Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
LINGUAGEM E SINGULARIDADE
O indivíduo se define como tal
através de sua interação com outros indivíduos, da co-habitação em uma
realidade social onde as trocas humanas acontecem mediante a replicação de
signos e símbolos que personificam experiências concretas.
É através das praticas
discursivas que se estabelece nosso sentimento de realidade e a própria existência
enquanto construção social e cotidiana. Como seres singulares somos quase apêndices
desta experiência coletiva que nos envolve, que nos subordina a relacionamentos.
A inserção de um indivíduo no
ambiente cultural formatado pelas praticas discursivas pode se dá de forma passiva,
quando o indivíduo limita-se a reprodução mimética e normativa no uso dos
signos e símbolos, ou ativa, quando o indivíduo é capaz de ressignificar estes
mesmos signos e símbolos em suas práticas discursivas.
A literatura, e especialmente a
poesia, formatam tais práticas não pragmáticas de forma privilegiada. Mas esta
singularização do dizer é corrente em nosso cotidiano mais elementar. Cada um elabora
espontaneamente um modo próprio de se expressar e selecionar temas e questões
que passam a mediar sua relação com o mundo e com os outros.
Quando o individuo se dedica a
desenvolver ou levar as ultimas consequências seu mais intimo discurso de mundo
ele se torna psicologicamente mais ciente de sua singularidade, menos dado a
reprodução acrítica do dizer de todo mundo. A linguagem se torna para ele uma
força viva.
SILÊNCIO
Abraço o silêncio como a um velho amigo.
Conheço os segredos do não dito.
Tudo aquilo que dorme
dentro do que foi escrito.
O silêncio é o dizer do ausente
Não domesticado pelo segredo.
É o que permanece latente
E anuncia o desconhecido.
Um silêncio sempre fala
Através do dito
Alimentando questionamentos
E desconstruindo significados.
Conheço os segredos do não dito.
Tudo aquilo que dorme
dentro do que foi escrito.
O silêncio é o dizer do ausente
Não domesticado pelo segredo.
É o que permanece latente
E anuncia o desconhecido.
Um silêncio sempre fala
Através do dito
Alimentando questionamentos
E desconstruindo significados.
CONHECIMENTO E DIZER DO MUNDO
É a possibilidade de um dizer que
não mais se reconhece em si mesmo, que não se define através da intencionalidade pragmática, mas que toma a possibilidade de qualquer discurso
como um fluxo, uma busca desinteressada pelo conhecimento através do entrelaçamento de significados e sentidos, que se oferece como alternativa ao deserto cenário das letras contemporâneas.
Nos aventuramos com um pensar que
se volta para o paradoxo e para o não sentido, recusando-se como disciplina e
forma de institucionalização de qualquer poder. Podemos toma-lo como uma reação
a ditadura da informação e do virtual como mimese de um mundo verdade que já não
mais se sustenta como imagem do realmente vivido.
Mas se o dizer e o saber se
libertam de uma estratégia de sentido, não mais inventam um objeto bem definido
e nem mesmo são um discurso sobre o humano, mas sobre as coisas e experiências,
sua legitimação encontra-se em sua vocação para construção de consensos em um mundo
linguagem.
A diversidade de nossas estratégias
discursivas, de nosso dizer da realidade, estabelecem um campo de experiências simbólicas
onde se desenham tensões e contrastes, onde o saber apresenta-se como um jogo. Nosso
desafio, em poucas palavras, é a invenção de narrativas que extrapolem o
conhecimento como norma, como expressão de poder e da ilusão de um mundo
verdade.
O saber é lúdico exercício de
invenção de significados que nos inscrevem em uma ordem simbólica, em um campo
discursivo onde é possível o conhecimento como estética de vida.
quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
PÓS HUMANISMO
Coabitamos uma época
Dentro desta cidade
Imaginando entre nós
um mesmo sentimento de
humanidade.
Mas somos tantos e tão diversos
Que pouco sabemos uns dos outros
Caminhando desfeitos em multidão.
Não somos irmãos
E nem mesmo exploramos
Os contornos do nosso próprio
rosto.
Entre nós impera a solidão
universal
ALÉM DO MUNDO-VERDADE
A grande ironia da contemporaneidade é que a realidade aprendeu a rir de si mesma. A ilusão aprendeu a verdade e nos surpreendemos perdidos em simulacros Agora aparência é profundidade. Ela é tudo que há de concreto diante da falência do mundo-verdade.
Só nos resta a imaginação do lúdico, os paradoxos do jogo do significados e seus paradoxos.
Só nos resta a imaginação do lúdico, os paradoxos do jogo do significados e seus paradoxos.
segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
SIMULTANEIDADE E IMANÊNCIA
Me contento com prazeres pequenos
e banais, com a experiência estética do efêmero. Exploro os mínimos detalhes do
cotidiano, todas as possibilidades das coisas insignificantes. A alegria é sutil em sua inconstância e não
passa de um ponto de vista sem qualquer perspectiva. O eu nunca está no pleno
comando da consciência e se forja nos usos e abusos compulsivos e aleatórios da
experiência.
Procuro realizar a audácia do
banal reconhecendo o outro que se insinua em meus atos como uma sombra, como
desejo ou apetite que inspira cada gesto. Viver torna-se, então, vir a ser
através dos objetos. Eu mesmo me faço objeto do devir, do acontecer de tudo que me envolve
como acontecimento. É como se todas as coisas juntas transcendessem suas
peculiaridades, formando um abstrato campo de experiências sincrônicas.
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
A LIBERDADE DAS PALAVRAS
A impecável
defesa de uma tese qualquer recheada de referencias, comentários eruditos e
citações diversas, estrutura enunciados pré definidos pela prisão de um
discurso impessoal, de uma disciplina. Desde o inicio ela define o que pode ser dito, faz-se limite
entre o verdadeiro e o falso, entre o sustentável e o absurdo de uma narrativa.
Tudo que vai além
disso é literatura. Não a literatura livresca e normatizada dos romances. Mas a
literatura que inventa o estrangeiro, o continente selvagem da linguagem, onde
o dizer não corresponde a qualquer coisa. A incerteza do significado, o
paradoxo, é onde a linguagem ainda pode ser experimentada em liberdade.
O SER DA LINGUAGEM
O dizer nunca
esgota a folha em branco,
Não se conforma
a letra
Que não
ultrapassa a margem da folha
Ou vence de vez
o silêncio das vozes escritas.
O Ser da
linguagem está na brancura
Da pagina
solta,
Frequenta a
utopia de uma gramática aberta.
Procura sempre
o outro do texto
Que morre como
livro.
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