“A filosofia da vontade, segundo Nietzsche, deve substituir a antiga
metafísica: ela a destrói e a ultrapassa. Nietzsche acredita ter feito a
primeira filosofia da vontade; todas as outras eram metafísica. Tal como a
concebe, a filosofia da vontade tem dois princípios que formam a alegria da mensagem:
querer = criar, vontade = alegria.”
Guilles Deleuze in Nietzsche e a
Filosofia
A crítica contemporânea ao saber
e seus territórios disciplinares é uma critica não apenas as relações
institucionais de poder que ele engendra. É também uma recusa de suas técnicas do
dizer/verdade ou, mais especificamente, da teoria da representação. É através
dela que se estabelecem os assujeitamentos, a adequação dos indivíduos a práticas
discursivas que materializam uma normatização da vida e configuração artificial
da realidade, que nos são impostas meta narrativas que funcionam como um
conjunto de forças, como um dispositivo. Atribuir sentido, interpretar signos e
símbolos, desta forma,tem se confundido desde o Platonismo, com o esforço
social de engendrar modos de vida e valores que nos conformam ao rebanho. O
conhecimento é visto como o dizer verdadeiro e, por isso, ungido a condição de
norma e arbitro de relações de poder ou de controle pelo seu valor de verdade,
pela capacidade de organizar a sociedade, a partir do critério do verdadeiro e
do falso.
Uma filosofia da vontade, tal
como proposta por Nietzsche, destina-se, ao contrário, a criar vida, a
elevar-se ao poder do falso, da arte, da criação de novos valores, que
estabelecem o devir ativo como identidade criadora do poder e do querer que
apontam para novas formas de vida.
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