Uma passagem de Paul Vayne em
Foucault: O Pensamento, A Pessoa, nos instiga a pensar as formações históricas
e as práticas discursivas que circulam e configuram uma época e sociedade:
“ Em cada época, os contemporâneos encontram-se assim fechados em
discursos como em aquários falsamente transparentes, ignoram quais são e até
que existe um aquário. As falsas generalidades e os discursos variam através do
tempo; mas, em cada época, passam por verdadeiros. De tal modo que a verdade é
reduzida a dizer a verdade, a falar conforme o que se admite ser verdadeiro e
que fará sorrir um século mais tarde.”
A originalidade da pesquisa
foucaultiana está em trabalhar sobre a verdade no tempo sem, entretanto, cair
em qualquer forma de relativismo. O sujeito do conhecimento não é soberano, já
o sabemos desde Freud e Nietzsche, tal premissa inspira em Foucault uma hermenêutica
das práticas discursivas ou estabelece o domínio de uma espécie de “inconsciente do saber”
no além dos universais antropológicos.
O discurso se impõe como um a
priori histórico configurado por dispositivos de saber/poder, estabelece um
regime de verdade que define, em todos os níveis das praticas cotidianas, o
verdadeiro e o falso, o possível e o impossível. A ontologia diferencial de nós
próprios torna-se neste contexto, parafraseando Paul Vayne, uma exegese histórica
de nossos limites, nos permite ousar pensar diferente, em vez de legitimar
aquilo que já se sabe.
Trata-se aqui de pensar a atualidade
da Filosofia como um trabalho critico do pensamento sobre si mesmo, como uma
critica permanente da precariedade de nosso ser histórico.
Afinal, o que somos nós?
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