Ao longo de toda minha biografia,
talvez tenha tido a oportunidade de conhecer e conviver com uma centena de
pessoas ao longo dos vários períodos da minha existência. Certamente cada uma
delas guarda uma imagem diferente de mim condicionada ao compartilhamento de um
momento especifico da minha trajetória pessoal. O somatório destas impressões
pessoais provavelmente não levaria a qualquer imagem muito precisa do ser
humano que fui ao longo dos anos. Mas o que me causa mais estranhamento é o
quanto hoje em dia me desconheço nas muitas versões de mim acumuladas nos anos.
Sou um estranho entre meus eus espalhados pelo tempo. Esta indeterminação me
define.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
POR UM NOVO ESPIRITO CIENTÍFICO
O caráter normativo e judicativo
das ciências sociais, que hoje se mostra estéril e desgastado na construção de
suas narrativas, precisa ser superado ou, pelo menos, confrontado por uma
ontologia existencial ou fenomenologia que devolva a existência ao acontecer das coisas. Falo de uma superação
do raciocínio sistêmico e baseado em conceitos fechados. Proponho narrativas abertas
que transcendam a superfície das formas de organização social e mergulhe nas
entranhas da experiência do real, não pressupondo um observador isento, mas em
comunhão simbólica. A construção do sentido e do significado pressupõe tal
envolvimento.
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
INDIVÍDUO E COMPORTAMENTO NA CONTEMPORÂNEIDADE
Ao individuo contemporâneo,
reduzido a si mesmo, cabe promover a recusa do seu acontecer social formatado
pela integração de personas, das mascaras impostas pelos padrões de
sociabilidade e identidade cristalizados pela tradição.
Atualmente, cada um pode reaprender-se
através de todas as lacunas de sua existência concreta, pelos devaneios do “poderia-ser”.
Não se trata da reivindicação de qualquer egoísmo utópico ou idealista, mas da
simples constatação de que todas as verdades coletivas deixaram de fazer pleno
sentido.
Já não existem respostas as nossas angustias e
ansiedades privadas que não passe por uma reinvenção das sociabilidades. As
formas tradicionais de estar entre os outros perderam a hegemonia e já não existe um roteiro social pré definido
por um ethos universal.
O comportamento do individual nunca foi tão
livre para reconfigurar-se sem o peso de um dever ser. Os insondáveis meandros
da liberdade de cada um definir
autonomamente suas estratégias de significação do mundo. A individuação está na
ordem do dia do acontecer social.
LEITURA E INTERPRETAÇÃO
O ato da
leitura, tal como o da escrita, é uma atividade criativa. A interpretação de um
texto literário, sua re codificação como experiência do leitor, é uma reinvenção
ou recomposição daquilo que é lido e não a simples e passiva atividade assimilativa
de uma narrativa.
Um texto literário deve nos dizer algo tanto
quanto nos permitir uma leitura de nós mesmos de uma perspectiva não ordinária.
Ou seja, ele não é “informativo”, mas “simbólico”, no sentido em que nos revela
alguma coisa que transcende o que é simplesmente dito.
Eis o que nos
proporciona a interpretação: a possibilidade de redimensionar uma narrativa a
ponto de incorpora-la a nossa própria
experiência vivida através de uma
projeção psicológica.
Quando uma obra nos
provoca uma releitura de nossa própria experiência do real, quando nos
identificamos com seu conteúdo simbólico e imagético a ponto de dramatiza-lo no
plano de nossos dilemas e emoções intimas, ampliamos nosso campo de
significações e codificações do real.
Assim sendo, a
leitura tem, em certa medida, um efeito passional ou afetivo, e nos leva a
experiência de imagens e ideias das quais já “participamos”. Diria que
geralmente nos interessamos por autores que nos dizem algo que responde as
nossas inquietudes.
Ler
é uma forma de evasão...
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
ESTRANHAMENTO
Ontem foi um dia banal.
Apenas lidei com o previsível dos fatos mornos,
Com o fardo do sempre igual.
O tempo passou miúdo e abstrato
Entre os meus vazios.
E eu quase me surpreendi outro
No estranhamento do meu próprio rosto.
No fundo é muito esquisito
Tudo aquilo que tomo
Como familiar.
terça-feira, 20 de setembro de 2016
COISAS DITAS
De que modo o dito pode ser desdito?
As palavras ditas se cristalizam,
Mesmo quando esquecidas.
Possuem surpreendente autonomia
Sobre as intenções de seus autores.
Por isso cuidado,
Seja responsável ao dizer qualquer coisa,
Pois as palavras se
fecham em si mesmas
Depois de pronunciadas.
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
ALÉM DA DICOTOMIA SUJEITO E OBJETO
A objetivação da realidade
através do conhecimento cientifico apenas nos faz prisioneiros de conceitos abstratos e
pragmáticos. Ela formatou a realidade de tal maneira que nos fez subestimar a dimensão irracional de nossas representações
do mundo. Somos movidos pela
vontade e ela, em ultima instância, molda
o modo como percebemos objetivamente a realidade. Pensar é também um modo de
perceber e ter consciência das coisas, é
o que define a vontade como um continuo impulso para além de si mesmo. Pensar e
querer equivalem na apreensão do mundo. Pois tudo que concebemos como realidade
objetiva é representação, parte de nosso
próprio acontecer no mundo enquanto ente. Assim, a realidade é uma configuração
subjetiva e pouco faz sentido a clássica dicotomia entre sujeito e objeto, pois
ambos coincidem enquanto gramatica de mundo e no ato cognitivo na medida em que
o sujeito define o objeto e ambos existem como ato linguístico.
terça-feira, 13 de setembro de 2016
SOBRE O PENSAR FILOSÓFICO
É um equivoco buscar no pensar filosófico
algum tipo de normatização para a vida
prática. Tudo que ele nos oferece é um estranhamento do cotidiano e do senso
comum. Tomando como referencia Hannah Arendt em
A VIDA DO ESPIRITO: O PENSAR, O JULGAR, O QUERER, ouso afirmar que a
existência humana não pode ser explicada ou entendida a partir do encadeamento
causal ou dialético dos fenômenos que lhe definem. Sua essência é a liberdade,
a constante possibilidade do novo, do inédito, como ato desinteressado, como
devir do discernimento.
terça-feira, 6 de setembro de 2016
PÓS CONCEITO
A realidade é um desacordo entre a verdade e os fatos.
Estou tão certo disso que me engano afirmando positivamente
Qualquer enunciado vazio sobre o assunto.
Já estou farto de dizer o mundo,
De saber qualquer coisa além
Do simples e imediato acontecer da minha existência.
Tenho urgências que não cabem em qualquer conceito,
Em nenhuma premissa,
Geralmente penso contra mim mesmo.
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
O CORPO COMO REFLEXÃO
Enquanto buscava a tranquilidade
desapaixonada dos essenciais silêncios fui, aos poucos, escorrendo de mim,
escapando as ansiedades e vontades, as certezas e convicções, para me saber
apenas no sentimento do corpo. Respirar, olhar, tocar, era o mesmo que pensar.
Não havia distinção entre o fisiológico e o filosófico na consciência precária dos
fenômenos externos. Tudo era para mim auto consciência e a contingencia era
tudo que fazia sentido. A vontade é o ponto onde o dentro e o
fora coincidem como vida em movimento.
Assinar:
Postagens (Atom)