O ato da
leitura, tal como o da escrita, é uma atividade criativa. A interpretação de um
texto literário, sua re codificação como experiência do leitor, é uma reinvenção
ou recomposição daquilo que é lido e não a simples e passiva atividade assimilativa
de uma narrativa.
Um texto literário deve nos dizer algo tanto
quanto nos permitir uma leitura de nós mesmos de uma perspectiva não ordinária.
Ou seja, ele não é “informativo”, mas “simbólico”, no sentido em que nos revela
alguma coisa que transcende o que é simplesmente dito.
Eis o que nos
proporciona a interpretação: a possibilidade de redimensionar uma narrativa a
ponto de incorpora-la a nossa própria
experiência vivida através de uma
projeção psicológica.
Quando uma obra nos
provoca uma releitura de nossa própria experiência do real, quando nos
identificamos com seu conteúdo simbólico e imagético a ponto de dramatiza-lo no
plano de nossos dilemas e emoções intimas, ampliamos nosso campo de
significações e codificações do real.
Assim sendo, a
leitura tem, em certa medida, um efeito passional ou afetivo, e nos leva a
experiência de imagens e ideias das quais já “participamos”. Diria que
geralmente nos interessamos por autores que nos dizem algo que responde as
nossas inquietudes.
Ler
é uma forma de evasão...
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