. A experiência da existência é diluir-se entre coisas e processos múltiplos e simultâneos, em micro e macro processos e experiências de ver e dizer. Mas é através do nada de nossas praticas discursivas que toda a realidade é inventada como consciência e significado, como o acontecer de um sentido que nos consome e ultrapassa. Cada um de nós é incapaz de dar conta da experiência do mundo, das diversas manifestações do nada que preenche de existência tudo que se faz possível como realidade vívida.
terça-feira, 7 de agosto de 2018
O QUE É LIBERDADE?
A liberdade não é um fundamento ontológico da condição humana. Em nossa relação com o mundo somos definidos pela necessidade.
A liberdade é uma construção, um artificio, que se confunde com uma ética e uma estética de vida. Desta forma ela modifica o modo como interiorizamos o mundo como acontecimento, como fluxo constante de experiências diversas.
Liberdade é elevar a imaginação e a arte a condição de afeto mediante diversas estratégias de des subjetivação
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
O QUE SOMOS NÓS? SOBRE FOUCUALT E A HERMENEUTICA DO PENSAMENTO
Uma passagem de Paul Vayne em
Foucault: O Pensamento, A Pessoa, nos instiga a pensar as formações históricas
e as práticas discursivas que circulam e configuram uma época e sociedade:
“ Em cada época, os contemporâneos encontram-se assim fechados em
discursos como em aquários falsamente transparentes, ignoram quais são e até
que existe um aquário. As falsas generalidades e os discursos variam através do
tempo; mas, em cada época, passam por verdadeiros. De tal modo que a verdade é
reduzida a dizer a verdade, a falar conforme o que se admite ser verdadeiro e
que fará sorrir um século mais tarde.”
A originalidade da pesquisa
foucaultiana está em trabalhar sobre a verdade no tempo sem, entretanto, cair
em qualquer forma de relativismo. O sujeito do conhecimento não é soberano, já
o sabemos desde Freud e Nietzsche, tal premissa inspira em Foucault uma hermenêutica
das práticas discursivas ou estabelece o domínio de uma espécie de “inconsciente do saber”
no além dos universais antropológicos.
O discurso se impõe como um a
priori histórico configurado por dispositivos de saber/poder, estabelece um
regime de verdade que define, em todos os níveis das praticas cotidianas, o
verdadeiro e o falso, o possível e o impossível. A ontologia diferencial de nós
próprios torna-se neste contexto, parafraseando Paul Vayne, uma exegese histórica
de nossos limites, nos permite ousar pensar diferente, em vez de legitimar
aquilo que já se sabe.
Trata-se aqui de pensar a atualidade
da Filosofia como um trabalho critico do pensamento sobre si mesmo, como uma
critica permanente da precariedade de nosso ser histórico.
Afinal, o que somos nós?
sexta-feira, 3 de agosto de 2018
NIETZSCHE E A FILOSOFIA DA VONTADE: UMA RELEITURA
“A filosofia da vontade, segundo Nietzsche, deve substituir a antiga
metafísica: ela a destrói e a ultrapassa. Nietzsche acredita ter feito a
primeira filosofia da vontade; todas as outras eram metafísica. Tal como a
concebe, a filosofia da vontade tem dois princípios que formam a alegria da mensagem:
querer = criar, vontade = alegria.”
Guilles Deleuze in Nietzsche e a
Filosofia
A crítica contemporânea ao saber
e seus territórios disciplinares é uma critica não apenas as relações
institucionais de poder que ele engendra. É também uma recusa de suas técnicas do
dizer/verdade ou, mais especificamente, da teoria da representação. É através
dela que se estabelecem os assujeitamentos, a adequação dos indivíduos a práticas
discursivas que materializam uma normatização da vida e configuração artificial
da realidade, que nos são impostas meta narrativas que funcionam como um
conjunto de forças, como um dispositivo. Atribuir sentido, interpretar signos e
símbolos, desta forma,tem se confundido desde o Platonismo, com o esforço
social de engendrar modos de vida e valores que nos conformam ao rebanho. O
conhecimento é visto como o dizer verdadeiro e, por isso, ungido a condição de
norma e arbitro de relações de poder ou de controle pelo seu valor de verdade,
pela capacidade de organizar a sociedade, a partir do critério do verdadeiro e
do falso.
Uma filosofia da vontade, tal
como proposta por Nietzsche, destina-se, ao contrário, a criar vida, a
elevar-se ao poder do falso, da arte, da criação de novos valores, que
estabelecem o devir ativo como identidade criadora do poder e do querer que
apontam para novas formas de vida.
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