A grande questão hoje não é a
capacidade do ser humano transformar a natureza através da tecnologia, mas da
tecnologia transformar o ser humano extrapolando sua condição de artifício no
híbrido entre o não natural e o humano. Está em questão a hipótese de uma alteração
sem precedentes do imaginário social frente à falência do conceito de realidade
diante das estratégias do virtual e suas novas sensibilidades.
A metafísica da realidade fundada no conceito
de "Ser" e de "Verdade", na ontologia do real, já não mais se sustentam com o
deslocamento da ideia de identidade e reconfigurações da subjetividade. A
fabulação e a imagética podem condicionar mais a vida do pensamento contemporâneo
do que a linguagem verbal e sua racionalidade fundada em raciocínios lineares
encadeados por conceitos fechados.
Mas ainda não possuímos instrumental cognitivo para assimilar todas as
possíveis consequências das hipóteses
aqui vagamente apresentadas. Como, afinal, seria possível representar um mundo
onde toda representação deixou de fazer sentido?