É preciso lutar contra a
arrogância das convicções antes que elas destruam nossas incertezas. O
despotismo da verdade é nosso maior inimigo e, ao mesmo tempo, nossa sede,
nossa fome. Precisamos lutar também, muitas vezes, contra nós mesmos, contra
nossa compulsão a verdade, nossa vocação doentia ao universal e contra a ilusão
de que somos plenos senhores de todas as nossas decisões. O decantado triunfo da razão foi apenas um equivoco
triunfante. Não passamos de animais miseráveis, de voluntários prisioneiros nos
castelos da boa consciência edificado sobre solidas ilusões. Resta apenas nos
refugiar nos subterrâneos das contradições inegáveis para vivermos algumas noites de danação.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
ETERNO RETORNO
Chegará o dia em que não
viveremos o passado como antigamente, como uma experiência linear, mas como
eterno retorno, como um processo cíclico através do qual a experiência humana
do mundo se reedita de modo cada vez mais complexo através das gerações biológicas.
Mas no fim das contas é sempre o mesmo em diversificadas roupagens. As mudanças
acontecem apenas para perpetuar o mesmo.
Assim, supera-se a ilusão de
progresso, de um suposto aprimoramento do gênero humano em interpretações
equivocadas do conceito de evolução. Afinal, em termos biológicos a evolução é
praticamente um sinônimo de adaptação ao meio. Não pressupõe um juízo de valor
qualitativo.
OS LIMITES DA VERDADE
Toda verdade é a realização de um
valor e, portanto, personifica um sentido teleológico. O que determina o pensar
não é a busca de uma verdade pura, mas a necessidade humana de estabelecer
enunciados que tornem o mundo cada vez mais familiar ao próprio pensamento. Mas
para tanto, precisa desmistificar a verdade e admitir que qualquer produto do
pensamento esta fadado a parcialidade. O pensamento é quase um doer, não pode
ser concluído, nunca é conclusivo, mas sempre parcial e inacabado. Muitas das
formulações hoje correntes eram inconcebíveis a poucos séculos. O pensamento
pressupõe a desconstrução da experiência concreta da realidade.
A VIDA DAS PALAVRAS
Ter uma convicção é replicar uma ideia,
Deixar que ela aconteça através de você
Como ato e palavra.
Talvez as ideias nos
pensem
No universo paralelo dos enunciados.
Ideias inventam o mundo sonhando a realidade,
Dizem quem somos .
Ideias movem pessoas
No suprassumo do idealismo oculto.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
NEO CONSERVADORISMO: A MUDANÇA COMO PERMANENCIA
Cada geração possui uma imagem própria
de mundo e um modo próprio de tornar a realidade social previsível e familiar.
Para tanto, nossas representações da realidade precisam de uma referencia
retrospectiva ou histórica que nos permita definir a especificidade do tempo
presente permeando o cotidiano de
significados e roteiros.
Entretanto, a naturalização até
mesmo das novidades, tão decisiva em tempos de tecnologias digitais, é agora
parte de nossa objetivização do mundo, orientada cada vez mais por uma dilatação do
tempo presente e alegorização das
representações do passado.
Assim, a historicidade já não é mais
tão decisiva na construção de nossos referenciais ontológicos. Já não
precisamos de identidades, de papeis sociais rígidos, pois somos cada vez mais híbridos e
multifacetados. Isso apenas significa
que a articulação entre permanência e mudança no imaginário contemporâneo vem redefinindo
nossas sensibilidades cotidianas. Tendemos cada vez mais a imersão radical no
tempo presente, desconsiderando sua
própria historicidade, seja no sentido de uma memoria social, seja no sentido
de uma expectativa coletiva de futuro. O imediatismo é nossa filosofia de vida justamente
porque tudo parece mudar o tempo todo e de modo tão dinâmico, que a própria
mudança se tornou permanência, a mais evidente continuidade.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
VONTADE E LIBERDADE: A TRANSCENDÊNCIA DO OUTRO
Todo ato de liberdade é dialógico.
