terça-feira, 15 de março de 2016

AS AGONIAS DO TEXTO

Texto é sinônimo de tessitura, é um a trama  que envolve contextos, uma ocorrência linguística  e semântica   que se fecha sobre si mesma.

O adversário do texto são as interpretações , as reconstruções de seu significado. Não é raro que as interpretações substituam o próprio texto e passam a falar por ele.

O texto tenta salvar-se através de notas de roda-pé...

sexta-feira, 11 de março de 2016

VIDA

Viver é brincar de realidade enquanto o tempo passa e a gente aprende o relativo da vida em sociedade. No fundo, o existir coletivo é um desencontro de todo mundo, um caos do eu e dos outros domesticado pelo senso comum. Cada um de nós é menos do que isso...




DEFINIÇÃO DE SOCIEDADE

Sociedade é o modo como os indivíduos se associam em nome da sobrevivência da espécie inspirados por um conjunto de representação de mundo e fantasias coletivas. A capacidade de comunicação entre os seres humanos é a premissa do existir social, aquilo que nos torna o que somos no intercâmbio de consciências individuadas pelas representações culturais. Cada um de nós é objeto de símbolos e imagens impessoais que configuram nossa singularidade e experiência diferenciada de mundo.

quinta-feira, 10 de março de 2016

TÉDIO E REPETIÇÃO

Concentre-se no possível,
no pouco do agora
contra as vontades urgentes.
Esqueça todas as soluções,
os inquéritos, dilemas e impasses
sobre a realidade das coisas.
Tudo é ilegível e perecível.
Não vale qualquer reflexão.
No fundo existir  é feito de tédio

e repetição.

quarta-feira, 9 de março de 2016

OBJETIVIDADE

Sou em meus delírios
um provisório objeto dos outros,
apenas um assessório qualquer
que nem decora a paisagem.
Quase não sou notado.
As pessoas seguem suas vidas
indiferentes ao cenário.
Eu, ao contrário,
permaneço estático
enterrado no inanimado
a espera de qualquer coisa
que jamais será
algum dia

um acontecimento.

terça-feira, 8 de março de 2016

O ILEGÍVEL E A REALIDADE

Me surpreendo mais lucido na exata medida em que a realidade me parece cada vez menos legível.  A precariedade das estratégias ainda vigentes de  codificações de mundo revela-se assim uma virtude para a possibilidade do conhecimento. Perdidos entre os objetos aprendemos  a flertar com o absurdo e tecer considerações extremas. Tudo existe como  símbolo e o signo... o resto é simples estranhamento da existência.   


segunda-feira, 7 de março de 2016

ESTRATÉGIAS DE SUBJETIVIDADE

Enquanto a vida passa
de um dia ao outro
vou me relendo ao longo do tempo.
Não me reconheço hoje
naquilo que acreditava ontem.
Não quero mais ser  na ilusão
de qualquer outro.
Prefiro viver livre
dos pressupostos,
dos cálculos e objetivos
de um futuro que nunca será.
a vida está apenas passando
e o tempo já não me diz
coisa alguma.
Preciso respirar em espaços abertos,
provar o  vento
e reinventar distâncias.


AS ESTRATÉGIAS DA INDIVIDUALIDADE

Existe um paradoxal dialogo entre o improvável e o inevitável que obscurece o alcance de nossas opções subjetivas.  Nossas escolhas estão condicionadas a representações coletivas e jogos intersubjetivos. Não somos livres das convenções e circunstancias interpessoais. No exercício de nossa autoconsciência e posicionamentos mais irracionais e circunscritos em nossas configurações privadas de mundo e realidade, apenas em nossa desfuncionalidade podemos nos considerar relativamente autônomos diante da existência coletiva.

O exercício da individualidade, suas  estratégias de construção, a operacionalidade privada inspirada em alguma não muito clara noção de interioridade, não é um problema muito simples. Mas precisa ser enfrentado.

Na sociedade ocidental /contemporânea cada individuo  tende a apostar no improvável contra o inevitável do curso de uma trama de acontecimentos. Somos  inspirados pelo desejável de um arranjo feliz das coisas vividas. Mas isso nos conduz normalmente a decepção e a frustração.


sexta-feira, 4 de março de 2016

ELOGIO A JEAN BAUDRILLARD

Enxergamos o mundo através dos objetos, da sua sedução e capacidade de formatar a realidade.  Movidos pela necessidade que se produz e se reproduz continuamente através dos nossos corpos, vivemos no fluxo das coisas, no intimo acontecer dos signos e símbolos que estruturam abstratamente a própria vida.

Em grande medida, viver é apenas um ato de imaginação.  Inventamos o mundo através das coisas que criamos e, cada vez mais, as coisas se justapõem ao humano na orgia dos objetos.


quinta-feira, 3 de março de 2016

TRANSVALORAÇÃO

Falta a palavra agora
a possibilidade da novidade,
a capacidade de redizer o mundo
através de uma única frase
antes que o cotidiano
definitivamente nos mate.
Talvez seja tarde
para dizer o que transcende
a verdade.