sexta-feira, 3 de agosto de 2018

NIETZSCHE E A FILOSOFIA DA VONTADE: UMA RELEITURA

“A filosofia da vontade, segundo Nietzsche, deve substituir a antiga metafísica: ela a destrói e a ultrapassa. Nietzsche acredita ter feito a primeira filosofia da vontade; todas as outras eram metafísica. Tal como a concebe, a filosofia da vontade tem dois princípios que formam a alegria da mensagem: querer = criar, vontade = alegria.”
Guilles Deleuze in Nietzsche e a Filosofia

A crítica contemporânea ao saber e seus territórios disciplinares é uma critica não apenas as relações institucionais de poder que ele engendra. É também uma recusa de suas técnicas do dizer/verdade ou, mais especificamente, da teoria da representação. É através dela que se estabelecem os assujeitamentos, a adequação dos indivíduos a práticas discursivas que materializam uma normatização da vida e configuração artificial da realidade, que nos são impostas meta narrativas que funcionam como um conjunto de forças, como um dispositivo. Atribuir sentido, interpretar signos e símbolos, desta forma,tem se confundido desde o Platonismo, com o esforço social de engendrar modos de vida e valores que nos conformam ao rebanho. O conhecimento é visto como o dizer verdadeiro e, por isso, ungido a condição de norma e arbitro de relações de poder ou de controle pelo seu valor de verdade, pela capacidade de organizar a sociedade, a partir do critério do verdadeiro e do falso.
Uma filosofia da vontade, tal como proposta por Nietzsche, destina-se, ao contrário, a criar vida, a elevar-se ao poder do falso, da arte, da criação de novos valores, que estabelecem o devir ativo como identidade criadora do poder e do querer que apontam para novas formas de vida.




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