Somos livres dos outros ou através dos outros. Nunca em relação exclusivamente
a nos mesmos. Por isso não vinculo a
liberdade a um agir “responsável” medido por suas consequências, ou ainda guiado pelos duvidosos preceitos de qualquer
moral.
As regras da liberdade pressupõe o conflito
entre o eu e o outro e não a afirmação abstrata de valores ou princípios
pretensamente universais. A liberdade é a vontade que se afirma com astúcia
contra os imperativos dos fatos dados e das convenções.
A liberdade é um ato de criação e
por isso se opõe a toda forma de conformismo. Não podemos reduzi-la a falácia da melhor escolha ou do
comportamento ético como afirmam os conservadores. Ser livre é pertencer a si
mesmo além do bem e do mal. O gozo é um ato privado e solitário. Por isso é
livre aquele que na afirmação de si transcende o outro como premissa da
afirmação positiva ou negativa de si mesmo.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
A VIDA COTIDIANA E O DEVIR DA VIDA
O cotidiano e suas micro
realidades, é onde a vida acontece no jogo entre continuidades e mutações
constantes. Tudo é perene e provisório no se fazer diário de nossos consensos de
mundo como representação e rotina.
O domínio do efêmero e do banal é
onde a existência ganha ás cores vivas de realidade através do imediatismo da experiência
subjetiva. É onde efetivamente existimos, onde as abstrações racionais fazem
pouco sentido.
O que torna a existência significativa
é justamente a concretude do imediato mais corriqueiro, o existir gratuito como fluxo de
momentos aleatoriamente encadeados. Atualmente, o refluxo do pensamento coletivo e das esperanças no
progresso da humanidade, levam a um interesse cada vez maior pelo simples senso
comum, pelo desenvolvimento de uma consciência do imediato e pelo calculo pragmático
de curto prazo como as melhores estratégias para a plena vivencia pessoal da realidade.
A historicidade, enquanto sentido
teleológico dos acontecimentos, já não é nítida e muito menos confiável. Não caminhamos para um mundo melhor. Os anos
apenas passam... A vida é o aqui e agora onde vários estilos cognitivos definem
a invenção cotidiana da realidade em
suas diversas instancias. Na privacidade da vida domestica não adotamos as
mesmas estratégias que norteiam o convívio social, tanto quanto também é diferente
daquele que adotamos quando confrontados com nós mesmos e nossa solidão. É como
se fossemos varias personas superpostas
que formam , assim, o mosaico que é nossa personalidade, somadas sua
dimensão consciente e inconsciente.
terça-feira, 29 de novembro de 2016
LIBERDADE
A liberdade é mais do que uma palavra.
É um claro caminho contra o tipo
de vida
Que nos é socialmente imposta,
Contra as verdades dogmáticas,
fé, certezas absolutas
E convicções vazias.
Ser livre é ser nômade,
Finito, quase impossível
E urgente.
A liberdade não é social;
È essencialmente pessoal
E intrasferível.
Não pode ser ensinada.
Apenas conquistada por mentes
inquietas
Que não se contentam
Com qualquer resposta.
A liberdade é um grito,
Um desespero e um desafio,
Quase um canto de morte
Ou um encontro com a insanidade.
A liberdade é o riso
Dos que aprendem a voar sem asas.
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
SOBRE A TOLERÂNCIA
Tolerância é, em um contexto dialógico, escutar, responder e escutar de novo sem apresentar conclusões. Afinal, nenhum parecer sobre a realidade é definitivo, assim como qualquer ponto de vista. A convicção de hoje pode ser o equivoco de amanhã. Por isso, infeliz daquele que só se sente a vontade entre os que pensam igual. Pois mesmo entre os seus pares não evitará divergências.
PÓS HISTÓRIA
Um grito ambivalente e plural
Nos trará novidades
Contra o passado que ainda nos
aguarda
Na porta da frente.
É essencial desaprender o ontem
Para antecipar o futuro,
Ter varias opiniões e certeza
alguma.
Atualmente, toda conclusão é precipitada,
Diante de acontecimentos cada vez
mais aleatórios.
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