A objetivação de nossa
subjetividade norteia a relação da sociedade com o individuo na contemporaneidade.
A racionalização do comportamento singular através dos imperativos de conduta
coletivamente estabelecidos, ainda desempenha algum papel sobre o destino de
cada um de nós. Somos induzidos a consumir determinados símbolos, objetos e ,
até mesmo, necessidades artificialmente estabelecidas. Inscritos no imaginário social
como objetos de ideias comuns somos induzidos a mesmice, a ausência de reflexão
e criatividade.
Mas se a sociedade é um poder
soberano, isso não impede que cada indivíduo, em alguma medida, se reinvente
como desvio do mimetismo mecânico do dia a dia. Mas, é importante observar que a afirmação da própria individualidade é também
afirmação de um desinteresse pela individualidade do outro. Peculiaridade que
estabelece o exercício da individualidade, muito frequentemente, como uma
experiência de marginalidade ou, simplesmente, isolamento. A afirmação do
individuo, afinal, tem por essência sua diferenciação dos demais
indivíduos. Logo, é uma constante luta
contra a igualdade.
A mais eficiente estratégia de
construção da subjetividade é justamente a experiência estética ou artística. Através dela transbordamos o
mundo e nossa própria persona através da experiência simbólica do real. Subjetividade e evasão andam juntas
no esforço individual de invenção de si mesmo. Assim, a grande questão não é de
forma alguma o conhecimento de si mesmo, mas o exercício constante de desconstrução
de nossas ilusões coletivas.